O presente artigo foi elaborado a partir da pesquisa Esporte e lazer na formulação de uma política pública intersetorial para a juventude: a experiência do PRONASCI, desenvolvida enquanto dissertação de mestrado da autora, na Universidade de Brasília, Programa de Pós-Graduação em Educação Física – 2010. O desafio que nos leva a construir reflexões acerca da temática da intersetorialidade parte do momento em que nos deparamos com o esporte e o lazer passando a comporem o rol das políticas sociais, ao, gradualmente, começarem a alcançar o status de direito social e, ao mesmo tempo, sendo desafiados a assumir um caráter intersetorial. Se conquistar o espaço de política pública, reconhecida como direito social, representa uma árdua tarefa, fazê-lo acontecer como proposta democrática, descentralizada, universal e intersetorial, demanda muito esforço e clareza por parte dos gestores e da população em geral.
RESUMO Este artigo traz reflexões acerca de como a sociedade capitalista e patriarcal afeta a relação das mulheres com seu tempo e com seu lazer. Com o objetivo de mapear atravessamentos na relação entre mulheres, lazer e família, a partir de uma pesquisa com movimentos sociais brasileiros de mulheres, realizei um estudo bibliográfico, análise documental e entrevistas com lideranças de movimentos feministas brasileiros. Os resultados apontaram para aspectos macro e micropolíticos que colocam o lazer das mulheres em segundo plano nas reivindicações de tais movimentos. O vínculo estreio com o modelo de família apareceu como uma das motivações que afeta o lazer como direito pessoal. Trago para a reflexão alguns dos aspectos identificados.
Resumo: O objetivo deste estudo é refletir sobre a relação entre mulheres, lazer e trabalho, considerando os dados coletados pela pesquisa Lazer no Brasil, a partir de análise quanti-qualitativa. Para tanto, optamos por descrever e tratar os resultados, buscando inter-relacionar e articular os dados com outras pesquisas e vinculações teóricas, com base no entendimento do lazer como direito social, e considerando as diferenças e desigualdades de gênero, atravessadas pelas questões de raça e classe. Os resultados nos permitiram observar a existência de disparidades entre o que as mulheres gostariam de vivenciar no tempo livre e o que de fato conseguem. Além disso, identificamos a presença de barreiras para a garantia do direito ao lazer, principalmente pela falta de tempo, vinculada às questões relacionadas às tarefas culturalmente entendidas como função das mulheres, seguida da falta de recursos financeiros.
Neste artigo trazemos uma análise acerca da relação mulheres e lazer, presente nas conferências e nos planos nacionais de políticas para as mulheres. Até o momento, as cinco conferências nacionais e os três planos delas derivados nos permitem perceber que a temática do lazer se faz timidamente presente nas demandas, quase restrita às situações em que um rol de direitos é reivindicado. No entanto, a participação dos órgãos governamentais responsáveis por políticas que envolvem lazer na elaboração dos planos, a exemplo dos ministérios da Cultura e do Esporte, interfere no resultado, favorecendo a inclusão da temática. O lazer, quando mencionado, é tratado como vivência significativa, humanizada, integrada e contextualizada, sem ênfase ao viés compensatório. Embora não esteja invisível, é possível perceber que esse direito social ainda é pouco demandado pelo segmento mulheres.
Esta investigação faz um mergulho no agenciamento que trata do lazer em movimentos sociais que defendem direitos das mulheres brasileiras, aqui representados pela Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB), pela Marcha Mundial de Mulheres (MMM), pela União Brasileira de Mulheres (UBM) e pelos setores que representam as mulheres da Confederação dos Trabalhadores na Agricultura (CONTAG), da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e da União Nacional dos Estudantes (UNE), com o objetivo de cartografar os territórios que compõem possíveis relações entre mulheres e lazer na pauta desses movimentos. A metodologia adotada para a construção do conhecimento utiliza-se da pesquisa bibliográfica, da análise documental - que, além dos seis movimentos, envolveu as conferências e os Planos Nacionais de Políticas para as Mulheres - e das narrativas das lideranças dos Movimentos Feministas participantes da pesquisa, obtidas por meio de entrevistas semiestruturadas. A apresentação final do trabalho remete a uma mesa de negociações de pautas, organizada com rodada de apresentações, análise de conjuntura, ordem do dia, carta do encontro e avaliação. As relações estabelecidas partem das dificuldades enfrentadas pelo lazer para compor as pautas dos movimentos sociais, das conferências e dos planos. As conexões entre o referencial bibliográfico, a análise documental e as narrativas das lideranças apontam para aspectos macro e micropolíticos que contribuem para essas dificuldades e compõem a cartografia empreendida. Tais aspectos relacionam a ausência do lazer e a forma como, por vezes, ele se faz presente na vida das mulheres a questões como: o lugar e o papel da mulher na sociedade; a amplitude dos marcadores identitários que constitui o segmento mulheres; as jornadas de trabalho vividas pela maior parte delas; o cuidado para com os/as outros/as tomando o tempo e o espaço do cuidado de si; o excesso de preocupações imposto pelas responsabilidades assumidas; a amplitude, complexidade e subjetividade que envolvem a temática do lazer; o espaço público como espaço pensado por uma lógica masculina e excludente; a mercantilização do lazer interferindo no sentido e nas possibilidades de acesso e o não reconhecimento do lazer como direito. Como desafio, me propus, ainda, a estabelecer esboços que criam linhas para um novo agenciamento que levaria a um possível devir de lazer feminista.
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