Resumo: A realidade das Comunidades Terapêuticas é usualmente discutida pela perspectiva da falta de ações estatais no campo da saúde mental para o enfrentamento do chamado “problema das drogas”. O objetivo deste artigo, no entanto, é analisar a existência desses projetos, em sua maioria religiosos, não como equipamentos que cobrem a ausência do estado, mas como espaços acessados por sujeitos cujas vidas são atravessadas pelo excesso de intervenções estatais no campo da justiça e da segurança pública. O presente trabalho procura assim refletir sobre o tema das Comunidades Terapêuticas a partir da perspectiva do tratamento estatal ao “problema da violência”, e como nesse contexto articulam-se projetos religiosos e seculares dedicados ao controle e ao cuidado das populações das periferias urbanas.
Em uma tarde de domingo no começo da primavera, no dia 24 de março de 2019, fomos recebidos por Mattijs van de Port em sua casa para essa entrevista. Doutor em Antropologia pela Universiteit Utrecht, ele é professor de antropologia tanto da Vrije Universiteit Amsterdam como da Universiteit van Amsterdam a qual, aliás, é possível ver da janela da sua sala. A conversa de mais de uma hora sobre sua trajetória como pesquisador e cineasta aconteceu ao lado de uma rede, entre imagens de santos, de orixás, de marinheiros, e na partilha de tortas vindas de Maastricht, sua cidade natal.
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