A nova edição do I ivro de Roger Bastide, que é resumo de seus cursos universitários proferidos em São Paulo em 1939 e 1940, sai atualizada, . visto a obra ter sido escrita em uma época em que a sociologia das artes e da literatura ainda não tinha alcançado um· estudo científico.A conceção sociológica reinante na década de 1930 era a durkheimiana que relacionava mecanicamente causa e efeito. Hoje, esse determinismo mecânico é repelido e substituído pelas correlações funcionais. A sociologia da arte foi atingida pela nova corrente e Bastide, que a defende, é levado assim a introduzir modificações em sua· obra.Ao lado disso, o livro passa a contar com um apêndice referente às novas formas de arte, como, por exemplo, a fotografia, o rádio, a televisão e o cinema, que, ao contrário dos temas que o antecedem, é mais um programa de . pesquisa que uma síntese dos resultados conseguidos. Nos dois primeiros capítulos, o autor estuda a formação e o desenvolvimento da estética socioló-gica e o problema das origens das belas-artes relacionadas à sociologia. Para tanto, analisa as diversas correntes de pensamento que conduziram à fundação de uma estética sociológica: Durkheim, que examinara o problema da origem coletiva das belas-artes, mas que unira o seu sistema geral à tese spenceriana da arte, ou seja, arte como atividade de jogo, sem ensaiar a criação de uma e s t é t i c a original; Gabriel Tarde, que confundira a estética sociológica com uma questão de psicologia social; Le Play, que se limitara · a situar a arte numa nomenclatura; Augusto Comte que se servira da lei dos três estados, menos com uma finalidade teó-rica que prática, para mostrar que só a ordem da sociedade positivista permitiria o progresso das belas-artes.Também dois movimentos de idéias influíram particularmente sobre os espíritos e participaram da formação do clima intelectual que tornou possível uma estética sociológica: o romantismo e o pré-rafaelismo. Do romantismo chegase à idéia de que não há criação individual sem um prévio preparo social e popular. As obras de arte em geral só são possíveis e só vivem através das representações coletivas. Este pensamento se completa com o que se denomina de pré-rafaelismo: Ruskin foi o. seu profeta. Este celebra a arte medieval com o mesmo ardor com que celebrará a pintura inglesa turneriana; esta é "uma arte arraigada no povo, está ligada ao trabalho das corporações e à fé católica, é a emanação da cavalaria" (p. 14). A soma dos dois completa o clima sentimental para o surgimento da estética socioló-gica .Para a preparação intelectual, Bastide evoca Taine, que mostrava a sociedade suscitando ou condicionando o gênio; Guyau, por sua vez, mostrava o gênio criando uma nova sociedade. Os dois prepararam os caminhos, mas não fundaram uma estética sociológica, propuseram, no mais das vezes, sugestões, particularmente sobre à arte como criadora de novo.s meios.Quanto· ao marxismo, o autor imputa-lhe uma explicação da arte que auxiliou os espíritos a se familiarizarem com uma concepção sociológica da estética, pois "...
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