Em Reflexões im-pertinentes, Virgínia Fontes apresenta um convite à reflexão crítica a partir de uma inquietante abordagem sobre algumas 'certezas' teóricas que explicariam o mundo capitalista contemporâneo e a realidade brasileira.A '(im)pertinência' da autora revela-se em pelo menos dois planos. No primeiro, a rejeição dos parâmetros convencionais da produção do conhecimento nas ciências humanas, dominado pelos subjetivismos, fragmentações e descontinuidades que impedem uma interpretação densa e efetiva da realidade. No segundo, a defesa do marxismo como referência teórico-metodológica, que não aprisiona o conhecimento e permite compreender, explicar e intervir no mundo, enfrentando as contradições e as formas aparentes do real. É (im)pertinente porque constrói, na contracorrente, um caminho original, denso e rigoroso de análise sobre o capitalismo contemporâneo e a democracia com o objetivo de ampliar as bases do pensamento histórico.Na primeira parte estão os capítulos mais teóricos, nos quais explora o falso consenso em torno da existência de um novo ambiente sociológico, gerado pelas mutações do mundo contemporâneo e suas repercussões positivas na economia, na política e na cultura. Nesta parte -"Pensar o capitalismo hoje: economia, política, modos de ser" -, desfaz o novo consenso, mostrando que as relações sociais capitalistas contemporâneas não só asseguraram a preservação das leis fundamentais deste modo de produção, como introduziram, sob formas aparentemente inovadoras, o aprofundamento da exploração e da dominação.A exclusão social é o centro das reflexões de "Capitalismo, exclusões e inclusão forçada". A autora analisa a insuficiência conceitual da categoria 'exclusão social' e os riscos das simpli-ficações e reduções processadas a partir dela nas explicações de problemas da atualidade. Argumenta que a formação social capitalista não permite relações de exterioridade, portanto, de 'exclusão'. O que existe, na verdade, são processos de "inclusão forçada e de exclusão interna", que impossibilitam os homens escaparem das relações sociais capitalistas.No texto "O trabalho abstrato e a cultura contemporânea, os desafios atuais do pensamento histórico", escrito com Stefano Garroni, há uma análise sobre o processo de subordinação do trabalho ao capital e a sua fase crítica atual, na qual se instituiu uma nova forma de expropriação, possibilitada pela generalização do trabalho abstrato. A riqueza do texto é ampliada pela ênfase ao desafio teórico e metodológico da produção do conhecimento histórico e de sua relação com o passado. Os autores ensinam que não basta reconhecer que a ligação entre o presente e o passado não se dá de forma fixa e linear, o principal desafio do pensamento histórico consiste em explicar as relações a partir da complexidade do mundo capitalista, superando, assim, as simplificações apresentadas geralmente como 'novidades'.O capítulo "As condições históricas e sociais da generalização do trabalho abstrato: permanência e transformação das formas de expropriação" parte das possibilidade...
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
hi@scite.ai
10624 S. Eastern Ave., Ste. A-614
Henderson, NV 89052, USA
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.