O presente artigo analisa os diferentes modos de celebração da Festa do Divino Espírito Santo em Alcântara e em São Luís, ambas no Maranhão, destacando nelas, a Hospitalidade. As festas religiosas têm sido importantes no âmbito do Turismo, promovendo e mesmo incentivando o contato direto entre visitantes e visitados e demandando, portanto, acolhimento. Com metodologia qualitativa, os dados foram colhidos entre 2012 e 2014, através de observação participante e entrevistas abertas. A análise dos dados indica que as relações sociais entre os sujeitos se desenham pelo lúdico e pelo sagrado, muitas delas permeadas pela comensalidade em torno de alimentos servidos como parte do ritual religioso. Algumas singularidades, como a fidelidade ao sagrado no espaço católico, se mantêm em Alcântara, enquanto em São Luis a festa se estende aos ambientes de Terreiro de Mina, herança das expressões afro-brasileiras e quilombolas, mas ambas marcadas pela importância dada ao acolhimento dos participantes.
Júnior -CRB6/2422 O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correção e confiabilidade são de responsabilidade exclusiva dos autores. 2019 Permitido o download da obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem a possibilidade de alterá-la de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais. www.atenaeditora.com.br Universitário do Turismo. Campinas, SP: Papirus, 2004. COOPER; Chris, SHEPHERD; Rebecca, WESTLAKE;John. Educando os educadores em Turismo: manual em educação em turismo e hospitalidade.
A comensalidade faz parte do dia a dia dos sujeitos como forma de sociabilidade, troca, manutenção de práticas culturais e religiosas, indistintamente às origens étnicas e desde sempre. Assim, objetiva-se neste estudo compreender a comensalidade em suas nuances e sua relevância na Festa do Divino Espírito Santo de Alcântara (Maranhão) e Criúva (Rio Grande do Sul) enquanto acolhimento presente na festa. Para tanto, utilizou-se de método etnográfico para estudar o fenômeno da comensalidade que se evidencia na Festa do Divino Espírito Santo, após conhecer duas festas em Estados diferentes, Maranhão e Rio Grande do Sul, compreendendo os costumes destes lugares e de suas respectivas festas, suas crenças e tradições passadas por gerações para manutenção de uma prática cultural secular. Foi por meio do método etnográfico que a intimidade com esses costumes nos dois estados, extremamente antagônicos em práticas culturais, que foi possível conhecer as similaridades e peculiaridades das festas perscrutando intimamente essas particularidades com os festeiros e componentes do ritual de louvor ao Divino. A etnografia mediou algumas conclusões como a percepção sobre o fato de a comensalidade ser uma constante nas festas e trazendo à luz as duas festas, por se assemelharem na fartura dos alimentos, diversidade deles e na forma de receber o visitante ou o brincante sempre com um prato de comida.
A cidade de Alcântara (Maranhão) festeja anualmente o Divino Espírito Santo, sendo reconhecida pela peculiaridade de sua forma de saudar a divindade. O diferencial está associado à presença histórica, no local, de tradições que remontam à formação dos quilombos em seu entorno. Tanto os quilombos como a Festa do Divino, estão profundamente associados à própria história da cidade. As comunidades quilombolas, por sua vez, se distinguem entre si por suas tradições e historicidade, o que legitima reconhecer a Festa do Divino, em Alcântara, como algo singular frente às demais no Estado do Maranhão. Entre os diferenciais está a participação das ‘sacerdotisas do Divino Espírito Santo’, também conhecidas como ‘Caixeiras do Divino’. As Caixeiras têm no tambor o seu instrumento de identidade cultural e memória familiar. Elas, além de chefes de família e agricultoras, dedicam parte do seu tempo diário, ao longo do ano, à construção da Festa do Divino. Buscou-se então compreender como o turismo favorece o fortalecimento da identidade local das caixeiras do Divino Espírito Santo da cidade de Alcântara. A metodologia se baseia em levantamento bibliográfico e roda de conversa que sustentaram a investigação nas tessituras etnográficas, ao mergulhar-se na investigação sobre o modo de vida destas remanescentes de quilombo, quando da feitura da festa, preparativos, ensaios e momentos mais corriqueiros do dia a dia delas, na cidade de Alcântara. Os resultados apontam que as caixeiras são mais que símbolos da festa do Divino Espírito Santo, representam uma identidade cultural de base quilombola que a partir do fortalecimento do turismo cultural em Alcântara será possível disseminar e propagar este personagem como membro da cultura local, conforme destacaram diversos entrevistados. Conclui-se que o turismo cultural é uma possibilidade de valorização das caixeiras de acordo com o que se tem percebido nos últimos anos.
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