Este artigo relata um recorte de uma pesquisa-intervenção mais ampla realizada em um pequeno povoado situado na região leste de Minas Gerais, Brasil. O objetivo é apresentar a estratégia metodológica que, ao se beneficiar do uso da fotografia, traz à tona o tema da memória como dispositivo estratégico para a construção de uma educação estética do olhar, calcada no diálogo entre as gerações.
O objetivo deste artigo é relatar uma pesquisa sobre as histórias de vida e as memórias dos habitantes de um pequeno povoado, situado na região leste de Minas Gerais, Brasil. Utilizando a "história oral" como estratégia metodológica e tendo como referência teórica o pensamento de Hannah Arendt, Walter Benjamin e Mikhail Bakhtin, os conceitos história, memória e narrativa são aqui analisados a partir das práticas discursivas entre a pesquisadora e os habitantes do Córrego dos Januários. Os resultados deste trabalho contribuem para a compreensão da ação e do discurso dos homens como condição do exercício da ética e da política na vida prática e, consequentemente, colocam em destaque a importância da experiência singular e a presença única de cada pessoa no mundo. A revelação da pergunta "quem és?", apresentada por Hanna Arendt em sua obra A condição humana, é aqui analisada a partir dos relatos das histórias de vida dos sujeitos envolvidos.
Esta pesquisa intervenção relata o percurso da re-construção coletiva da memória do Córrego dos Januários, pequeno povoado situado na região leste de Minas Gerais, no município de Inhapim. Tal processo envolveu diferentes autores e atores que se articularam com os habitantes desta localidade com o objetivo de conceber um espaço onde as coisas, as imagens, as palavras, os pensamentos pudessem encontrar uma morada, um espaço onde as materialidades criadas pelos homens conquistassem um lugar no futuro. Assim, a Casa de Memória e Cultura do Córrego dos Januários foi idealizada, concebida e finalmente inaugurada em agosto de 2008. Vale destacar que este é um texto polifônico, no qual sem dúvida coexistem múltiplas vozes, que dão contorno e profundidade às concepções de história, narrativa, memória, estética da delicadeza e testemunho.Dentre os principais autores destacamos Walter Benjamin, Maurice Halbwachs, Mikhail Bakhtin, Hannah Arendt, Michel de Certeau, Michael Pollak, Ecléa Bosi, Paul Thompson, Jeanne Marie Gagnebin, Marcio Selligman-Silva, Mario de Souza Chagas, entre outros, além das muitas vozes do Córrego dos Januários que participaram intensamente na construção deste mosaico de memórias. Durante este percurso de memória, nos deparamos com a origem etimológica do nome Januário: o deus romano Janus. A imagem alegórica de Janus Bifronte nos conduziu por um rio de memória mais profundo e com ele reafirmamos nossa tese de que esta Casa de Memória e Cultura se dá no entrecruzamento dos tempos e que nosso maior esforço teórico metodológico foi torná-la, junto com os "Januários", um espaço onde o apelo à felicidade do presente se faça ouvir.
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