Resumo O presente artigo busca problematizar a formação e atuação de professoras de Matemática no Ensino Superior Norte-Mineiro, considerando a Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes) e o Instituto Federal do Norte de Minas Gerais (IFNMG) como loci de investigação. Foram entrevistadas cinco professoras que lecionam disciplinas de Matemática nos cursos de Licenciatura em Matemática dessas instituições. Entre elas, duas encontram-se lotadas na Unimontes e três no IFNMG. Para nosso estudo, mobilizamos a metodologia da História Oral, utilizando um roteiro de entrevistas que nos possibilitou ouvir, conhecer e aprofundar nas histórias de vida das professoras, revelando-nos seus saberes e fazeres, além de como esses foram e são perpassados pelas relações de gênero. Destacamos que, de modo recorrente, ouvimos nas narrativas das professoras que os discursos naturalistas e cartesianos, a divisão social e sexual do trabalho e o habitus masculino da Matemática foram e continuam sendo os desafios que elas encontram para manterem-se e progredirem na carreira, uma vez que foram estabelecidos, assimetricamente, segundo o molde da cultura machista, patriarcal e androcêntrica que perpassa a esfera do conhecimento.
Neste estudo, propomo-nos a pesquisar a construção sociocultural da Matemática como um campo eminentemente masculino. Para isso, lançamos mão de uma revisão sistemática descritiva de literatura, analisando teses e dissertações tanto no banco de dados da Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD) quanto no catálogo da Capes, no período de 2000 a 2019. Com os descritores “Gênero”, “Mulheres” e “Matemática”, encontramos cinquenta e um trabalhos que, após aplicados os critérios de inclusão e exclusão e lidos os títulos e resumos, chegamos ao número de quatro investigações, as quais passaram a compor nosso corpus de estudo. Nos estudos analisados, pudemos identificar experiências que marcam a invisibilidade das mulheres docentes de Matemática, justificadas, metaforicamente, pelo Teto de Vidro e Labirinto de Cristal; bem como pelas violências simbólicas que foram, culturalmente, desenvolvidas devido ao habitus masculino em que esta ciência foi construída. Os trabalhos analisados mostram que esse habitus não só dificulta a inserção das mulheres na docência em Matemática no Ensino Superior, como também impõe obstáculos para sua permanência, visto que sua proficiência em Matemática não é reconhecida, sua identidade feminina é secundarizada e sua área de atuação, quando se pensam as posições ocupadas por homens, é desprestigiada.
O presente artigo apresenta um estudo documental que tem por objetivo analisar o perfil das licenciandas em Matemática, levando em consideração os dados do Enade de Matemática, no período de 2005 a 2017. A partir da análise do conteúdo foi criado um composto por cinco elementos textuais, que foram tratados com as duas classificações (categorias). Sendo assim, buscou-se em suas cinco edições - 2005, 2008, 2011, 2014 e 2017 - evidenciar, sob a lente teórica dos estudos de Gênero e Educação Matemática, qual o perfil de mulher que estava se considerando no curso, tendo em conta a quantidade, idade, cor / raça / etnia, escolaridade dos pais (mãe e pai) e tipo de curso concluído no Ensino Médio. Os resultados indicados que os Relatórios do Enade adotam os conceitos de gênero esexo como sinônimos. Além disso, os dados ainda revelam que há uma predominância de mulheres brancas nos cursos, com idades médias de 18 a 24 anos, com poucos recursos financeiros e, por fim, com pais escolarizados até os Anos Iniciais do Ensino Fundamental.
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