I. CONSIDERAÇÕES INICIAISDentre outras possibilidades, costuma designar-se por "máscara" todo molde que se destina a cobrir o rosto de quem o põe, dessa forma camuflando-o diante de olhos externos, que, ao veremlhe a aparência -falsa -, não o reconhecem como é.É exatamente assim que as teorias democráti-cas apresentam-se-me: uma espécie de personagem do antigo teatro grego, a cuja disposição estão os mais controvertidos disfarces, de modo que aos espectadores só resta uma visão distorcida (ou, quando muito, incompleta) da real essência que a constitui -a democracia.De fato, as infindáveis discussões que permeiam a teoria democrática parecem não deixar margem a outra conclusão senão a de que a democracia, questão central nos estudos teóricos e empíricos da Ciência Política contemporânea, ainda não se despiu de suas máscaras. Que o digam aqueles que julgaram haver conseguido defini-la, desnudando-a por completo de seus meandros.Quando atribuo às teorias democráticas a metáfora da máscara quero com isso dizer que, em minha concepção, nenhuma teoria que até hoje se formulou sobre a democracia conseguiu apreender-lhe, satisfatoriamente, o significado e as reentrâncias -aí também se incluindo o modo pelo qual ela plenamente se efetiva ou, ainda, pode ser 1 Minha sincera gratidão a Flávio da Cunha Rezende e a Marcus André Melo pelos comentários e sugestões que lapidaram a versão original do texto.
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