“Pessimismo moral” é uma expressão pela qual se pode compreender a tese schopenhaueriana sobre a imutabilidade do caráter, na medida em que declara impossível qualquer espécie de aprimoramento moral, restando apenas a possibilidade de se adaptar o comportamento considerados os limites do egoísmo natural. Por sua vez, trata-se de uma consequência de problemas epistemológicos levantados pela crítica kantiana da razão, a qual foi radicalizada por Schopenhauer. Todavia, o “pessimismo moral” deve ser considerado como um problema metafísico, não como um problema “prático”, podendo ter suas consequências empíricas mais bem analisadas segundo o que se pode denominar “pessimismo antropológico”. Por meio desta última expressão, não entendemos apenas um juízo acerca na natureza humana, mas acerca dos sofrimentos individuais no conflito com um mundo que ameaça os interesses particulares.
Sabe-se que Schopenhauer louva Berkeley como um grande idealista ao lado de Kant, seu principal inspirador. Schopenhauer, por sua vez, não segue o caminho kantiano, antes elaborando uma dura crítica da Analítica Transcendental e reformulando profundamente a doutrina do conhecimento intuitivo. De Berkeley, Schopenhauer toma a tese de que “ser é ser percebido”, que, em suas palavras, corresponde à sentença “o mundo é minha representação”. Apesar disso, são poucas as vezes em que Berkeley é mencionado por Schopenhauer ainda que se trate de importantes ocasiões. Isso talvez possa servir como explicação para o estranho fato de ser tão raro encontrar o nome de Berkeley nos estudos sobre a metafísica ou a teoria do conhecimento de Schopenhauer, exceto como casuais alusões àquelas breves menções. Diante disso, o presente artigo consiste em uma introdução à seguinte tese: o idealismo transcendental de Schopenhauer desenvolve o pensamento berkeleyano, utilizando-se do ponto de vista kantiano, de maneira a levar este último à consequência que Kant teria querido evitar.
Resumo: O presente artigo traz algumas observações acerca do problema ontológico encontrável na teoria schopenhaueriana das Ideias, a saber, seu duplo e mesmo "contraditório" caráter de serem, a um só tempo, universais e eternas, individuadas e determinadas enquanto produzidas mediante a luta da Vontade consigo mesma. Deve-se conferir às Ideias um papel metafísico e não apenas epistêmico? Como e por que são múltiplas e em que sentido? Deve-se considerá-las como um terceiro ao lado ou entre Vontade e Representação? A fim de se solucionar semelhantes problemas não basta refletir sobre o conhecimento das "Ideias platônicas" enquanto objetos, mas compreender o seu papel segundo seu peculiar significado, bem como sob uma forma meramente relativa de eternidade. Para tanto, parto de uma acurada consideração acerca do segundo livro da obra capital de Schopenhauer, no qual a Ideia é primeiramente apresentada como uma entidade metafísica, do que deve se seguir inesperadas consequências no que diz respeito à Filosofia de Natureza e mesmo à Ética schopenhauerianas. Palavras-chave: Vontade; Natureza; Ideia; Espécies; Objetivação.Abstract: This paper offers some remarks on the ontological problem of the Schopenhauer's theory of Ideas, i.e. their double and even "contradictory" character of being at once eternal, universal, and on the other hand individuated and determined as produced by the struggle of the Will against itself. Should the Ideas really have a metaphysical role, not a simple epistemic one? How can them be plural and why and what that really means? Should we take them as a third besides or between Will and Representation? For the sake of solving such problems it is not enough a reasoning on the knowledge of "Platonic Ideas" as an object. We must instead comprehend the role of Ideas under a peculiar meaning and a mere relative kind of eternity as well. This can be done initially by the means of a careful consideration on the second book of Schopenhauer's main work, in which he brings out the Idea as a metaphysical entity for the first time. It would follow unexpected consequences concerning Schopenhauer's Philosophy of Nature and even his Ethics.
O presente ensaio parte da conhecida tese de que "conhecer é conhecer a causa", a razão de ser. Sem recusar a correção desta tese, pretende-se determinar o âmbito e o alcance próprios da mesma levando-se em conta suas limitações e consequências sobre os modos moderno e contemporâneo de pensar. Deve ser o pensamento humano apenas representacional ou não? Se não é este o caso, a referida tese afastara os filósofos do pathos originário, como devemos mostrar. Caso contrário, que nos resta pensar senão produtos do intelecto?
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
hi@scite.ai
10624 S. Eastern Ave., Ste. A-614
Henderson, NV 89052, USA
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.