O presente artigo tem por objetivo investigar pensamento e ação dos delegados brasileiros na Conferência Monetária e Financeira das Nações Unidas, realizada em Bretton Woods, em julho de 1944, com destaque para a atuação de Octavio Gouvea de Bulhões, de Eugênio Gudin, e do Ministro Souza Costa. Analisa-se a visão brasileira acerca da nova ordem financeira internacional em construção, e suas estratégias pragmáticas de alinhamento com os interesses em choque durante a Conferência, particularmente organizados segundo as propostas do Plano White (norte-americano) e do Plano Keynes (britânico). Conclui-se que, apesar de incapaz de impedir a aprovação quase que integral do Plano White, a delegação brasileira foi capaz de garantir espaço para o Brasil na gestão no aparato econômico institucional criado em Bretton Woods.
Sistemas agrários na Velha Província: o processo de transição para o trabalho livre sob o signo da modernização conservadora Daniel de Pinho Barreiros campo decorrentes de 1888. Pretenderemos mostrar que, quando integrados, estes estudos monográficos podem oferecer um panorama detalhado dos rumos da modernização conservadora na "Velha Província". Buscamos caracterizar os sistemas agrários fluminenses a partir: a) da evolução dos tipos de cultura praticados; b) do direcionamento da produção e do grau de inserção mercantil da mesma (mercados internos, externos, subsistência); c) da relação entre condições técnicas, aplicação de capital e fronteira agrícola; d) da relação entre o capital comercial e o produtor direto; e) dos rumos tomados pela propriedade da terra e pelas relações de trabalho após 1888 (perda de autonomia de pequenos lavradores, "caipirização", colonato, meação, proletarização etc.). A partir destes elementos, quatro modelos de sistemas agrários foram identificados: a)fronteira agrícola fechada e concentração fundiária; b)fronteira agrícola aberta e concentração fundiária; c)fronteira agrícola e concentração variadas; d)fronteira agrícola aberta e desconcentração fundiária. Com base no mosaico formado pelas relações entre os sistemas agrários identificados, criticaremos a existência concreta do primeiro modelo (fronteira fechada e concentração fundiária), e a partir desta análise, verificamos a presença de condições estruturais para a modernização conservadora.2. Alguns modelos de sistemas agrários 2.1. Fronteira agrícola fechada e concentração fundiária Márcia M. Motta (MOTTA, 1989) dedicou-se ao estudo do processo de construção e remodelamento social de uma região considerada "de fronteira agrícola fechada", o antigo município de Niterói, entre 1808 e 1888. Partiremos deste ponto como exemplo inicial para a compreensão dos rumos da formação agrária pós-1888, considerando-o como caso atípico no conjunto dos demais estudos relativos ao universo rural fluminense, bem como de outras províncias. Ainda assim, pretendemos relativizar este mesmo caráter singular propondo alguns elementos que podem vir a contribuir para a reinterpretação de certas conclusões da autora, a partir da leitura do citado trabalho em conjunto com outros trabalhos na mesma área.A proximidade de Niterói com o mercado urbano da cidade do Rio de Janeiro foi um elemento de importância na caracterização do sistema agrário da região, e principalmente, de seus rumos posteriores à ruptura do escravismo. A redefinição do papel deste núcleo urbano com o processo de "interiorização da metrópole", desde 1808, e com a emancipação política, conduziram ao acirramento da urbanização e ao aumento demográfico. A transformação da cidade numa "região nodal" fez com que se tornasse um polo de irradiação de transformações na área em seu entorno. Tal processo também engendrou um aumento de preços dos alimentícios, gerando uma situação de instabilidade no abastecimento deste centro, que é atribuída às decisões dos controladores dos meios de produção e ...
A chamada Guerra Fria 2.0 representa uma nova realidade de interesses geopolíticos multifacetados. Esse artigo busca definir quais as suas características principais e o que distinguiria esse novo fenômeno das relações internacionais de seu análogo no século XX? Atualmente não se verifica uma dimensão genuinamente global para o fenômeno, tampouco a solidez de elementos institucionais na esfera interestatal capazes de regular uma corrida armamentista, vigorando assim um “vácuo de regras” especialmente no domínio das armas nucleares. Superada a fase de “vácuo geopolítico” da década de 1990, observa-se, atualmente, tendências antigas como uma nova e acirrada corrida armamentista, a renovação da corrida espacial, intensa interferência estrangeira em assuntos de política interna e a formação de blocos econômicos e militares de grande envergadura. Vemos também engajarem-se na “Segunda Guerra Fria” novos jogadores como China e Índia, cada qual com agendas geopolíticas distintas, e a formação de dois pares de bipolaridades (EUA-Rússia/ EUA-China) com relativa simetria. Em suma, a Segunda Guerra Fria, sem uma nítida clivagem ideológica entre blocos oponentes, carente de uma arquitetura institucional internacional sólida capaz de conter avanços estratégicos desestabilizadores, e com múltiplas partes semoventes, apresenta-se como um desafio para a análise internacional.
Após a extinção do trabalho escravo no Brasil, severos entraves na economia agrícola fluminense foram finalmente evidenciados: a perda de competitividade, somada à perda de vocação produtiva, bem como a escassez de força de trabalho. Este artigo analisa o fracasso do projeto, conduzido pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro, em parceria com investidores privados, de suprir a agricultura de trabalho barato, através da importação de coolies chineses. Defendemos que a impossibilidade de retenção de assalariados livres a serviço do latifúndio monocultor se deveu à pressão exercida pela fronteira agrícola aberta e pela expansão das áreas urbanas.
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