Cabo Verde aparece na memória social e nas práticas de pessoas cabo-verdianas enquanto um território atravessado e costurado pelas mobilidades a outros territórios, desde Europa, Américas e África. Dos vários territórios possiveis, São Tomé e Principe foi e continua sendo narrado como um território impensável. As multiplas narrativas elaboradas sobre os cabo-verdianos em São Tomé e Principe, quer os que experimentaram o acontecimento do trabalho contratado, quer os descendentes dessa experiência atroz, foi inscrita numa chave de regime depreciativo, criando nesse processo de produção de verdades, tentativas de silenciamento de vidas e narrativas que não importam. Em recusa, esse coletivo mostra como, no seu quotidiano, cria múltiplas contranarrativas reversas às narrativas hegemónicas, sinalizando não somente que não cabe nessa história narrada e, que ainda se narra, como também vidas foram construídas. E, as artes culinárias constituem, também, um desses lugares onde tais contranarrativas são elaboradas.
Resumo Cabo Verde, localizado na costa ocidental da África, é reconhecido como país marcadamente migratório. Entre vários destinos das pessoas cabo-verdianas, a experiência migratória em São Tomé e Príncipe foi concebida e narrada como o retrato da “pior migração” cabo-verdiana, por reverberar a experimentação da escravidão e reforçar uma negritude renegada. À luz da forma como a prática musicocoreográfica tchabeta aparece mobilizada no quotidiano das pessoas cabo-verdianas e os descendentes em São Tomé e Príncipe, as musicalidades constituem um mecanismo de reterritorialização e criação de um território existencial no arquipélago santomense. O que está em jogo é uma reatualização dos vários cristais de tempo: um batuko reprimido e silenciado do tempo colonial/do branco para um tchabeta que permite outros espaços e outros modos existenciais no território santomense.
Resumo Batuko, gênero músico-coreográfico de Cabo Verde – país localizado na costa ocidental africana, criado pelos africanos negros escravizados, após a independência do país em 1975 – passou por um processo de revalorização e vem sendo visto pelas batukadeiras como possibilidade de se tornar um projeto profissional. Neste artigo, viso reconstruir as múltiplas dinâmicas sociopolíticas do batuko entrecruzadas com dois momentos socio-históricos e políticos da historiografia oficial de Cabo Verde, tendo como material as narrativas e trechos de vivências das batukadeiras do coletivo de São Martinho Grande, resultantes de pesquisa etnográfica realizada em 2008. O primeiro momento se centra no período pós-colonial, após a independência de Cabo Verde em 1975. E, o segundo, no período pós-abertura política com a democratização do sistema político-partidário a partir de 1991 e, com isso, a criação de bases para a revalorização e circulação das artes musicais tidas como tradicionais. Sinalizo que as narrativas das minhas interlocutoras permitem perceber não só o efeito das narrativas hegemônicas de conformação da identidade da nação nas suas vivências do batuko, mas também os efeitos nos modos como se inscrevem como mulheres batukadeiras e almejam o projeto profissional: vir a ser artistas profissionais.
O presente trabalho tem como propósito proceder à validação recíproca para a língua portuguesa da Toxic Leadership Scale e do Empowering Leadership Questionnaire. O conceito de empoderamento e o conceito de toxicidade na liderança são conceptualmente opostos, refletindo, respetivamente, efeitos detrimentais e desenvolvimentais nos colaboradores. Após os procedimentos técnicos de tradução (e retroversão) dos itens dos dois instrumentos, ambos foram aplicados a uma amostra de 408 trabalhadores portugueses de diversos setores de atividade. As análises fatoriais confirmatórias indicam um bom ajustamento às estruturas fatoriais originais dos dois instrumentos de medida. Os índices de precisão (precisão compósita e Alpha de Cronbach) mostram-se adequados. As correlações negativas obtidas entre as dimensões das medidas de liderança tóxica e de liderança empoderadora corroboram a oposição conceptual entre ambos os constructos. O estudo realizado fornece evidência empírica da validade das medidas de liderança tóxica e de liderança empoderadora, constituindo um referencial para a validação noutros países lusófonos.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.