Resumo A proposta deste artigo é pensar o lugar da testemunha como um lugar terceiro que o analista, na clínica do traumático, é capaz de sustentar. Nos sonhos traumáticos, segundo Ferenczi, já existe a convocação de um terceiro. Não se trata da testemunha da esfera do Direito, tampouco do lugar do pai ou da Lei simbólica. Trata-se de um terceiro espaço que pode ser chamado de potencial, espaço intersticial, indeterminado e informe no qual circula - e aos poucos ganha forma -, algo que a princípio seria incomunicável. Esse espaço permite e suporta a literalidade da narrativa testemunhal, seus titubeios, paradoxos e silêncios. Mais do que uma teoria do trauma, a noção de espaço potencial seria a grande contribuição da psicanálise às pesquisas teóricas e clínicas com sobreviventes de campos de extermínio, de situações de tortura e de violência.
Este artigo tem como propósito trazer uma contribuição à questão da repetição na teoria freudiana. Partindo dos textos pré-psicanalíticos propomos resgatar o conceito de vivência de dor, que nos coloca frente ao problema da repetição do desprazer. A dor aparece como uma falha dos dispositivos de proteção do aparato neuronal, apontando um processo que, mesmo envolvendo o desprazer, continua se repetindo, e nos dá indícios do que será designado, vinte anos depois, como compulsão à repetição.
RESUMO: Este artigo tem como propósito trazer uma contribuição à teoria e clínica do trauma. Para isso, iremos apresentar uma interlocução entre a literatura de testemunho e a psicanálise. Nosso objetivo será mostrar como o reconhecimento e o compartilhar do outro, destacados na literatura de testemunho, podem estar ligados à relação primária e constitutiva de nosso eu e do aparato psíquico, que ocorre na relação estabelecida com os cuidadores. A partir disso, poderemos pensar uma questão clínica importante no que diz respeito ao tratamento da neurose traumática.Palavras-chave: trauma; reconhecimento; desmentido; testemunho; psicanálise.Abstract: To witness -a way to share the trauma. This article aims to make a contribution to the theory and clinic of trauma. For this, we will present a dialogue between the literature of testimony and psychoanalysis. Our goal will be to show how the recognition and share the other, highlighted in the literature of testimony, may be linked to primary and constitutive relation of self and of the psychic apparatus, which occurs in the relationship established with caregivers. From this, we can think of an important clinical issue with regard to the treatment of traumatic neurosis.
Neste artigo pretendemos examinar, à luz de uma discussão sobre trauma e memória na psicanálise, o aspecto paradoxal da literatura de testemunho: aquele que trata, a despeito de toda impossibilidade, da necessidade de escrever. Para tanto, realizamos uma releitura da Vivência de Dor, elaborada por Freud em 1895, onde buscamos mostrar que o ego pode utilizar a repetição da dor em seu favor. Utilizamos, também, o conceito de iterabilidade, proposto por Derrida, que confere à escrita a capacidade de produzir repetições que instauram uma diferença, sempre levando em conta a alteridade. A partir disso, é possível compreender a escrita testemunhal como um artifício usado pelo ego para se assenhorear da energia não dominada proveniente do evento traumático.PALAVRAS-CHAVE: Escrita. Memória. Trauma. Psicanálise. ABSTRACTThis paper intends to discuss through an approach of trauma and memory in psychoanalysis, the paradoxical aspect of the literature of testemony: even when it is impossible, there is a need to write. Therefore, we performed a reinterpretation of the experience of pain elaborated by Freud in 1895, where we intend to show that the Ego can use the recurrence of pain in its favor. We also use the concept of iterability, proposed by Derrida, which gives the ability to produce repetitions espousing a difference to the writing, always taking into account the otherness. From this it is possible to understand the written testimony as a device used by the Ego to take possession of non-dominated energy from the traumatic event.KEYWORDS: Writing. Memory. Trauma. Psychoanalysis.
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