Io mês de fevereiro de 2013, a revista Carta Capital publicou diversas matérias sobre cultura, mais precisamente sobre o chamado "vazio cultural", que seria, segundo o diagnóstico da revista, a característica definidora do tempo presente.O fio condutor da reportagem é a relação entre os ciclos da economia brasileira e as manifestações culturais. Três períodos são destacados.O primeiro, que se inicia com a revolução de 30, trouxe consigo um conjunto de pensadores com interpretações relevantes sobre o Brasil: Sérgio Buarque de Holanda, Gilberto Freyre, Caio Prado Jr. Na literatura, a centralização federativa provocou uma reação expressa no romance social, revelando autores como Jorge Amado, Raquel de Queiroz e, principalmente, Graciliano Ramos. A música popular revelou Ary Barroso, Dorival Caymmi e tantos outros mestres.Um segundo ciclo, inicia-se nos anos JK e se estende até 1968. É um momento de modernização capitalista e desenvolvimento industrial, que foi acompanhado, no plano cultural, pelo surgimento do cinema novo, do teatro de Arena e do teatro Oficina, do CPC da UNE, da arquitetura de Oscar Niemeyer, da bossa-nova e dos compositores da MPB (como Chico, Milton, Edu Lobo etc.) e do tropicalismo. E hoje? Depois de 12 anos da era Lula, as políticas de inclusão social e de incentivo à educação e à cultura, o que se pode dizer? O tom geral da revista é de desânimo: estamos vivendo um vazio cultural. A superestrutura caminha vagarosamente e parece não querer acompanhar o desenvolvimento social... Essa mesma percepção acompanha muitos estudantes que se voltam para o passado com olhos nostálgicos, deixando transparecer que eles prefeririam ter nascido noutros tempos, quando as coisas importantes aconteciam...De fato, toda a movimentação cultural da década de 1960 gravitou em torno do público estudantil e da classe média escolarizada. Esse segmento conheceu um vertiginoso crescimento. Marcelo Ridenti (2013)
M JANEIRO de 1968 Lucien Goldmann organizou, em Royaumont, um encontro para se discutir estética. Na mesa, ao seu lado, estavam Agnes Heller, discípula de Lukács, e Theodor W. Adorno. A expectativa era grande, já que a animosidade teórica entre Lukács, Adorno e Goldmann vinha de longe.
"não existe nenhuma possibilidade de evitar o poder da desconexão mediante a organização dos desconectados?" s reflexões pioneiras de Brecht sobre o rádio estão sintetizadas num conjunto de breves artigos sobre esse então novo meio de comunicação, escritos entre 1927 e 1932, no mesmo período das "peças didáticas". 1 em ambas as intervenções encontram-se o apelo à participação, o incentivo para que o mundo do trabalho tome a palavra. os conhecimentos teóricos do teatro épico, diz Brecht, podem e devem ser aplicados à radiodifusão.o novo teatro e o novo meio de comunicação caminham juntos para realizar o imperativo de interatividade, deixando para trás o antigo conceito que via a cultura como uma forma que "já está constituída" e, portanto, "não carece de qualquer esforço criativo continuado".o "esforço criador", tanto no teatro como na radiodifusão, não se contentava com o "aprimoramento" dessas entidades, de abastecê-las com bons produtos, mas visava à sua transformação radical. vale aqui lembrar a famosa passagem de "notas sobre Mahagonny", escritas em 1930: a engrenagem é determinada pela ordem social; então não se acolhe bem senão o que contribui para a manutenção da ordem social. uma inovação que não ameace a função social da engrenagem [...] pode por ela ser apreendida. Mas as que tornam iminente a mudança dessa função e procuram dar à engrenagem uma posição diferente na sociedade [...] é renegada por ela. a sociedade absorve por meio da engrenagem apenas o que necessita para sua perpetuação. (Brecht, 1967, p.56) Brecht não tinha ilusões sobre a capacidade de cooptação e neutralização do sistema, e, como marxista, observou muito antes de adorno o primado da produção sobre o consumo dos bens simbólicos ao afirmar que "é a engrenagem que elabora o produto para consumo".as radicais e muito criativas teses brechtianas sobre o rádio e o teatro exprimem, como não poderia deixar de ser, o momento histórico vivido pelos intelectuais alemães, ainda marcado pelo entusiasmo provocado pela revolução russa de 1917 e pela certeza de que a revolução, abortada na alemanha em 1919, em breve triunfaria. a agitação política do período foi acompanhada de uma intensa fermentação cultural em que se discutiam o esgotamento das formas tradicionais de se fazer arte e a busca de novas formas de comunicação. nesse sentido, os alemães reproduziram em boa parte o debate russo sobre o novo papel da arte na sociedade a ser construída. 2 a
A questão do sujeito no processo comunicacional é tratada por Goldmann num registro teórico derivado de seu método-o estruturalismo genético que o levou a distanciar-se tanto das visões existencialistas (que privilegiam o sujeito individual), quanto do estruturalismo (que ontologiza a linguagem). A tese goldmanniana de um sujeito trans-individual repõe as relações entre a vida social e a criação cultural num plano bem específico. Dentre os vários textos publicados pelo autor, o que melhor explicita o seu projeto de uma sociologia da cultura é Le dieu caché.
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