Professor emérito de Literatura da Universidade Paris 3, fundador e diretor da associação Horizon Paysage, poeta, Michel Collot tem sido, nos últimos vinte anos, um dos protagonistas do debate em torno da poesia francesa moderna e contemporânea. (Corti, 2005). Neste, bem como em outros textos e ensaios, o estudo da paisagem surge como uma possibilidade de se pensar o eu-lírico a partir de uma lógica contemporânea da subjetividade. Alguns dos textos que tratam dessa temática foram recentemente reunidos para uma edição brasileira sob o título de Poética e filosofia da paisagem (Oficina Raquel, 2013) e trazem relevantes considerações sobre a relação entre a poesia, o espaço e a alteridade.Como poeta, Collot parece ir na mesma direção: em Chaosmos (1997) e em Immuable mobile (2002), a paisagem é representada nos limites de uma desfiguração do ser e do mundo que se inserem no espaço complexo do "horizonte". Em L'amour en bref, publicado em 2013, o leitor se confronta com uma escrita lapidada em diversos ângulos, e de onde aparece um 'eu' que tal como um caleidoscópio se projeta no e para o mundo em movimentos tão imprevisíveis quanto oscilantes. A presente entrevista segue, portanto, na tentativa de introduzir e elucidar pontos capitais dos pressupostos do crítico -e que não são estranhos ao poeta -no que diz respeito às questões do sujeito lírico, da paisagem e do espaço poético.
Resumo: Na poética de Francis Ponge, as coisas são materiais de inspeção que ajudam a compor uma espécie de arqueologia do presente, remontando o que constitui o homem e sua relação com a realidade. Porém, longe de qualquer tentativa de fixação desse mesmo presente, a poesia pongiana, sorte de rascunhos, anotações incompletas, textos inacabados parecem se apresentar para o leitor como um caleidoscópio cujos cacos de cristais e espelhos não cessam de desdobrar novos significados a cada gesto da escrita. O "método" pongiano se revelaria, assim, como processo de investigação do próprio texto (do) mundo, oferecendo-nos suas poesias menos como essência das coisas do que como exploração de seus possíveis significados. Palavras-chave:Francis Ponge, poesia moderna, rascunhos, processo de escrita Abstract: In Francis Ponge's poetics, the things are materials that help to compose a kind of archeology of the present, tracing back what constitutes man and his relation to reality. However, far from any attempt to stick to this present moment, Pongian poetry, drafts, incomplete notes, unfinished texts seem to show themselves to the reader as a kaleidoscope which shards of crystals and mirrors do not cease to unfold new meanings to each gesture of the writing. The Pongian "method" would reveal itself as a process of investigation of the text, offering its poetry less as the essence of things than as the exploration of its possible meanings.
Segundo Jacques Rancière, a literatura interfere na construção do olhar sensível sobre a realidade contribuindo para o constante rearranjo do jogo social. Os poetas René Char e Henri Michaux atravessaram um tempo de intensas transformações no campo social, no entanto, suas obras apontam para caminhos menos explícitos de ação, o que nos autoriza formular novas hipóteses sobre a relação entre os meios que a possui para mediar o olhar do homem sobre o mundo. Seguindo essas pistas, este artigo pretende investigar de que modo a escrita desses poetas contribui para uma literatura que constrói caminhos de intervenção política e social.
Resumo Este artigo pretende examinar a visão de modernidade encenada no projeto poético de Francis Ponge, levando em consideração alguns modelos literários e culturais presentes na tradição francesa. Trata-se, assim, de tentar entender de que modo o poeta problematiza a ideia que temos da poesia ao escapar das dicotomias que caracterizariam as definições de modernidade em oposição a certo passado. Para tanto, pretende-se investigar a articulação entre os textos “rascunhados” de Ponge - que compõem os livros Comment une figue de paroles et pourquoi e La Table - e o desenvolvimento do olhar lançado à matéria na era do surgimento da anatomia a partir do século XVI. Tal aproximação permite também um diálogo com o conceito de serendipidade, cujo paradigma indiciário aponta para a linguagem como conjunto de indícios a serem seguidos.
Este artigo tem por objetivo discutir a relação entre a poesia de FrancisPonge e a escrita como espaço de intervenção social. Ao examinar a criaçãopoética na modernidade, passando pela encenação da figura do poeta desdeo romantismo, seria possível dizer que o papel do escritor modifica-se notempo-espaço em que se inscreve, sem, no entanto, deixar de imprimir seu impactosobre a realidade político-social. Nesse sentido, pretende-se colocar emdiálogo o texto “Raisons d’écrire”, escrito crítico-poético em que Ponge falada sua relação com a escrita e com o mundo, e certas considerações teóricasque, a exemplo de Jacques Rancière, em Políticas da escrita, nos permitem refletirsobre o papel da escrita no rearranjo do que se torna passível de ser pensado,dito e realizado no cerne de uma sociedade.
Este trabalho evidencia a autoria da poeta franco-brasileira Assunta Renau Ferrer. O estudo tem como corpus principal a obra Mon coeur est un mangrove (1996) e analisa a paisagem do mangue e o tropo do vento, na antologia poética. Tal análise é sustentada pelo prisma dos conceitos de identidade rizoma, de Edouard Glissant (2013), de pensamento-paisagem de Michel Collot (2013), de atmosfera de Hans Ulrich Gumbrecht (2014) e de animalidade de Maria Esther Maciel (2016). Em suma, almeja-se constatar uma poemática em que a natureza não é mero objeto de contemplação, mas sim sujeito e matéria-prima da expressão poética.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
hi@scite.ai
334 Leonard St
Brooklyn, NY 11211
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.