Acompanhando a dinâmica recente no modo de acumulação nacional, no qual o capital avança e se reproduz em espaços diferenciados de forma desigual, verifica-se uma fragmentação institucional da gestão metropolitana, facilitada pelos novos arranjos federativos proporcionados pela Constituição Federal de 1988, firmando-se, a partir daí, um conjunto de novas metrópoles regionais. Nesse contexto, foi instituída, através da Lei Complementar Estadual nº 78 de 2009, a Região Metropolitana do Cariri – RMC/Ce. Este ensaio propõe, portanto, apontar elementos sobre as centralidades urbanas da região, na perspectiva de refletir sobre as condições metropolitanas existentes na mesma. Reconhece-se, a partir das análises, que o processo de criação da RMC se dá muito mais influenciado por fatores políticos e necessidade de benefícios fiscais, do que o reconhecimento da existência de características metropolitanas. Destaca-se, ainda, o desafio imposto às políticas públicas para pensar o desenvolvimento local a partir de uma realidade regional onde são explícitas as assimetrias nos níveis de desenvolvimento socioeconômico entre os municípios.
Resumo: A região do MATOPIBA, formada pelos municípios fronteiriços dos estados do Maranhão (MA), Tocantins (TO), Piauí (PI) e Bahia (BA), é apontada na literatura como a última fronteira agrícola do país, resultante do avanço do agronegócio e do crescimento de um modelo de produção apoiado em alta mecanização. Nesse sentido, o objetivo deste estudo é analisar a situação da modernização agrícola dessa extensão geográfica no ano de 2017. Para isso, as metodologias empregadas consistem na aplicação da Análise Fatorial (AF), Análise Exploratória de Dados Espaciais (AEDE) e na estimação do modelo espacial SAC, tendo como variável dependente o Produto Interno Bruto (PIB) agropecuário e como variáveis independentes os fatores obtidos pela AF. Os resultados encontrados indicaram a presença de sete fatores; e apenas o intensivo em capitalização da atividade agrícola (F1), intensivo em exploração do fator terra (F2) e intensivo em máquinas e implementos agrícolas tradicionais (F3) foram estatisticamente significantes. Portanto, é possível concluir que foi identificada a concentração de alguns fatores em determinadas áreas e que a região precisa de maiores investimentos para que possa se consolidar como uma fronteira agrícola.
A região do semiárido é vista, em âmbitos acadêmico e institucional, como um território que apresenta históricos recorrentes de vulnerabilidades, sendo esta última entendida como o não atendimento das necessidades básicas à sobrevivência dos indivíduos, que envolve elementos relacionados a saúde, educação, renda e saneamento básico. Com base nisso, tem-se que, nos últimos anos, o semiárido cearense apontou para a necessidade de cuidados específicos, mecanismos de desenvolvimento sociais e econômicos apropriados, além da carência de políticas públicas que atentem para os problemas enfrentados pela região. O objetivo deste estudo é criar um índice que mensure os níveis de vulnerabilidade do semiárido cearense, mediante a proposição do Índice de Vulnerabilidade Socioeconômica (IVSE), a partir da metodologia de Análise Fatorial (AF) e com dados extraídos do Censo Demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no ano de 2010. Os resultados apontaram para a criação de três fatores, nomeados de condições socioeconômicas, condições demográficas e condição saúde, respectivamente. Então, conclui-se que existe uma grande heterogeneidade na vulnerabilidade socioeconômica nessa região. Ademais, salienta-se a necessidade de um redimensionamento do papel do Estado em áreas consideradas estratégicas, como a saúde, educação e geração de empregos e renda, tendo em vista que foram identificados níveis altos de vulnerabilidade na região estudada. Palavras-chave: Vulnerabilidade. Semiárido. Ceará. Análise Fatorial. Desenvolvimento.
A noção emergente de desenvolvimento territorial é, por definição, multidimensional e se apresenta útil para pensar alternativas e estratégias para o desenvolvimento em espaços rurais e urbanos. Um desenvolvimento que não permita a degradação dos ecossistemas e amplie as desigualdades sociais. O artigo tem por objetivos problematizar a dimensão natural na abordagem territorial do desenvolvimento e aportar elementos que auxiliem na realização de diagnósticos e apoio à prospecção de cenários de desenvolvimento territorial. Para atingir tal objetivo se valeu de revisão bibliográfica e mobilizou-se quatro categorias conceituais: os geossítios e o patrimônio geológico que podem ser usados como diretrizes para a promoção do desenvolvimento territorial; os agroecossistemas como lócus principal de expressão do desenvolvimento sustentável; a vulnerabilidade ambiental urbana como forma de garantir o direito à cidade, a qualidade de vida e o bem-estar das populações urbanas; a cesta de bens e serviços territoriais como enfoque teórico-metodológico de orientação dos processos de valorização de recursos e ativos territoriais que aportam desenvolvimento. Em conclusão, isolar uma única dimensão, a natural, aporta complexidade e as categorias apresentadas podem lançar luzes, aportar indicadores/variáveis, para subsidiar a realização de diagnósticos e prospecção de cenários que considerem a dimensão natural do desenvolvimento territorial.
O artigo trata dos níveis de vulnerabilidade ocupacional na região metropolitana do Cariri, onde se propõe indicadores a fim de medir os níveis de exposição à precariedade do trabalho naquele espaço baseados nos microdados do censo demográfico brasileiro de 2010. Registra-se que a região é marcada por elevados níveis de vulnerabilidades, caracterizadas principalmente pela informalidade intercalada com baixo rendimento. Os subespaços da região metropolitana, seja rural ou as cidades menos desenvolvidas, acentuam ainda mais esses níveis de vulnerabilidade, evidenciando a necessidade de promoção do trabalho em condições decentes.
A dimensão natural é apenas uma das dimensões inerentes ao tema desenvolvimento, considerado multidimensional por definição. Pensar e agir nos processos de desenvolvimento territorial requer equipes multi/interdisciplinares, para evitar falsas e equivocadas interpretações que assumem o desenvolvimento como sinônimo de crescimento econômico. O texto propõe lançar luzes, pistas, sobre um conjunto de componentes e variáveis pertinentes à dimensão natural, que podem orientar processos de desenvolvimento nos territórios. Para tal, valeu-se de revisão bibliográfica e sistematização das vivências da equipe de pesquisadores. Na abordagem da dimensão natural a equipe propôs cinco componentes: (Bio)Geodiversidade, Agroecossistemas, Vulnerabilidade Ambiental Urbana, Cesta de Bens e Serviços Territoriais, Política de Estado para a Sustentabilidade. Cada componente consiste em um conjunto de variáveis, com seus respectivos instrumentos de coleta de dados e escala de classificação. O esforço empreendido caminhou em direção à proposição de uma matriz de componentes e variáveis para a mensuração de um Índice que representa a Dimensão Natural (IDN) nos processos de desenvolvimento territorial.
Este ensaio se propõe ao entendimento de como tem sido processada a inserção da mulher negra no mercado de trabalho do Nordeste. Utiliza-se de metodologia descritiva, com base em revisão de literatura e na análise de dados secundários, que ocorre sob a perspectiva de raça e gênero, através da definição de quatro categorias: mulher negra (preta e parda), mulher não negra, homem negro (preto e pardo) e homem não negro. Os dados são provenientes dos microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), para os anos de 2005 e 2014. Os resultados mostram que melhoria das condições econômicas e do mercado de trabalho experimentada pelo Brasil, especialmente nos anos 2000, ampliam as oportunidades reservadas às mulheres e se estendem, embora de forma diferenciada, condicionando um novo padrão de inserção das mulheres negras no mercado de trabalho. Todavia, apesar da melhoria inconteste de um conjunto de indicadores relativos à mulher negra, como o meselhor ritmo de crescimento da população ocupada, queda mais intensa do desemprego, maior variação da média de anos de estudo, além de ganhos significativos de participação em melhores faixas de escolaridade, a face do desemprego e da informalidade ainda é negra e feminina, o que demonstra o longo caminho a ser percorrido em busca de políticas mais inclusivas e focalizadas para a eliminação e não apenas suavização de disparidades e segregações.
O setor de cerâmica vermelha exerce demasiada influência econômica, social e ambiental no cenário nacional e internacional, constituído, majoritariamente, por empresas de pequeno e médio porte. No entanto, a forte influência ambiental negativa que este segmento ocasiona é notado deste o início do processo produtivo. Nesse sentido, propõe-se, nesse trabalho, um estudo da percepção ambiental dos trabalhadores da indústria de cerâmica vermelha do município de Crato, no Ceará, a partir da construção de um Índice de Avaliação da Percepção Ambiental (IAPA). O processo metodológico utilizado é a análise descritiva exploratória, por meio de uma pesquisa primária, com dados coletados a partir da aplicação de questionários. O resultado final apontou que os trabalhadores têm um nível intermediário de percepção ambiental da indústria de cerâmica vermelha do município. Pode-se concluir que pelo conjunto de indicadores é possível constatar que os trabalhadores percebem, com mais intensidade, os fatores ambientais que estão muito ligados ao seu cotidiano, principalmente quanto os afetam diretamente. Por sim, este artigo contribuiu muito com a literatura, uma vez que mostra a visão dos trabalhadores das cerâmicas do município de Crato sobre os impactos ambientais causador por tais empresas. PALAVRAS-CHAVE: Percepção Ambiental. Trabalhadores. Cerâmica Vermelha.
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