RESUMO Este artigo desenvolve a hipótese de que a narrativa de Sergio Moro à frente da Operação Lava Jato se movimentou em torno de modalidades de negacionismo, revisionismo e negação. A negação da política é o pressuposto a partir do qual as investigações deveriam se movimentar. Essa narrativa foi produzida entre 2004 e 2020 por uma força “despolitizada” e moralizadora, vinda de órgãos do judiciário e disseminada pela grande imprensa. Paralelamente à operação italiana Mãos Limpas, Moro e seus acólitos admitiam uma forma de intervenção nos acontecimentos políticos marcada pela ideia de que a operação não era apenas jurídico-investigativa, mas um movimento político capaz de produzir um diagnóstico, uma agenda e mesmo uma “revolução” no país. O evento permitiu a ascensão de Bolsonaro ao centro do sistema político, incorporando o negacionismo e a negação da política oriundos do clima geral.
RESUMO Este artigo examina os discursos de Jair Bolsonaro nos primeiros meses da pandemia de coronavírus no Brasil postos a público no programa Live da Semana, protagonizado pelo presidente em seu canal do YouTube. Argumentamos que o tratamento discursivo empregado por Bolsonaro à epidemia foi francamente amparado no uso de procedimentos atenuadores, estratégia retórica que busca controlar os efeitos de sentido dos atos de linguagem, imprimindo tons menos peremptórios a alguma asserção potencialmente ameaçadora. Nesse espaço de enunciação, projetado para interlocutores com quem ele compartilha uma identidade ideológica, Bolsonaro intensifica laços político-afetivos de intimidade capazes de minimizar e normalizar o contágio e as mortes ocorridas pela pandemia, isentando o governo federal de responsabilidade.
O lugar do tempo presente na aula de história: limites e possibilidades Resumo Reconhecendo a importância do tempo presente na conformação da história ensinada e da concepção moderna de história como um todo, o texto delineia a história desta centralidade, associada à tensão entre aproximação inevitável e necessidade de afastamento do enunciado historiográfico em relação à experiência política presente na qual está inserido. Em um segundo movimento, é feita uma análise das perspectivas contemporâneas sobre a questão, levando em conta 1. a ampliação do repertório de sujeitos, objetos e métodos da história, desde a segunda metade do século XX, questionando o paradigma eurocêntrico e a ideia de Civilização que lhe é intrínseca; 2. a ênfase no conceito de cidadania como mola mestra da historiografia escolar, cuja elasticidade é tributária deste novo arsenal de experiências e narrativas históricas; e 3. a cultura histórica da atualidade e sua ênfase presentista, desconfiada da possibilidade de projeção de futuros estáveis, mas com apreço pela memória e pelo passado em circulação social. Em suma, em face deste contexto de elaboração, difusão e usos de narrativas históricas, o artigo problematiza o lugar ocupado pelo tempo presente em aulas de história na escola, em seus limites e potencialidades. Por um lado, o tempo presente é tido como fundamental para conferir condições de inteligibilidade e produção de sentido histórico, adequado aos objetivos pedagógicos da história e seu propósito formador; por outro, apontam-se os limites de uma ênfase exclusivamente centrada no presente, incapaz de permitir a experiência do descentramento no tempo e a compreensão das permanências, da dimensão cumulativa e da longa duração histórica. Palavras-chave:História -Estudo e Ensino. Historiografia. Tempo presente. Daniel Pinha Silva p.100Tempo & ArgumentoThe place of present time in history classes: limits and possibilities AbstractRecognizing the importance of present time in the conformation of the history taught and the modern conception of history as a whole, the text delineates the history of this centrality, associated with the tension between unavoidable approximation and necessity of distance from history in relation to the political context. In a second movement, an analysis of contemporary perspectives on the issue is made, taking into account 1. the expansion of the repertoire of subjects, objects and methods of history, since the second half of the twentieth century, questioning the Eurocentric paradigm and the idea of Civilization that is intrinsic to it; 2. the emphasis on the concept of citizenship as the central ideia of school historiography, whose elasticity is doe of this new arsenal of historical experiences and narratives; 3. the historical culture of the present day and its presentist emphasis, distrustful of stable futures, but valuing the memory and the social circulation of the past in short, in this historiographic context, the article problematizes the place occupied by the present tense in history classes i...
O artigo analisa os efeitos da crise democrática brasileira do tempo presente na historiografia e no ensino de história no Brasil. Partindo da hipótese de que a crise é expressão de uma ambivalência entre movimentos de corrosão e alargamento do conceito de democracia forjado nos termos do processo de redemocratização sintetizados na Constituição de 1988, sugere que o ambiente contemporâneo em crise remodela as formas de narrar a história por seus especialistas – historiadores e professores –, trazendo à tona a necessidade de alargamento das fronteiras disciplinares em função das demandas do tempo presente. Examina as táticas discursivas negacionistas – associadas ao projeto político de corrosão democrática – e os movimentos por alargamento da democratização, desestabilizadores de estruturas de classe-raça-gênero, fundadoras das exclusões e hierarquizações das diferenças na formação social brasileira. Palavras-chave: história do tempo presente; crise democrática; historiografia e ensino de história.
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