Neste artigo temos por objetivo analisar o que vem sendo denominado de determinantes sociais da saúde (DSS). Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, na qual recorremos aos estudos de alguns autores que tratam o assunto, em uma tentativa de releitura a partir dos fundamentos marxistas. Em uma contraposição à teoria dos DSS, resgatamos as bases da "questão social" para demonstrarmos qual é a determinação essencial da problemática da saúde. Vimos que as abordagens teóricas sobre os DSS tratam os problemas sociais como se fossem fragmentos da realidade que ganham autonomia. Porém, na verdade, eles constituem uma questão una -a "questão social" -com sua base material (e também humano-social) imbricada no processo de trabalho tal qual ele é desenvolvido no capitalismo. Portanto, é no processo de acumulação capitalista que encontramos a determinação essencial para a problemática da saúde e, desse modo, a sua solução requer a dissolução da ordem societária burguesa.
Resumo A precarização do trabalho consiste em fenômeno com dinâmica notadamente acentuada desde a década de 1970, em resposta à crise estrutural do capital. Com a emergência da pandemia de Covid-19, as suas dimensões ganharam visibilidade, agravando, em especial, a questão da saúde dos trabalhadores. Diante disso, a pesquisa que originou este artigo teve o objetivo de analisar aspectos da relação entre precarização e pandemia, tomando a realidade brasileira como particularidade analítica. Trata-se de pesquisa teórica, realizada com base em documentos oficiais e notícias veiculadas na internet, submetidos a uma análise materialista histórica. Constatou-se que todas as dimensões da precarização do trabalho estabelecem determinação recíproca com a pandemia. O simulacro do combate ao desemprego pela via da precarização, o home office e a uberização são componentes que se destacam na conjuntura pandêmica, inclusive provocando reações dos trabalhadores contra esse processo, vide manifestações durante a pandemia. Por conta disso, esses aspectos devem ser objeto de especial atenção por parte da ciência e, sobretudo, das lutas da classe trabalhadora, ainda com maior ênfase após a pandemia.
Este artigo visa desenvolver uma análise teórica sobre o cuidado a partir de uma abordagem ontológica. Fazemos uso de categorias teóricas lukacsianas, inspiradas na teoria de Karl Marx, para delimitar o cuidado enquanto uma particularidade da práxis social, fundada pelo trabalho. Como qualquer práxis, o cuidado se move historicamente, assumindo diversas roupagens. No capitalismo, assume uma forma particular, consoante as determinações do processo de valorização, quando ocorre a sua reificação, possibilitando a "realização" da mais-valia objetivada no "trabalho morto" incorporado pela produção do cuidado, bem como a transformação dos cuidadores em possíveis fontes de extração de mais-valia e do próprio cuidado em valor. Consubstancia-se uma contradição tipicamente capitalista, porquanto o cuidado, em sua essência, corresponde à práxis particular capaz de atender necessidades de saúde, mas que passa a ser, no capitalismo, subsumido às necessidades do mercado. This paper aims to develop a theoretical analysis of care using an ontological approach. We use Lukacsian theoretical categories, inspired by Karl Marx's theory, to delimit care as a particularity of social praxis, based on work. Like any praxis, care change shapes through history under different appearances. Within capitalism, it takes a particular form, in accordance with the determinations of the process of creation of value that is concomitant with its reification, enabling the "realization" of a certain surplus value objectfied in the "dead labor", embodied by the production of care. It also allows the transformation of caregivers in possible sources of surplus value and transforming care in value. A typically capitalist contradiction is thus consolidated, since care, in its essence, corresponds to the particular practice able to meets healthcare needs, although in capitalism, it is subsumed within market needs.
Resumo Neste ensaio, desenvolvemos uma discussão a respeito da saúde como processo objetivo, constituído da (e na) universalidade do ser social. Dialogamos com autores da medicina social latino-americana e da saúde coletiva, porquanto foram pioneiros nesse debate, utilizando o referencial teórico marxista. Procuramos contribuir ao trazer a 'ontologia' de Lukács como referencial teórico, ainda pouco utilizado no campo da saúde. Constatamos que a abordagem ontológica contribui para uma apreensão mais precisa da saúde como processo social e práxis (numa perspectiva contra-hegemônica), abrindo o caminho para se compreenderem os atuais desafios do campo, bem como se vislumbrarem seus limites e possibilidades. Palavras-chave ontologia; práxis; saúde; ser social; trabalho. Abstract In this essay, we discuss health as an objective process, constituted of (and in) the universality of the social being. We dialoged with authors of Latin American social medicine and public health, because they pioneered this debate based on the Marxist theoretical framework. We seek to contribute to bringing the 'ontology' of Lukács as a theoretical framework, which is still little used in the health field. We note that the ontological approach contributes to a more accurate understanding of health as a social process and praxis (in a counter-hegemonic perspective), paving the way for understanding the current challenges of the field, as well as to have a glimpse its limits and possibilities. A SAÚDE
Resumo: O objetivo deste artigo é refletir sobre a ideia-chave trazida pelo debate acerca da determinação social da saúde, demonstrando seu caráter ontológico. Esclarecemos em que consiste uma abordagem ontológica. Em seguida, recuperamos proposições originais que apresentam a ideia de determinação social da saúde vinculada à dinâmica genérica do modo de produção. Por fim, fazemos uma crítica à teoria dos DSS, apontando seu caráter fragmentante, representando um retorno à abordagem gnosiológica.
The aim of this study was to examine the workload of nurses and its dynamics during the first months (January to April 2020) of the coronavirus disease 2019 (COVID-19) pandemic. An integrative review of the National Library of Medicine (PubMed) and Virtual Health Library was conducted using the keywords coronavirus and nursing . Results were analyzed based on the theories of Laurell & Noriega. The 9 articles reviewed emphasized the role of the biological workload associated with COVID-19, in addition to that of sources of psychological workload such as the fear of contamination, the burden of responsibility and concerns about parents. The successful management of the pandemic depends on our ability to mitigate the effects of this workload, especially in light of the quantitative and qualitative importance of nursing in health care institutions.
Resumo Este ensaio busca contribuir para a (re)formulação de uma linha teórica de análise da humanização do cuidado em saúde, a partir de uma abordagem marxiana. Para tanto, dialogamos com parte da produção científica brasileira, quando constatamos a predominância de uma tendência que centra a estratégia de humanização sobre uma perspectiva subjetiva-relacional, especialmente explícita na Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão no Sistema Único de Saúde. Embora reconheçamos a importância dessa estratégia, apontamos seus limites, ao problematizar o que seja humanização em Marx e, por consequência, demonstrando a estrutura originária do processo de desumanização. Feito isso, esclarecemos que, considerando quais sejam as bases da desumanização, seu enfrentamento deve ir além da esfera subjetiva-relacional, no sentido de atingir a dimensão coletiva da luta de classes, contra o capital. Trata-se de articular a luta particular contra os efeitos desumanizadores do capital na saúde com a luta mais geral, contra o capital nas suas linhas mais fundamentais.
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