Introdução: O HIV é um importante agravo de saúde e seu tratamento deve ser iniciado logo após o diagnóstico, tendo em vista as altas taxas de morbimortalidade da doença quando não tratada adequadamente. O início oportuno da terapia antirretroviral é um indicador essencial no monitoramento do cuidado contínuo de pessoas vivendo com HIV. Porto Alegre (RS), cenário deste estudo, apresentou uma taxa de detecção de aids de 58,5 casos/100 mil habitantes em 2019, uma taxa 3,3 vezes maior que a taxa do Brasil. Objetivo: Avaliar o tempo de início da terapia antirretroviral em pacientes vivendo com HIV inseridos na rede de atenção especializada no município de Porto Alegre. Métodos: Trata-se de um estudo de coorte histórica baseado nos registros presentes em Sistema de Informação de Agravos de Notificação, Sistema de Controle de Exames Laboratoriais, Sistema de Controle Logístico de Medicamentos e Sistemade Informações sobre Mortalidade de todos os usuários com diagnóstico de HIV que compareceram a um serviço de assistência especializada no município no período de 2013 a 2019. Foi utilizada a estatística descritiva para exploração dos dados sociodemográficos e o método de Kaplan-Meier para estimar a primeira dispensação de terapia antirretroviral. Resultados: Foram acompanhados 194 usuários do diagnóstico até 2019. A amostra foi composta majoritariamente de homens (69,6%), com média de idade 35,5±10,4 anos. Entre os usuários, verificou-se que a população negra correspondia a 37,8% e que 27,8% dos usuários apresentava ensino médio completo. A mediana de tempo para a primeira dispensação de terapia antirretroviral após o diagnóstico foi de dois meses (intervalo de confiança de 95% 1,63-2,36), e 90,1% não haviam iniciado tratamento em 15 dias e 75,4% em 45 dias. Cerca de 20% dos pacientes ainda não havia iniciado tratamento após dez meses de diagnóstico. Conclusão: A proporção de pessoas com a primeira dispensação de terapia antirretroviral em 60 dias foi considerada baixa no estudo, evidenciando a necessidade de intervenções para ampliar a vinculação ao serviço de saúde e o início oportuno da terapia antirretroviral.
Introdução: Atingir a carga viral indetectável é uma das metas estabelecidas para o fim da epidemia de vírus da imunodeficiência humana até 2030, uma que vez pessoas que vivem com o vírus indetectáveis possuem melhor qualidade de vida, têm menos chances de infectar outras pessoas e, por consequência, podem contribuir para a redução da carga viral comunitária. Objetivo: Analisar variáveis sociodemográficas e relativas ao momento do diagnóstico associadas à carga viral indetectável após seis meses de tratamento entre pessoas vivendo com o vírus da imunodeficiência humana assistidas em um serviço de atenção especializada. Métodos: Estudo de coorte histórica de 2013 e 2019 realizado com dados oriundos de sistemas nacionais de informação. As pessoas vivendo com o vírus da imunodeficiência humana foram classificadas em relação à carga viral após seis meses de início do tratamento - indetectáveis ou não. Comparações entre os grupos foram realizadas pela estatística de qui-quadrado de Pearson. Resultados: Foram analisados dados de 194 pessoas vivendo com o vírus da imunodeficiência humana. A maioria eram homens (69,6%), não negros (62,2%), com escolaridade em nível médio (27,8%) e idade média de 35,5 anos±10,4 anos. Desses, 122 possuíam exame de carga viral após seis meses de início de tratamento e 53% (n=65) atingiram a carga viral indetectável. As variáveis ter recebido a terapia antirretroviral em 30 dias ou menos após o seu diagnóstico (p=0,003) e CD4 inicial >501 células/mm³ (p=0,007) se associaram com a carga viral indetectável após seis meses de tratamento. Conclusão: Os resultados reforçam a importância do diagnóstico e início do tratamento antirretroviral entre pessoas vivendo com o vírus da imunodeficiência humana, uma vez que não ter atingido a carga viral indetectável após seis meses pode estar relacionado tanto ao diagnóstico tardio da doença quanto com a demora na dispensação da medicação. Nesse sentido, são necessárias estratégias para ampliar a oferta e procura por testagem para vírus da imunodeficiência humana e redução do tempo de espera para o início da terapia antirretroviral.
Introdução: A epidemia do vírus da imunodeficiência humana possui taxas de prevalência distintas no que se refere às macrorregiões de estados e também dentro de municípios brasileiros. Porto Alegre (RS) possui elevada taxa de transmissão vertical. A identificação das singularidades dentro de territórios distintos na cidade, no que tange às gestantes com vírus da imunodeficiência humana e crianças expostas ao vírus da imunodeficiência humana, possibilita avanços em termos de políticas públicas. Objetivo: Analisar variáveis sociodemográficas e de saúde de gestantes com vírus da imunodeficiência humana e crianças expostas ao vírus da imunodeficiência humana, comparando-as nas oito gerências distritais de Porto Alegre, a fim de identificar regiões com maior vulnerabilidade. Métodos: Estudo de coorte histórica, com dados coletados entre 2000 a 2017 do Sistema de Informação de Agravos de Notificação. Comparações foram realizadas por meio do teste de homogeneidade de proporções baseado na estatística de qui-quadrado de Pearson. O nível de significância utilizado foi de 5%. Considerou-se a divisão das oito gerências distritais em Porto Alegre. Resultados: Foram analisadas 8.520 gestantes e crianças. Observou-se diferença entre as gerências quanto à raça/cor das gestantes, escolaridade, início do pré-natal e perda de seguimento. Houve maior predomínio de mulheres pretas nas gerências RES e LENO (p<0,001). Maior predomínio de gestantes sem nenhuma escolaridade nas gerências RES, CEN e SCS (p<0,001). Maior percentual de gestantes com diagnóstico de vírus da imunodeficiência humana antes do pré-natal nas gerências LENO e RES (p<0,001). Maior percentual de gestantes que iniciaram o pré-natal após a 12ª semana na gerência RES (p<0,001). Maiores percentuais de perda de seguimento nas gerências CEN, NHNI e RES (p<0,001), e maiores percentuais de crianças infectadas nas gerências NHNI, PLP, GCC, LENO e PES (p<0,001). Conclusão: Evidencia-se um maior perfil de vulnerabilidade na gerência RES, uma área geográfica com alta vulnerabilidade social. Recomenda-se a consideração das especificidades dos territórios para o desenvolvimento de ações de prevenção.
Introdução: Porto Alegre (RS) apresenta elevada taxa de transmissão vertical. Perda de seguimento é aquela criança que foi exposta ao vírus da imunodeficiência humana e que, no momento do encerramento do caso, não foi localizada na rede de saúde para a realização de diagnóstico laboratorial. Objetivo: Contribuir para o aprimoramento do sistema de vigilância de crianças expostas ao vírus da imunodeficiência humana na cidade de Porto Alegre, por meio da busca ativa das perdas de seguimento. Métodos: Estudo com abordagem quantitativa e qualitativa. O componente qualitativo consiste em registros em diários de campo e entrevista em profundidade de mães de crianças expostas ao vírus da imunodeficiência humana. O componente quantitativo é um estudo de coorte histórica em Porto Alegre no período de 2000 a 2017, com 8.520 gestantes e crianças. Apresenta-se a descrição do trabalho de campo da busca ativa de crianças expostas ao vírus da imunodeficiência humana, registradas como perda de seguimento. Trata-se de estudo em andamento. Resultados: Foram visitadas 53 unidades de saúde para a busca ativa de 208 crianças. Em muitos casos não foi possível realizar a abordagem por motivos diversos (presença de outros familiares no domicílio, agendamento na unidade de saúde sem comparecimento, mudança de endereço). Foram abordadas 97 mães e crianças, e 7 mães recusaram participação na pesquisa. Entre as 90 restantes, 54 já haviam realizado o teste anti-vírus da imunodeficiência humana, mas não havia laudo no sistema. Foram testadas 36 crianças, das quais 3 apresentaram sorologia positiva. Situação socioeconômica, ausência de conhecimentos e condições psicológicas foram algumas barreiras identificadas. Conclusão: O estudo revela os contextos de vulnerabilidade nos quais as mulheres e as crianças estão inseridas, sinalizando aos serviços de saúde a necessidade de conhecer essa realidade para tentar evitar a perda de seguimento. Para a busca ativa, a pesquisa criou uma lista de sistemas que servem de base para o monitoramento.
Objetivo: Analisar os fatores associados ao abandono do tratamento de tuberculose em pacientes coinfectados por tuberculose/vírus da imunodeficiência humana na capital do Rio Grande do Sul. Métodos: Estudo de coorte retrospectiva conduzido com pacientes com coinfecção por tuberculose/vírus da imunodeficiência humana registrados entre 2009 e 2013. Foram coletados dados demográficos, clínicos, ocorrência de internações e óbito, de três bases de dados nacionais distintas que fazem parte do sistema nacional de vigilância em saúde e utilizou-se a técnica de linkage de dados. Comparações entre os grupos foram realizadas por meio de teste de homogeneidade de proporções baseado na estatística de qui- -quadrado de Pearson ou Fisher para variáveis categóricas, ou teste t de Student ou MannWhitney para variáveis quantitativas. A fim de estimar a razão de chances de cada categoria exploratória de variáveis, foi utilizado o modelo de regressão logística. Resultados: Mantiveram-se associadas ao desfecho maior idade (odds ratio=1,02, intervalo de confiança=1,01–1,03), baixa escolaridade (odds ratio=1,50, intervalo de confiança=1,16–1,92), situação de entrada no serviço como reingresso após abandono (odds ratio=0,25, intervalo de confiança=0,10–0,63) e histórico de internação por complicações relacionadas a tuberculose/vírus da imunodeficiência humana (odds ratio=1,55, intervalo de confiança=1,22–1,96). Conclusão: O abandono de tratamento na capital do Rio Grande do Sul contribui para que o município esteja entre as capitais com um dos maiores índices de tuberculose e de coinfecção por tuberculose/vírus da imunodeficiência humana no Brasil. A situação de entrada no serviço como reingresso após abandono se mostrou um fator de proteção para um novo abandono. As variáveis associadas ao abandono evidenciam os contextos de vulnerabilidade no qual os coinfectados estão inseridos.
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