As narrativas da conquista da América Portuguesa notabilizaram-se pelo registro das características fundamentais da natureza tropical e pelas descrições dos hábitos e dos costumes dos povosDurante a conquista e a colonização da América Portuguesa, os contatos entre o europeu e as civilizações ameríndias deixaram inúmeros registros das crenças e lendas destes povos, em particular daqueles relativos aos seres que habitavam as matas e as águas. Muitos depoimentos perduraram até o presente como testemunhos da mitologia das diversas nações indígenas. Alguns destes registros são sobejamente conhecidos pois acabaram sendo incorporados ao fabulário brasileiro -as lendas do Curupira e do Boitatá, por exemplo-enquanto que outros ficaram praticamente circunscritos à época da conquista e do início da colonizaçao. Este é o Revista de Indias, 2000, vol. LX, núm. 218 R. I., 2000, n.°218 * Os autores agradecem ao CNPq e à FAPESP por lhes terem fornecido os meios materiais para a realização deste trabalho.
RESUMO A expulsão do primeiro bispo eleito do Rio de Janeiro, em 1637, oferece ocasião para uma reflexão mais detida sobre as relações conflituosas entre os moradores da cidade e as autoridades eclesiásticas enviadas para cá. De fato, como o próprio bispo assegurou, foi seu insistente combate à escravidão indígena que causou seus dissabores. No entanto, numerosos registros históricos do episódio buscaram elidir a expulsão ou alterar significativamente seus motivos; como é o caso da monumental obra de Francisco Adolfo de Varnhagen, que vê no acontecimento um abuso do poder eclesiástico sobre as instituições civis. Esse tema criou memória que se expressa em um romance histórico publicado no século XIX. Em tempos mais recentes, o argumento abraçou os protestos da população local quanto à ação do bispo sobre temas da moral privada. Por consequência, um traço importante da cultura local - a escravidão indígena - sai do primeiro plano e mergulha no abandono e no esquecimento.
Os escritores de Portugal não se furtaram a representar as mulheres portuguesas durante a Guerra da Restauração (1640-1668). Essas imagens, baseadas em escritos de época, se apresentavam aos leitores com um sentido bastante específico e ligado aos objetivos dos diferentes partidários do golpe restaurador. Com o passar do tempo, elas mudam de significado e acabam se integrando na pauta própria dos debates de cada época específica. Assim, para o tempo de agora, cumpre destacar o papel da combatente feminina desta guerra personalizado em Isabel Pereira, mulher de Ouguela.
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