Este artigo problematiza narrativas ouvidas durante uma pesquisa sobre as experiências do homoerotismo na velhice entre homens. Buscou-se enfatizar os processos de resistência e de subjetivação em face de modelos hegemônicos que dão contornos à velhice e à homossexualidade. Ao tentar escapar do fatalismo da abjeção muitas vezes atribuída aos homossexuais mais velhos, sustenta-se que o sujeito velho e homossexual estaria habitando uma zona limítrofe de um regime discursivo que estabelece, por um lado, um campo de legitimidade e, por outro, uma zona de ininteligibilidade, um exterior constitutivo. Estar nessa fronteira discursiva (performatizada pela própria materialidade do corpo) não necessariamente constitui uma vida abjeta, mas incita a fissuras pelas quais o desejo pode potencialmente adquirir matérias de expressão. Nesse sentido, as narrativas ouvidas apontaram para uma possível ética do envelhecimento, a partir da qual os sujeitos podem conduzir e (re)inventar a vida, o corpo e o desejo.
Resumo Este artigo problematiza a produção histórica da velhice a partir do dispositivo da idade. Traça-se um rastreio genealógico que visa apontar algumas linhas que foram configurando enunciados sobre a velhice a partir de diversas correlações de forças, especialmente em contextos biopolíticos. Destaca-se como os discursos de verdade que enunciam a velhice produzem regimes de subjetivação e constituem sujeitos a partir de referenciais normalizadores e massificadores. A partir da desconstrução dos discursos relativos à velhice, aponta-se para a possibilidade de considerar as experiências das velhices para além das formas de tutela e de gestões calculistas da vida.
Esse artigo analisa os sentidos atribuídos por pais adotivos à construção de vínculos parento-filiais, ou seja, vinculações que pressupõem o sentimento de pertencimento a uma família. Apresentam-se as análises de uma pesquisa qualitativa, da qual participaram quatro pessoas (um pai e três mães) de diferentes famílias que realizaram adoção tardia e que residem na região da Grande Florianópolis (SC). Foram realizadas entrevistas semiestruturadas. As narrativas escutadas foram analisadas tendo como referência teórico-metodológica a “análise de práticas discursivas e de produção de sentidos” de Spink e Medrado (2013). As análises indicaram alguns sentidos sobre a construção de vínculos parento-filiais em casos de adoção tardia, tais como: necessidade de construir uma adaptação para a criança que está sendo incluída na relação familiar; integração do passado da criança na dinâmica e na história da família atual; compreensão dos comportamentos aversivos da criança; promoção de sentimentos de pertencimento. Considera-se que a construção de vínculos parento-filiais é um indicativo do potencial sucesso da adoção; e que essa construção perpassa todo o processo, desde o período de decisão em adotar crianças até a consolidação dos vínculos parento-filiais na nova dinâmica familiar.DOI http://dx.doi.org/10.21452/2594-43632019v28n63a04
This paper problematizes some possible stylizations of bodies that are socially perceived as "old" and that are engaged in (homo)erotic activities. We present some "scenes" that were mapped during participant observations conducted in a territory of sociability attended mainly by older gay men. Ways in which the materiality of the bodies in these encounters may acquire other "contours" and new "porosities" are discussed. This rematerialization enables some individuals to resist some models that normalize subjectivities and and bodies. At least at the moment of the parties in this territory (in that queer time and space), the old gay man is no longer a "bicha velha démodé", but rather a subject of desire and a desiring subject. Our cartography tends to denounce the fragility and the fictional aspects of homo/hetero/agenormativities.Key-words: old age, body, gender, (homo)sexuality, (homo)eroticism ResumoEste artigo problematiza algumas estilizações possíveis de corpos ditos "velhos" e em experimentações (homo)eróticas. São apresentadas algumas cenas cartografadas a partir de observações participantes realizadas em um território de sociabilidade frequentado principalmente por homens mais velhos.Discutimos alguns modos pelos quais a materialidade dos corpos nesses encontros passa a ganhar outros contornos, de modo que algumas vidas, a partir do incômodo de um fantasma de abjeção, possam resistir a certos modelos que normatizam subjetividades e corpos. Pelo menos nos instantes das festas que ocorrem em tal território (naquele tempo e espaço queer), o gay velho não é mais a "bicha velha démodé", torna-se um sujeito do desejo e desejante. As cartografias insinuam uma denúncia sobre a fragilidade e o caráter ficcional das homo/hetero/idade-normas.Palavras-chave: velhice, corpo, gênero, (homo)sexualidade, (homo)erotismo 115
Resumo Neste artigo apresentamos uma reflexão sobre o contexto sócio-político da inserção de homens brasileiros no mercado transnacional do sexo. Propomos uma breve contextualização acerca da questão das migrações de homens motivadas pelo mercado do sexo e um relato acerca de algumas dificuldades encontradas durante pesquisa de campo com esses sujeitos. Em seguida, analisamos as narrativas de alguns homens brasileiros trabalhadores do sexo residentes no Brasil. Demos destaque àquelas histórias que enunciavam o afeto do medo no mercado transnacional do sexo e o imaginário acerca dos fluxos migratórios. Consideramos que tais problematizações podem ampliar o debate sobre certas paisagens sociais sobre as quais se produzem algumas das experiências de homens trabalhadores do sexo.
Resumo Este artigo objetiva problematizar as percepções de psicólogas de um Creas/Paefi da região metropolitana de Florianópolis acerca dos atendimentos psicossociais a crianças e adolescentes em situação de violência sexual. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com três psicólogas que atuam no serviço Paefi de um Creas. A análise das entrevistas está amparada pela perspectiva teórico-metodológica de análise das práticas discursivas e de produção de sentidos, conforme proposta por Spink e Medrado (2004). Elencaram-se as seguintes categorias de análise: a) percepções acerca da violência sexual contra crianças e adolescentes; b) percepções acerca do atendimento psicossocial; e c) percepções acerca da gestão de trabalho e das estratégias de intervenções psicossociais. De modo geral, destaca-se que as percepções sobre violência sexual variam entre leituras complexas e reducionistas; que existem dificuldades em fazer valer o Sistema de Garantia de Direitos de Crianças e Adolescentes e a efetivação de uma gestão de trabalho intersetorial e em rede; que o Estado é ausente e/ou negligente em contextos de vulnerabilidades; que as intervenções centram-se mais nas famílias e nas vítimas e menos nos autores de violência; que, apesar de impasses técnicos, busca-se atuar de acordo com prerrogativas da atuação profissional da psicologia no contexto do Suas. Considera-se que este estudo pode contribuir para a ampliação de problematizações acerca dos atendimentos psicossociais, no contexto do Suas, a crianças e adolescentes vítimas de violência sexual.
Esta pesquisa teve por objetivo analisar as trajetórias escolares de jovens universitários diagnosticados com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e os efeitos de subjetivação decorrentes da experiência e apropriação desse diagnóstico. Foram entrevistados três estudantes matriculados em uma universidade da Grande Florianópolis (SC). A análise das narrativas foi realizada a partir da perspectiva teórico-metodológica da “análise de práticas discursivas”, tal como proposta por Spink e Medrado (2013). Destacaram-se os efeitos de subjetivação dos processos de patologização e medicalização, com ênfase nas trajetórias escolares. Considerou-se que os sentidos das experiências do diagnóstico de TDAH são construídos, sobretudo, a partir de referentes discursivos típicos das racionalidades médico-psiquiátricas, que operam como um significativo regime de saber-poder subjetivante. Observou-se, também, que a medicalização da educação e da vida é um processo recorrente para adaptar os sujeitos em suas trajetórias escolares.
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