Introdução: A criptococose vem assumindo um papel relevante dentre as infecções fúngicas oportunistas por ser considerada uma das micoses mais comuns nos indivíduos imunodeprimidos apresentando elevada morbidade e mortalidade, com cerca de 650.000 mortes por ano em todo mundo. Esta doença é causada pelos fungos leveduriformes encapsulados Cryptococcus neoformans e Cryptococcus gattii. O C. neoformans acomete pacientes imunocomprometidos, já o C. gattii, vem se tornando um grave problema de saúde pública, pois é capaz de acometer pacientes imunocompetentes. Fato que promove ainda mais preocupação é o fato de existir escassos medicamentos antifúngicos disponíveis, que possuem elevada toxicidade e já apresentam resistência por mecanismos pouco elucidados. Diante destas circunstâncias, estratégias farmacológicas vem sendo estudadas e desenvolvidas, inclusive empregando extratos de plantas com potencial terapêutico. Neste sentido, o estudo do efeito antifúngico do extrato aquoso das folhas de Eugenia dysenterica (Mart.) DC sobre isolados de Cryptococcus spp foi realizado. Objetivos: Identificar isolados clínicos de Cryptococcus spp. por métodos clássicos, bioquímicos, manuais e automatizados, moleculares e por espectrometria de massa, visando caracterizá-los fenotipicamente e genotipicamente, e avaliar o perfil de susceptibilidade aos agentes antifúngicos convencionais e ao extrato aquoso bruto de Eugenia dysenterica. Materiais e métodos: Neste estudo, 20 isolados clínicos contendo Cryptococcus spp. foram submetidos a identificações microscópicas (tinta nanquim e hidróxido de potássio), provas bioquímicas manuais (assimilação de glicina, produção de urease e melanina), provas bioquímicas automatizadas, PCR-RFLP e espectometria de massa (MALDI-TOF). Além disso, foi realizado teste de suscetibilidade a antifúngicos convencionais e microdiluição em placa para o extrato aquoso de folhas de E. dysenterica. Resultados: A partir da diversas metodologias empregadas obtivemos a caracterização das espécies (12 C. neoformans e 8 C. gattii) e variantes (12 VNI e 8 VGII), assim como a presença de resistência aos antifúngicos usuais (3 casos de resistência a Anfotericina B). Além da demonstração do efeito antifúngico do extrato de E. dysenterica. Conclusão: Neste estudo, visualizou-se o predomínio da espécie C. neoformans VNI frente a C. gattii VGII, em consonância com os estudos já realizados e as informações epidemiológicas existentes, e que esta caracterização é fundamental para fins terapêuticos e de saúde pública, diante do quadro de limitação de tratamento e iminentes casos de resistências a antifúngicos. Além disso, fornece subsídios para que o extrato aquoso de E. dysenterica seja considerado a um forte canditado na elaboração de novos fármacos antifúngicos.
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