Na área denominada como "saúde da população negra", cresce o interesse pela afro--descendência e pelas chamadas "doenças raciais". Concomitantemente, mapeamentos genéticos têm sido feitos com o intuito de deslegitimar a "raça", com base na afirmação da miscigenação como a "verdadeira identidade" do povo brasileiro. Neste artigo, essas questões serão discutidas tendo em vista o modo como a legitimidade e a autoridade da biologia estão sendo mobilizadas para justificar posições políticas. A produção de identidades mediadas pela genética não será aqui discutida como processo de "naturalização", "geneticização" ou mesmo "biologização" da sociedade. Trata-se de uma "política da representação" que reproduz dicotomias -entre ciência e política, por exemplo -num movimento intenso de hierarquização de predicados e produção de substâncias. A crítica a essa política se faz necessária como uma crítica política à determinação biológica e a sua lógica substancialista e de revelação.
ResumoA proposta dessa tese é pensar a ciência e a arte em suas criações de políticas que se efetuam por entre corpos, tempos e sujeitos. A ciência será discutida através do modo como ela mobiliza e é mobilizada numa política de identidades, tomando-se como horizonte o tema da raça e do racismo no Brasil, e as estratégias adotadas no jogo de forças que colocam esse tema sob disputa. Nela, uma identidade negra, arquitetada através de evidências científicas, será acionada na denúncia e combate às desigualdades. A reação virá na figura de um Homo brasilis que torna a miscigenação, através de mapeamentos genéticos, a natureza da sociedade brasileira à qual somente os cientistas teriam acesso. Uma estratégia de despolitização da disputa. O pressuposto será o de que, a despeito dessas controvérsias, todos estão a se emaranhar enquanto linhas de um dispositivo pele-rosto-DNA marcado pela cientificidade, identificação e por uma política da representação que toma o corpo como realidade orgânica e visível a ser usado como parâmetro de julgamento e testemunho da autenticidade das identidades. Será possível operar uma resistência política desde dentro do dispositivo? Saíremos dele, então, para, com a arte, montar um outro jogo. O conceito de "romance histórico" criado pela literatura de Toni Morrison será explorado, em suas propostas de tensão entre o real e a ficção que problematizam a representação e a noção de autenticidade e testemunho. Por sua vez, as canções e o universo da música serão levados à sério como resistência política que abre mão da identificação. A literatura e a música serão convocadas para rachar os conceitos de representação, história, verdade, política, identidade e diferença, esvaziando-os dos sentidos que o dispositivo pele-rosto-DNA insiste em lhes fixar. Ciência e Arte serão tomadas enquanto duas políticas distintas e reunidas, nas condições criadas por essa tese, para pensar, de modo mais geral, a relação entre a linguagem e a vida.
O funcionamento das imagens, palavras e sons na comunicação faz parte do problema da impotência e da expropriação das forças criativas do humano que precisamos enfrentar com as mudanças climáticas. Ao reforçar a percepção de que imagens, palavras e sons são apenas descrições e representações de um mundo que está fora delas, as mídias estão implicadas na gravidade das alterações ambientais e das violentas lógicas que atravessam as relações dos humanos com a Terra, com as coisas-seres do mundo. Para interferir nesse contexto a partir de uma outra política da comunicação, a Sub-rede Divulgação Científica e Mudanças Climáticas, da Rede CLIMA, pesquisa experimentos interativos que visam explorar as potencialidades da comunicação com as mudanças climáticas enquanto uma questão vital. Trata-se de pensar como imagens, palavras e sons podem dar ao humano a mais intensa potência de existir através de novos modos de dizer, escrever e pensar.
Con cada nuevo libro de la Colección Ciencia en Sociedad, clacso y ciccus insisten en abrir un espacio de ideas y debates alrededor de la ciencia y la tecnología contemporáneas. La Colección honró en vida a Félix Gustavo Schuster y lo hace desde 2017 a su memoria, en tanto el maestro que en su obra y sus inolvidables clases analizó la ciencia como una empresa contextualizada y colectiva, donde lo epistémico y lo social se presentan indisolublemente unidos. Encrucijadas Interdisciplinarias reúne las reflexiones y búsquedas de científicos sociales latinoamericanos que transitan desde hace años contextos colaborativos de investigación y acción. En ellos la meta de producir conocimiento a un tiempo robusto y socialmente relevante constituye un desafío cotidiano. Las 10 Encrucijadas interdisciplinarias: cruces y encuentros en América Latina
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
hi@scite.ai
10624 S. Eastern Ave., Ste. A-614
Henderson, NV 89052, USA
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.