Resumo: O debate acerca da questão ambiental carece de novos paradigmas para atingir um maior equilíbrio da totalidade complexa físico-biológica-antropológica. A prática moderna de criação de algumas Unidades de Conservação não dará conta de sustentar todo o ambiente complexo. A concentração de terra, renda e o consumismo são indícios de um ecossistema ameaçado. O povo indígena Guarani, tradicionalmente ocupante da Mata Atlântica, enfrenta conflitos com ambientalistas e são acusados de invasores de áreas preservadas. Reivindicam a devolução de seus tekoha, local onde podem viver seu modo de ser. Além de justa e legal reivindicação, os Guarani têm muito a contribuir para a formulação dos novos paradigmas. Mantêm uma relação de profundo respeito com o meio ambiente e suas práticas econômicas privilegiam a distribuição recíproca dos bens, sem acumulação. Palavras-chave:Guarani, Território, Meio Ambiente, Mata Atlântica, Unidades de Conservação. Abstract:The debate about the environmental question lacks new models to reach a greater balance of the total complexity physical-biological-anthropological. The modern practice of the creation of some Conservation Units won't be able to sustain this complex environment. The concentration of land, income and buying power are indicators of a threatened eco-system. The Guarani Indians traditionally occupants of the Atlantic Forest confront conflicts with environmentalists and are accused of being invaders of preserved lands. They vindicate the devolution of their Tekoha, place where they can live their way of life. Besides fair and lawful vindication, the Guarani have a lot to contribute to the formulation of new models. They maintain a relationship of profound respect of the environment and their economic practice privileges the reciprocal distribution of theirs goods, without accumulation.
O presente artigo analisa as ações de espionagem e repressão dos governos militares brasileiros sobre as organizações dos povos indígenas e seus apoiadores na região Sul do Brasil. A política indigenista no período de 1964 a 1985, passou por diferentes processos de investigação, como as Comissões Parlamentares de Inquérito no Congresso Nacional (1964, 1968, 1977); o inquérito instaurado por Jader de Figueiredo Correia para investigar as ações do Serviço de Proteção aos Índios; a extinção desse órgão e a criação da Fundação Nacional do Índio; as mudanças nos direitos indígenas na Reforma Constitucional de 1968; e, a criação do Estatuto do Índio (Lei 6001/1973). Essas ações, no âmbito administrativo e legal, geraram profundas mudanças nos cotidianos das comunidades indígenas. Apesar do amparo legal aos indígenas, as relações promíscuas dos servidores públicos com setores econômicos e a estrutura de exploração dos recursos naturais das terras Indígenas provocaram violências sem precedentes. O movimento indígena passou a ser considerado “subversivo” e altamente perigoso para o regime. Na última década do governo ditatorial, os indígenas se tornaram os inimigos internos a serem combatidos, e a criação e aparelhamento da polícia indígena fazia parte da rotina de controle exercida nos Postos Indígenas e nos Presídios Indígenas. Porém, a partir de 1974 eles não estão mais sozinhos, além de estarem articulados nas assembleias indígenas contam com apoio de um importante setor da Igreja Católica que também passa a ser atacada e espionada pelo Regime.
ResumoPara compreender a violência contra os Povos Indígenas no Brasil contemporâneo, faz-se necessário partir de uma análise sistêmica e de longa duração, considerando que ela incide fundamentalmente sobre a territorialidade de povos, seja nas disputas por terra, seja no impedimento de manifestarem-se livremente a partir de seus pressupostos culturais. Uma das chaves para compreender essa questão é pensar a violência a partir da Colonialidade do Poder, conceito proposto pelo sociólogo peruano Aníbal Quijano, analisando que mesmo com as independências das colônias dos impérios ibéricos, o poder colonial se manteve. A violência se configura através do "epistemicídio", pela tentativa de eliminação das práticas e saberes indígenas. Na contemporaneidade, a violência é fundamentalmente institucional, seja na ação do Estado brasileiro reduzindo direitos como a não demarcação dos territórios e a implantação de obras desenvolvimentistas que afetam esses povos, seja na omissão, imiscuindose e permitindo assassinatos e invasão das terras indígenas.
ResumoNeste artigo, desenvolvemos uma análise crítica do sistema de ensino no que tange às políticas universalizantes e os desafios para a educação escolar específica e diferenciada conquistada pelos povos indígenas. Na medida em que esses direitos específicos foram sendo alargados e tornados realidade, o Ministério da Educação criou diversos mecanismos que circulam na contramão, valorizando e exigindo conhecimento de saberes ditos universais. Como exemplo, tomamos os dados colhidos junto ao Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) relativos à avaliação das escolas indígenas em Santa Catarina nos anos de 2011 e de 2013 e constatamos que as mesmas ficaram entre as piores colocações no estado. Buscamos, então, compreender a metodologia e a ideologia que orientaram as avaliações, do que percebemos que há a imposição de conteúdos e de práticas metodológicas. A avaliação, sem respeitar suas particularidades, segue sendo uma maneira de impor aos indígenas a integração à "nação" brasileira. A partir dos conceitos de colonialidade, concluímos que, ao persistir esse modelo de avaliação, as notas baixas servirão como formas de resistência.Palavras-chave: Educação escolar. Avaliação. Resistência.
A partir da análise do processo de demarcação da Terra Indígena Morro dos Cavalos, localizada no município de Palhoça, estado de Santa Catarina, buscaremos compreender o relacionamento do Estado brasileiro com essa população indígena. Apesar da Comunidade Indígena ainda não estar na posse definitiva da terra, para efeitos legais ela está Declarada. Ao longo do processo, que teve início em 1993, a participação da Comunidade Indígena tem sido decisiva na conquista de novas etapas e na definição dos limites atuais. Interferências de várias ordens tem gerado tensões e abalos na comunidade, inclusive expondo o grupo e o processo de demarcação à opinião pública nacional, quando uma revista de circulação nacional fazia referência ao grupo como sendo estrangeiros. É nesse contexto que buscaremos analisar o processo de conquista da terra e conquista da cidadania.
La obra de Bartomeu Melià S.J. (1932-2019) representa un aporte inconmensurable a la ciencia paraguaya en diversas disciplinas como la lingüística, la historia, la etnohistoria, la antropología, la etnología y muchos otros sub-ámbitos de elaboración práctica y teórica. Basada en una particular aproximación a las realidades de las minorías étnicas y un sentido innovador del ejercicio religioso, para luego transferirla a posturas intelectuales críticas a la sociedad de múltiples formas, la vida y obra de Melià son ejemplos de excelencia y compromiso intelectual que este artículo intenta restituir a modo de semblanza y homenaje y no de manera exhaustiva, aliando descripción biográfica con elementos cualitativos destacados.
A presente proposta deseja apontar elementos e analisar o contexto da escola para a o povo Guarani, identificando as assimetrias entre a educação escolar e as práticas sócio-culturais do referido povo. Partimos do pressuposto que a escola é o principal instrumento de dominação epistêmica e que sem transformações profundas na sua concepção a vivência do bem viver no seio desse povo fica comprometido. O referido artigo terá como elemento central a análise dos Estados Nacionais e suas práticas de imposição do conceito de Estado Nação como negação das culturas. A Nação Guarani, que há milhares de anos ocupa uma vasta região da bacia platina e litoral atlântico, teve seu território ocupado pelas potencias ibéricas e posteriormente, no século XIX, pelos Estados Nacionais. Além dos contextos de violações culturais, físicas e territoriais, esse povo foi considerado transitório e sobre ele foi imposto o colonialismo epistêmico, de modo que na contemporaneidade as fronteiras nacionais atuam como “Muros de Berlin” levando-os a historicidades diferentes. Desse modo, nossa proposição será de analisar esse contexto a luz dos fundamentos teóricos da decolonialidade e perceber como a escola atua no sentido de negar os conhecimentos próprios do povo e de introduzir conceitos das sociedades ocidentais. Também analisaremos as ações Guarani na difícil tarefa de desconstruir a escola e dar-lhe novo sentido.
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