This is an investigation into the readings of the Portuguese colonization of America in the Brazilian independence process. The analysis was founded on periodical documentation published in Brazil between the years of 1821 and 1822 and references made by same to the Portuguese colonization of America, a diversified past, which is unified through discourse by means of adjectives such as "colonial" or similar expressions. In theoretical terms, the investigation was triggered by Reinhart Koselleck's view of the historical time, which was originated by the difference between experience and expectation and more specifically inserted in an ample debate, related to the formation of State and the Brazilian nation. It was important to understand how the readings of the past were used as political tools and how such readings in turn engendered the development of the idea of a specifically Brazilian history, thus justifying political projects that made the independence feasible. In broader terms, the INTRODUÇÃO Já é consenso na historiografia recente o anacronismo subjacente a expressões como "Brasil Colônia" ou "Período Colonial do Brasil" para referir-se à colonização portuguesa da América. Tais expressões sugerem que os protagonistas que a viveram soubessem que a América portuguesa viria a se constituir, no século XIX, num Estado nacional 1. Em outras palavras, elas partem da ideia de que a independência do Brasil já estaria prefigurada em um sentimento nacional anterior e progressivo que remontaria ao "Período Colonial". Francisco Adolfo de Varnhagen, autor representativo da historiografia brasileira, já no século XIX, começou a formular tal interpretação. Na Introdução de sua obra História da Independência, afirma que: Não encabeçaremos contando como o Brasil foi achado, nos fins do século XV (...) como deveu ser colonizado pelos portugueses, com auxílio sempre crescente de escravos africanos; como se fundaram nele as primeiras feitorias e as primeiras vilas, e como foi organizado em um só Estado, com um governador-geral e um bispado, em meado do século imediato. (...) Todos esses fatos são por nós extensamente tratados em outra obra, a que votamos o melhor dos nossos dias 2. Para Varnhangen, a história da colonização portuguesa da América é um elemento que conferia unidade ao Brasil antes mesmo de sua independência política, algo que se evidencia com as expressões "como deveu ser colonizado" e "como foi organizado em um só Estado...". Em Varnhagen, essa interpretação teve caráter proposital e ideológico e se deu quando a historiografia brasileira predominante no século XIX, "tomou para si a tarefa de conferir ao nascente Estado imperial uma base de sustentação mediante a moldagem de tradições e de uma visão organizada do que teria sido o seu passado" 3 , momento em que "projetos políticos surgidos em processos não
Conexões atlânticas nos anos de 1820: o paralelismo de ambientes intelectuais.Resultado de um projeto de pesquisa colaborativo, Connections after Colonialism. Europe and Latin America in the 1820s reúne as reflexões que tiveram lugar no simpósio "Re-thinking the 1820s", realizado em maio de 2009 na Trinity College, Cambridge. O evento contou com a presença de historiadores da Europa, América do Norte e América do Sul e se propôs a avaliar o jogo de continuidades e rupturas nas conexões -intelectuais, políticas, culturais e econômicas -entre Europa e América Latina na década de 1820, ao fim do processo das independências ibero-americanas.Na introdução, intitulada "Between the Age of Atlantic Revolutions and the Age of Empire", Matthew Brown e Gabriel Paquette dedicam-se a uma instigante reflexão a respeito do lugar dos anos de 1820 na historiografia. Afirmam que as conexões atlânticas durante essa década foram negligenciadas pelos pesquisadores. O paradigma da Era das Revoluções na tradição intelectual, ao enfatizar a ruptura das independências polí-ticas na América Latina, tendeu a ofuscar o fato de que a dissolução dos impérios ibéricos não rompeu abruptamente as relações entre o Velho e o Novo Mundo. Embora os organizadores da obra não neguem o alcance das mudanças provocadas pela dissolução dos impérios ibéricos e pelas revoluções de independência na América Latina, voltam os olhos para a persistência da "influência mútua entre o Velho e o Novo Mundo após a independência", procurando identificar elementos da reconfiguração dessa relação. O ofuscamento da década que a obra analisa também decorreu da ênfase do paradigma da História Atlântica no período compreendido entre 1500 e 1800, embora pesquisas recentes no interior desse paradigma tenham apontado para a necessidade de dar maior atenção ao início século XIX, como salientam os organizadores.Mais do que negar a operacionalidade dos paradigmas citados, os organizadores propõem outra abordagem na introdução. "Our approach is to move beyond the recognition of change and continuity within the age of revolution and to explore the untapped possibilities as well as structural limitations of both the age of revolutions and Atlantic history paradigms through analysis of one coherent and discrete unit of time". Os anos de 1820 são tradicionalmente vistos na historiografia como a consolidação do fim do período colonial ou como o início de algo que se tornaria importante posteriormente (os estados nacionais na América Latina), ou seja, como o término de uma era e o início de outra. Rejeitando esse enquadramento, os organizadores se perguntam, ainda na introdução, "how the historiographical picture might appear if we removed the 1820s from these paradigms and identified the shifts and transformations unique to this decade". Para Brown e Paquette, os anos vinte são uma unidade de estudo coerente. Foi a década de "planos não realizados", "rotas não tomadas", década em que os "clamores de liberdade" se colocaram contra "a parede de tijolos da resistência realista", quando a...
A leitura da colonização portuguesa da América no processo de independência do Brasil (1821-1822) Resumo Este informe de pesquisa apresenta proposições e desdobramentos de investigação de mestrado ainda em curso, sobre a leitura histórica da colonização portuguesa da América no processo de independência do Brasil, cuja pesquisa empírica está baseada na imprensa periódica publicada no Brasil entre 1821 e 1822. Pretende-se identificar, na documentação, as referências a um passado diversificado que é unificado pelo discurso através do adjetivo "colonial" ou expressões semelhantes. Objetiva-se demonstrar que a história da colonização portuguesa da América compreendida como uma trajetória peculiar e específica em relação à história de Portugal é forjada e utilizada como instrumento político para sustentar projetos de futuro que viabilizaram a independência.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
hi@scite.ai
10624 S. Eastern Ave., Ste. A-614
Henderson, NV 89052, USA
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.