A técnica do coprocessamento tem sido empregada mundialmente na busca da redução do consumo de combustíveis fósseis e matérias-primas tradicionais na fabricação de clínquer, utilizando-se de resíduos industriais para este fim. No entanto, é preciso avaliar o desempenho ambiental desta prática. O objetivo do trabalho foi comparar os impactos ambientais de três cenários distintos quanto ao percentual de combustíveis tradicionais e alternativos no mix energético para a produção de clínquer. A metodologia utilizada foi a avaliação do ciclo de vida. A unidade funcional adotada foi a produção de uma tonelada de clínquer. O método de Avaliação de Impacto escolhido foi o ReCiPe midpoint. Os resultados da caracterização indicaram que as categorias Toxicidade Humana, Formação de Oxidantes Fotoquímicos, Formação de Material Particulado e Acidificação Terrestre sofreram redução do impacto com o uso dos blends de resíduos; por outro lado, a maioria das categorias obteve um aumento do impacto conforme aumento do percentual de substituição. A normalização apontou a Toxicidade Humana como o principal impacto da atividade e a sua maior redução em 62% no cenário B. Conclui-se que devido à periculosidade dos resíduos empregados no caso estudado o coprocessamento no Brasil deve incorporar medidas de mitigação, dentre elas, o aumento da participação de resíduos de biomassa nos blends para que possa avançar em projeções mais ambiciosas de substituição térmica dos combustíveis tradicionais.
A blendagem é uma atividade destinada ao tratamento e preparação dos resíduos em forma de blends que são destinados ao coprocessamento em indústrias de cimento. O objetivo deste estudo foi identificar os impactos gerados nas diversas etapas de blendagem. Através Avaliação do Ciclo de Vida, estimaram-se os impactos num perfil de produção média de 30.650 t/ano de blends. A abordagem da fronteira de sistema foi a do “portão ao portão” e a unidade funcional 1 t de blends. As metodologias de avaliação do impacto empregadas foram ReCiPe e Impact 2002+. Os resultados apontam que, pelo método ReCiPe, a Toxicidade Humana foi responsável por 53% do impacto total, ocasionada pela emissão de metais como selênio, manganês, arsênico e bário. Pelo método Impact 2002+, Inaláveis Inorgânicos obtiveram o maior impacto total (51,8%) ocasionado principalmente pelos óxidos de nitrogênio. Conclui-se que a blendagem tem maior impacto à saúde humana, principalmente à saúde dos trabalhadores, que sofrem com a maior exposição. Recomenda-se a reavaliação da atividade pelos órgãos de controle ambiental e do trabalho, priorizando estudos de automação dos processos, estudos epidemiológicos, e a continuidade da investigação dos impactos da queima dos blends nos fornos de clínquer em abordagem do “berço ao portão”.
A promulgação da nova Resolução CONAMA nº 499/2020 passou a autorizar o coprocessamento de embalagens e sobras pós-consumo de agrotóxicos, que antes eram proibidos. Devido a essa questão, a logística reversa dessas embalagens, consolidada no Brasil há quase duas décadas, sofrerá sérias ameaças. O objetivo geral deste trabalho é investigar os potenciais impactos ambientais gerados pela recente regulamentação, identificando os estados, regiões imediatas e intermediárias e municípios que serão mais afetados por essas mudanças legais. Para isso, realizou-se um comparativo dos impactos entre o Sistema Campo Limpo e o coprocessamento pela Avaliação do Ciclo de Vida, considerando como unidade funcional a destinação final de 45 mil toneladas de embalagens e 100 toneladas de sobras no período de um ano, utilizando o método ReCiPe. Os resultados comprovaram que os potenciais impactos são menores em 12% na categoria mudanças climáticas, 7% na ecotoxicidade marinha, 2% na ecotoxicidade da água e 1% para formação de material particulado, formação de oxidantes fotoquímicos e toxicidade humana, no sistema Campo Limpo. Conclui-se que a nova resolução do CONAMA incentivará retrocessos ambientais e não contribuirá para a mitigação de nenhum impacto na destinação. A Mesorregião Metropolitana de Belo Horizonte e o município de Cantagalo-RJ serão os lugares que mais sofrerão com esses impactos por terem a maior concentração de fornos de clínquer para coprocessamento no território nacional. Recomenda-se a continuidade do programa Campo Limpo como melhor opção para destinação final destes resíduos de alto risco ambiental. Palavras-Chaves: Coprocessamento; Agrotóxicos; Embalagens; Logística Reversa; Impactos Ambientais.
O coprocessamento tem sido considerado um duplo ganho, convergindo os interesses dos geradores de resíduos que necessitam tratar e dispor os seus resíduos com a demanda energética das indústrias de cimento. O objetivo geral do estudo é identificar os principais impactos ambientais da cadeia do processamento de resíduos industriais na produção de clínquer. A metodologia consistiu no emprego da Avaliação do Ciclo de Vida (ACV). A abordagem foi a do berço ao portão e a unidade funcional foi a produção de uma tonelada de Clínquer. O método de Avaliação do Impacto a escolhido foi o ReCiPe e os dados submetidos à caracterização, normalização e ponderação utilizando três grupos diferentes e por fim submetido ao mixing triangle. Os resultados do inventário demonstraram que: (1) o coque de petróleo, o metal ferro e o recurso natural água foram as principais entradas; e (2) as emissões de dióxido de carbono, nitrato e cipermetrina foram as principais emissões para o ar, o solo e a água, respectivamente. A caracterização apontou que a blendeira foi responsável pela maioria dos impactos de ponto médio, com exceção da Toxicidade Humana, Ecotoxicidade Marinha, Depleção Fóssil e Mudanças Climáticas. A normalização apontou a Toxicidade Humana como o principal impacto na etapa da clinquerização. Conclui-se que o impacto à saúde humana em ponto final é o principal em toda a cadeia estudada. Tal constatação permite observar primeiramente que a causa principal está nas substâncias tóxicas existentes nos resíduos industriais, culminando em riscos ocupacionais na blendagem e potencializando-se na queima do resíduo no forno de clínquer.
Diversos setores da indústria e do comércio brasileiros têm destinado os seus resíduos para serem tratados em unidades de homogeneização e mistura no Estado do Rio de Janeiro conhecidas como blendeiras. O presente estudo tem como objetivo traçar um perfil das principais características dos resíduos industriais que são enviados às blendeiras para tratamento, visando o seu aproveitamento como combustível e matéria-prima na produção de clínquer. A metodologia consistiu, primeiramente, na busca de documentos que constam do processo de licenciamento e controle ambiental no órgão licenciador dessas unidades. Baseado nas informações obtidas nos registros de movimentações de resíduos dos anos de 2010 a 2015, foi realizada a classificação pela origem, de acordo com o Estado da federação, por estado físico, por quantidade, pela NBR ISO 10004, abrangendo a classe e o tipo de periculosidade e, por fim, a sua potencial utilidade no coprocessamento. Também foram registrados: o percentual dos principais produtos da blendagem e os destinos dos resíduos e rejeitos gerados no processo. Como resultado obteve-se o seguinte perfil: os resíduos são originados, majoritariamente, no Estado de São Paulo, pelo setor portuário. Apresentam-se, em sua maioria, no estado sólido, e classificam-se como perigosos e tóxicos e, serão utilizados, principalmente, para geração de energia. Conclui-se que o perfil esboçado contribuiu significativamente para o entendimento da toxicidade desses resíduos e servirá como base para outros estudos que abordem os impactos ambientais e à saúde humana na cadeia do coprocessamento.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
hi@scite.ai
334 Leonard St
Brooklyn, NY 11211
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.