Este Artigo pretende acompanhar a análise bergsoniana da multiplicidade numérica e do tempo homogêneo, conceituação do tempo operada principalmente pela ciência; o objetivo desta análise é esclarecer o papel do espaço na formação do número e na apreensão conceitual da duração, explicitando o procedimento geral da inteligência humana
Este artigo tem por objetivo mostrar como a narrativa de si coloca problemas para a compreensão de si, dada a insuficiência da linguagem para expressar a vida singular como duração. Analisamos nesse âmbito a ligação entre análise psicológica e ontologia na filosofia de Bergson, para sublinhar a potência da memória tal como a intuição da duração a sugere. Defendemos também que a literatura como expressão da interpenetração entre exterioridade e interioridade pode superar parte das dificuldades da linguagem na metafísica. A ligação profícua entre literatura e subjetividade constitui um caso privilegiado de imersão em si e compreensão do mundo por meio da profundidade da experiência consciente. A aproximação entre a ontologia bergsoniana e a literatura de Graciliano Ramos, em especial a obra Infância, é o fio condutor para alcançar tais objetivos.
Resumo: Nosso objetivo no texto que se segue consiste em expor três momentos constitutivos da teoria bergsoniana da inteligência. Em primeiro lugar, a sua função no mundo organizado, derivada da esquematização da vida animal; em segundo lugar, a limitação do elã vital que condiciona sua separação face às virtualidades intuitivas da vida; em terceiro, a sua gênese cosmológica como inversão do ato que define a espiritualidade. A inteligência pode então ser compreendida à luz da duração, como originada de um princípio identificado ao movimento de totalização dinâmica e aberta. O estudo da vida, contexto mais geral no qual está inserida a teoria, parte assim das conquistas anteriores sobre o tempo, seu prelúdio nada mais é do que a retomada da duração, e do atributo que a obra A Evolução Criadora traz à luz e explora em suas consequências maiores -a criação. Palavras-chave: inteligência; vida; intuição; duração; criação; gênese. From biological function to metaphysical genesis. Bergson and the ambiguity of intelligence.Abstract: We intend here to expose three constitutive moments of the bergsonian theory of intelligence. First, its function in the organized world, derived from the schematization of animal life; second, the limitation of the elan vital, responsible for its separation from the intuitive virtualities of life; third, its cosmological genesis as an inversion of the act that defines spirituality. Intelligence can then be understood according to the concept of duration, as originating from a principle identified to the movement of a dynamic and open totalization. The study of life, the more general context in which the theory is inserted, thus departs from earlier conquests about time, its prelude is nothing more than the resumption of duration, and the attribute that the work The Creative Evolution brings to light and explores: creation. Key-words: intelligence; life; intuition; duration; creation; genesis. Introdução: inteligência, vida e duraçãoTomando como objeto filosófico a evolução vital, dita criadora, a terceira obra de Bergson representa a maturidade de sua metafísica. Tanto ao oferecer uma nova leitura da transformação progressiva das espécies, quanto ao acompanhar a gênese concomitante da matéria e da inteligência, no coração do percurso em que a noção de criação recebe sua cidadania filosófica, trata-se no livro da elaboração de sua teoria da vida, apontando a significação, a destinação e a essência do vital. É surpreendente, no entanto, que uma obra com esse alcance, dedicada às mais vastas especulações no tratamento da existência à luz da duração, faça entrar em cena, desde as suas primeiras frases, a noção de inteligência. A surpresa é ainda maior ao lembrarmos
Esse artigo defende que as ressonâncias da filosofia de Bergson no século xx francês ultrapassam a divisão estabelecida por Foucault entre as filosofias do cogito e as filosofias de sistema (ou do conceito). O impacto de sua obra tem como razão principal a capacidade de articular o retorno à experiência (em sentido ampliado) e a incorporação do trabalho de sistematização de dados realizado pelas ciências do século XIX. Tal articulação delimita o teor empirista da filosofia de Bergson, que pode ser analisado em comparação com os empiristas do XVIII. Examinamos nesse contexto como o trabalho crítico dirigido às ideias abstratas que conduzem a filosofia a perder de vista o concreto é o fator de convergência entre Bergson e Merleau-Ponty. Por outro lado, mostramos que a análise filosófica sobre a biologia evolutiva relaciona o bergsonismo ao projeto epistemológico de Canguilhem.
Resumo: Este texto tem como objetivo descrever aspectos da filosofia moral de Bergson em sua relação direta com a renovação de metafísica estabelecida pelo filósofo. Mais explicitamente, buscamos elucidar como a biologia compreensiva de A Evolução Criadora funda a análise da moralidade na obra As Duas Fontes da Moral e da Religião, ao delinearmos as variáveis teóricas que se mobilizam na elaboração da noção de todo da obrigação (as quais envolvem o hábito e o instinto, noções que pertencem ao campo da psicologia e da biologia respectivamente). Nossa hipótese mais geral defende que a incorporação de avanços das ciências sociais no início do século XX é a etapa prevista e definitiva de uma filosofia que se relacionou intimamente com os avanços das ciências naturais (e de seu rico material empírico), especificamente as biológicas, configurando também um programa de diálogo com ciências eminentemente humanas. Palavras-chave: Bergson; Consciência; Vida; Moral; Memória; Hábito. Abstract:This text aims to describe aspects of Bergson's moral philosophy in its direct relationship with the new metaphysics established by the philosopher. More explicitly, we seek to elucidate how the understanding biology of Bergson' Creative Evolution bases the analysis of morality in the work The Two Sources of Morals and Religion, We defend the hypothesis that the incorporation of advances in the social sciences at the beginning of the twentieth century is the definitive stage of a philosophy that has been closely related to the advances of the natural sciences (and its rich empirical material). Keywords: Bergson; Consciousness; Life; Moral; Memory; Habit.A despeito de suas recorrentes críticas ao espírito de sistema e, consequentemente, à tradição filosófica ocidental, Bergson não deixou de elaborar algo como uma doutrina, composta pela articulação inovadora entre uma teoria do conhecimento de base psicológica (construída em torno da análise da consciência) e uma metafísica do tempo -ou antes da durée -centrada na noção de vida, ou seja, de base biológica. Essa doutrina resultante configura, como sabermos, um espiritualismo renovado, que pretende superar os impasses da tradição derivados, segundo esse diagnóstico crítico, da falta de
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