O presente trabalho foi apresentado no VII Graduação em Campo, evento promovido pelo Núcleo de Antropologia Urbana da USP. Gostaríamos muito de agradecer à debatedora da mesa "Sou o que sou: corpo e identidade", Janaína Damasceno Gomes, doutoranda na referida universidade. Seus comentários provocaram muitas reflexões e possivelmente serão retomados em trabalhos posteriores. Introdução 1 Este artigo foi construído a partir de uma mistura de momentos, citações, interpretações ainda em processo de reflexão, discussões, risadas e cansaço. Queríamos colocar todas as frases que escutávamos e, assim, compor uma narrativa de vocábulos soltos, vozes soltas, tudo desconexo... Não conseguimos. O próprio texto nos deu uma rasteira e se escreveu ordenadamente, bem comportado. O campo foi sem rumo, a escritura não. Forjamos uma linearidade. As palavras que se seguem são, portanto, uma tentativa de conectar as frases vividas na experiência-correnteza do campo. "Eu conto pra vocês minhas histórias. E vocês fazem um resumo pra colocar no trabalho... Cê compreendeu?" Talvez tenhamos compreendido, Seu Tito. 2 Esta cartografia 1 conta histórias e memórias sobre o olhar, objeto de nossa pesquisa. Para compreender a configuração das percepções de mundo dos cegos em grandes centros urbanos e a maneira como suas interações ocorrem, fizemos uso dos seguintes métodos qualitativos: observação participante, conversas informais, trajetórias de vida e entrevistas temáticas.
Em 2002, o governo cubano publicou um documento que explicitava a necessidade de "reestruturar" o campo açucareiro. Dezenas de usinas foram, então, desarmadas e desmanteladas, deixando os bateyes sem aquilo que lhes trazia "vida" e "movimento". Neste artigo, intento apresentar como esse processo de "reestruturação" e, ao mesmo tempo, "deterioração" foi percebido, avaliado e ultrapassado pelas pessoas que foram diretamente afetadas por ele. Para tanto, conjugo, numa espécie de descrição por contraste e modulação de escala, as perspectivas do Estado -representada pelos programas de ação e pela construção de uma ideia de "eficiência"e dos moradores de diferentes áreas que viviam da produção de açúcar, para os quais a formulação de temporalidades e o manuseio de materiais aparecem como formas de reajustar um mundo rompido. Do início ao fim, demonstro como o açúcar, ausente, mas presentificado em arruinamentos, é uma substância de longa duração que produz paisagens e altera subjetividades.PALAVRAS-CHAVE: arruinamentos, espaços afetivos, batey açucareiro, Cuba. No hay vida: dismantling and permanence in Cuban bateyes In 2002Cuban government published a document that made explicit the need to "restructure" the sugar field. Dozens of mills were then disarmed and dismantled, leaving the bateyes without what brought "life" and gave "movement" to them. In this article, I intend to show how this process of both "restructuring" and "deterioration" was perceived, evaluated and surpassed by the people who were directly affected by it. I conjugate, in a kind of description built on contrasts, the perspectives of the State -represented by the programs of action and the construction of an idea of "efficiency" -and those of the inhabitants from different areas that made their living from sugar production, for whom the formulation of temporalities and the manipulation of materials appear as ways of readjusting a broken world. From beginning to end, I indicate how sugar, embodied in ruinations, is a long-lived substance that produces landscapes and modifies subjectivities.
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