O objetivo deste artigo é discutir acerca do conceito de oralidade, proposto pela poética de Henri Meschonnic. Para fazê-lo, parte-se do questionamento da visão dicotômica da relação entre oralidade e escrita, presentes em Zumthor (1997), Marcuschi (2001) e Meschonnic (1985) e (1989/2006). Em um segundo momento, discute-se acerca da transformação dessa dicotomia na tripartição escrito, falado e oral, presente na reflexão de Meschonnic (1982), (1985), (1989/2006) e (1982/2009). Essa tripartição postula que o oral está tanto no escrito quanto no falado, o que provoca uma alteração na concepção de oralidade e a transforma em uma noção também literária.
INTRODUÇÃONo presente artigo, dedico-me a refletir acerca de uma temática que foi pouco discutida e, consequentemente, negligenciada nos debates que se circunscrevem aos estudos da linguagem, qual seja, a voz.Essa temática esteve presente em diferentes campos de estudos, conforme será percebido ao longo do texto, na filosofia, nos estudos da linguagem, nos estudos literários. No entanto, mesmo quando se elege a voz como objeto de investigação dentro dos estudos da linguagem, as discussões e reflexões não se circunscrevem apenas a esse domínio, mas fazem interfaces com outros campos de estudo, como é o caso de Fónagy (1983), que observa a voz sob a perspectiva cotidiana, artística, psicopatológica e ontogenética, e de Parret (2002), que o faz sob a perspectiva da semiótica, da psicologia da percepção, da retórica, da musicologia.Decorre desse tratamento interdiciplinar do elemento da voz a necessidade de partir das discussões de outros domínios do conhecimento, e mesmo das discussões através de itnerfaces, nos estudos da linguagem, para que se possa propor uma nova abordagem, um novo conceito de voz, a partir da perspectiva a que este trabalho se filia.De acordo com Meschonnic (1989Meschonnic ( /2006, "l'idée que vous avez du langage est votre portrait", ou seja, a visão de linguagem que sustentamos é o nosso retrato, não somente porque mostra o que pensamos sobre língua/linguagem, mas também a nossa concepção de sujeito, de subjetividade, da relação entre subjetividades, da relação
RESUMO Neste artigo, tomo o julgamento da obra Howl [Uivo], de Allen Ginsberg, ocorrido em 1957, nos EUA, como ponto de partida para discussões sobre linguagem, levantadas durante o processo. No decorrer do julgamento, questões que concernem desde a organização e funcionamento da linguagem poética até ao que pode ser dito ou não de acordo com as imposições de uma sociedade foram colocadas em questão. Busco, neste texto, portanto, discutir algumas dessas questões suscitadas por tal debate à luz de reflexões e apontamentos propostos pelo linguista Émile Benveniste e leitores de sua obra, tais como Gérard Dessons e Henri Meschonnic.
O objetivo deste artigo é problematizar a atividade teórica e a atividade poética, concebendo-as como solidárias. Essa discussão se torna possível, neste texto, a partir do resgate da concepção de linguagem proposta por Baudelaire, Benjamin e Agamben, em finais do século XIX e inícios e meados do século XX. É em Benveniste, no entanto, que encontramos a teorização e a reflexão linguística acerca dessa linguagem que é colocada no centro da constituição do conhecimento, do homem, da cultura, da sociedade. O percurso teórico aqui esboçado é que torna possível a discussão apresentada por Meschonnic, ao considerar que a atividade teórica e a atividade poética são solidárias.
Apresentação para o Dossiê - Leituras de Émile Benveniste
Este trabalho busca discutir a construção do objeto voz, a partir da concepção de linguagem enquanto uma antropologia histórica, conforme proposta em Meschonnic (2009), a partir da consideração das reflexões de Saussure e Benveniste. Para fazê-lo, em um primeiro momento, esta pesquisa discute sobre como se dá a relação entre voz e linguagem, a fim de constituir um ponto de vista teórico tanto para a reflexão acerca da linguagem quanto da voz. Em seguida, é colocada em questão a relação que se estabelece entre som e sentido, a partir do ponto de vista adotado no trabalho. Por fim, são levantadas questões referentes a como se dá a construção da significância na e pela voz, em textos e obras. Tal reflexão nos conduz a considerar o ritmo, as rimas, os ecos prosódicos, o silêncio, em uma atividade de escuta da enunciação. Palavras
O presente artigo tem por objetivo discutir acerca dos princípios semiológicos no pensamento de Ferdinand de Saussure e de Émile Benveniste, a fim de compreender de que forma esses princípios se erigem, bem como se inter-relacionam na reflexão de cada um desses linguistas. O ponto de chegada do texto é pensar em como, a partir da análise de tais princípios, pode-se observar a construção de um método de trabalho que caracteriza a linguística saussuriana e a linguística benvenistiana. Ademais, a reflexão aqui empreendida auxilia na compreensão acerca de como os linguistas explicaram o fenômeno da língua, considerando os diferentes pontos de vista, segundo os quais a analisaram.
O presente estudo versa sobre contemporaneidade, modernidade e subjetividade. Busca-se questionar, com Giorgio Agamben (2008, 2009) e Walter Benjamin (1987), o que é contemporâneo e qual sua relação com a chamada crise da poesia. Discutem-se, com Henri Meschonnic (1975, 2010, 2017), o caráter da modernidade, da subjetividade e elementos para a leitura do poema em sua particularidade, no infinito do sujeito. Com base nessa concepção de linguagem da ordem do contínuo, que busca a historicidade do poema, analisam-se poemas dos livros Carbono, Caderno inquieto e Lugar algum, de Tarso de Melo, assim como o seu recente poema Raiz e minério.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
hi@scite.ai
10624 S. Eastern Ave., Ste. A-614
Henderson, NV 89052, USA
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.