Esse artigo busca apresentar o conceito de problematização, tal qual elaborado pelo filósofo francês Michel Foucault, bem como pensar seu potencial interesse para os pesquisadores do campo educacional. Valendo-nos das leituras empreendidas por James Marshall sobre tal noção, argumentamos que tal conceito possibilitaria fomentar uma espécie de revitalização das pesquisas desenvolvidas na área, mormente aquelas filiadas ao diapasão teórico foucaultiano. Não se trata apenas de empreender uma discussão conceitual, mas de retomar uma atitude investigativa foucaultiana passível de ser sintetizada no dito: “tornar difíceis os gestos fáceis demais” (Foucault, 1994, p.179).
RESUMO -Experimentações com a Pesquisa Educacional Deleuze-Guattariana no Brasil1 . Este artigo busca apresentar algumas imagens da produção educacional inspirada no dispositivo conceitual elaborado pelo filósofo Gilles Deleuze e pelo psicanalista Félix Guattari. Buscaremos evocar algumas sensações, ainda que difusas, emergentes de nosso encontro com um arquivo constituído de 565 artigos publicados em 44 periódicos educacionais, qualificados como A1 e A2 pela CAPES, no intervalo 1990-2013. Por meio desta análise, pretendemos delinear certas linhas de forças constitutivas dessas produções de pensamento, tendo em vista matizar algumas composições -preponderantes ou efêmeras -emergentes nesses estudos. Palavras-chave: Gilles Deleuze. Félix Guattari. Pesquisa Educacional.
ABSTRACT -Experiments with Deleuze-Guattarian Educational Research in Brazil.This article seeks to present some images of the educational production inspired by the conceptual device developed by the philosopher Gilles Deleuze and the psychoanalyst Felix Guattari. Seek to evoke some feelings, although diffuse, emerging from our meeting with a file consisting of 565 articles published in 44 journals as qualified educational A1 and A2 by CAPES, in the range . By this analysis, we intend to delineate certain lines of forces of these constitutive production of thought, in view of some tinting compositions -overweight or ephemeral -emerging.
Esse artigo abordará o conceito de experimentação presente no pensamento de Gilles Deleuze, mormente em suas obras escritas em parceria com Félix Guattari. Defendemos que, ao longo de Capitalismo & Esquizofrenia, o termo experimentação aparecerá de maneiras distintas nos dois tomos constitutivos da coleção. Em O Anti-Édipo, tal conceito restaria refém de certas discussões deleuzianas sobre arte, tal qual aquelas que tomaram corpo no livro Proust e os signos, de 1964. Ao longo da década de 1970, porém, após as leituras da obra de Espinosa realizadas por Deleuze, a noção de experimentação ganhará um outro acento, aparecendo em Mil Platôs e, posteriormente, em O que é a Filosofia? como uma espécie de arte das composições. Haveria, assim, uma aproximação gradativa, quando desse deslocamento, de certas discussões vitalistas empreendidas por Deleuze a partir do espinosismo.
O presente estudo visa traçar modos de difusão e apropriação do pensamento de Gilles Deleuze e Félix Guattari no Brasil, a fim de apreender as implicações no campo educacional brasileiro. Metodologicamente, o estudo traça as condições de emergência dessas formas de apropriação, tomando o vetor midiático Jornal Folha de São Paulo como estratégico eixo de investigação. Em seguida, analisa de que modo o trabalho conjunto dos pensadores franceses, fundamentado numa política de escrita, modula as formas de experimentação com seu pensamento. Como resultado, a pesquisa aponta que o campo educacional recusa uma polarização entre formas ascéticas e exegéticas, buscando construir um campo de experimentação situado entre ambas.
Este artigo objetiva pensar o debate envolvendo a questão da literalidade na obra de Gilles Deleuze, mormente naquela escrita em parceria com Félix Guattari, a partir de um recuo pelo pensamento do filósofo Henri Bergson. Apresentada como um modo singular de operar com a escrita, a literalidade deleuze-guattariana exigiria que determinadas formulações, mormente aquelas de teor imagético fossem lidas ao pé da letra (a la lettre) ao invés de interpretadas como metáforas. Tendo adentrado em nosso país por meio do dossiê Entre Deleuze e a Educação, publicado em 2005 no periódico Educação & Sociedade, a questão da literalidade fomentou uma discussão acalorada, nomeadamente no campo educacional – dado o fato de um dos participantes, François Zourabichvili, propor uma pretensa teoria de ensino deleuzeana a partir dessa noção. Longe de querer encerrar tal debate, almejamos pensá-lo sob a égide do pensamento bergsoniano, a fim de propor um escape do binarismo estabelecido.
Resumo: Esse ensaio buscará sondar as relações entre filosofia e literatura, no pensamento de Gilles Deleuze, a despeito de sua parceria conjunta com Félix Guattari, atentando tanto para as concepções de escrita expressas ao longo de sua obra quanto para o modo como essas concepções teriam influenciado o estilo de seus escritos filosóficos. Partindo da premissa deleuziana de que a escrita possui um acentuado lastro clínico, sendo a responsável pela elaboração de um diagnóstico das forças capazes de aprisionar ou calar a vida, procurar-se-á esmiuçar as ressonâncias desse lastro clínico, na concepção de filosofia como ato criativo, elaborada pelo autor. Como hipótese a ser aqui trabalhada, defende-se que a escrita deleuziana - compreendida como portadora de uma literalidade, conforme sustenta François Zourabchivili, ou como encrustada de uma poética imanentista, tal qual sugere Anita Costa Malufe - procuraria produzir uma zona de vizinhança ou indiscernibilidade entre a escrita filosófica, de caráter mais exegético, e a escrita literária, mais afectiva, de modo a produzir um deslocamento na relação do leitor com o ato de pensar.
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