Gostaria de agradecer à professora Charlotte Galves pela orientação, ajuda, amizade e paciência durante o desenvolvimento desta pesquisa e em todos os anos de trabalho no projeto Tycho Brahe.À minha família pelo apoio e o incentivo sempre.
Este trabalho objetiva analisar as estratégias prosódicas relacionadas ao fraseamento prosódico e à configuração tonal associados à marcação de tópico e foco em sentenças declarativas do português brasileiro (doravante, PB), com enfoque no dialeto falado na cidade de São Paulo, ainda não descrito nesse sentido. Através da análise de dados produzidos por falantes de São Paulo, observou-se que as estratégias empregadas para a marcação prosódica de foco e tópico se assemelham às já descritas em estudos anteriores para outras variedades do PB (MORAES; ORSINI, 2003; ORSINI, 2005; FERNANDES, 2007; TRUCKENBRODT et al., 2009; FROTA et al., 2015; entre outros). Isto é, parece haver uma distinção entre os dois tipos de construção, uma vez que tópicos, independentemente da sua posição na sentença, tendem a formar sintagmas entoacionais (I) independentes, apresentando uma pausa e um tom de fronteira baixo ou alto na sua fronteira direita. Porém, expressões focalizadas não necessariamente formam um I independente, pois, em posição inicial, pode também ocorrer um acento frasal baixo associado à direita do sintagma fonológico (φ) que contém a expressão focalizada e, portanto, tal domínio está contido no mesmo I que contém o restante da sentença.
RESUMO: No presente trabalho investiga-se o funcionamento da vírgula no português europeu nos séculos XVI ao XIX em dois tipos de construções: antes de oração completiva e após sujeito e adjunto não-oracional ou oração dependente em primeira posição. Para tanto, utilizou-se um corpus com 24 textos de autores nascidos entre os séculos XVI e XIX. Observou-se que, nos séculos XVI e XVII, a vírgula servia mais para auxiliar na organização e leitura do texto, indicando relações discursivas e prosódicas. No entanto, nos séculos XVIII e XIX, embora a vírgula continue a servir para indicar o papel discursivo do sintagma pré-verbal, especialmente nos casos com um sujeito pré-verbal, antes de oração completiva tal função se perdeu, pois os autores passaram a dar maior atenção à relação de complementaridade entre verbo e argumento, preferindo não separar os dois. Um possível fator que teria favorecido tal mudança parece ser o fato de, a partir da segunda metade do século XVIII, com a maior difusão do Iluminismo em Portugal, os gramáticos terem passado a se preocupar mais com a norma e a sintaxe do português, que levou o sistema de pontuação a ser mais baseado na função lógico-gramatical.
O presente trabalho tem como objetivo compreender melhor o funcionamento do sistema de pontuação do português, dos séculos XVI ao XIX, focalizando o emprego de vírgula antes de orações completivas verbais. A escolha desse contexto de uso da vírgula não foi fortuita e se deu pela variação no uso de vírgula observada em textos literários escritos e publicados na época, e pela dificuldade dos gramáticos, até o início do século XVIII, em definir a distinção entre as orações completivas e relativas e, portanto, o uso de vírgula nesses tipos de construções também.Para tanto, foi selecionado um corpus composto por 14 textos de autores portugueses nascidos no mesmo período, do século XVI ao XIX. E, após a análise dos dados, observou-se que a maioria das orações tinha como regente um verbo do tipo dicendi, ou de pensamento, típicos de discurso relatado. Isso levou à hipótese de que a vírgula possuía uma função a mais, de introduzir um discurso relatado - além das já descritas pelos gramáticos -, corroborada pelo fato de, nos mesmos textos, haver ocorrências com dois pontos, já descritos como tendo a função primeira de introduzir citações, precedidos pelos mesmos verbos. Além de introduzir um relato, o uso de vírgula nos textos quinhentistas, embora à primeira vista pareça aleatório, poderia ser motivado pela presença ou não de um elemento interpolado, um sujeito ou uma oração, seguindo o verbo.Ademais, notou-se que, a partir do século XVIII, há uma queda progressiva na porcentagem de ocorrências com orações completivas precedidas por vírgula, quando tal uso não-convencional da vírgula teria caído em desuso. Ou seja, apesar do que as gramáticas da época mostram e alguns estudos, como o de Rocha (1997), afirmam, o modo de empregar a vírgula teria sofrido modificações desde a primeira metade do século XVIII.
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