Qual a função e o papel do gênero? Qual o significado do uso desse termo nãoapenas para os movimentos feministas, mas para a produção de conhecimento? Por que usar o gênero como categoria de análise para se pensar o “humano”? Busco aqui pensar, cerca de 30 anos depois da publicação do texto cânone de Joan Scott, o que significa usar o gênero como categoria de análise quando perspectivas como a decolonialidade nos mostraram que o gênero pode ser uma forma de colonialidade e pode produzir discursos que escondem a multiplicidade da vivência das relações fora do sistemamundo da colonial modernidade. Sustento ser o gênero uma categoria de análise capaz de desestabilizar o que é ser homem ou ser mulher apenas quando percebido não como uma categoria primária, secundarizando a raça, mas como categoria junto a ela produzida.
Porto Alegre • Volume 8 -Número 1 -p. 16-28 -janeiro-junho 2016 Corpos negros e as cenas que não viUm ensaio sobre os vazios de uma pesquisa criminológica situada Inspirado pela crítica realizada pela autora norteamericana bell hooks ao movimento feminista e à produção de conhecimento no feminismo acadêmico, este ensaio quer ser uma tentativa de autocrítica do trabalho acadêmico por mim produzido na área de criminologia e feminismo. A proposta -que tem olhos prospectivos e retrospectivos -é, assumindo a posição de mulher branca que produz conhecimento em um espaço acadêmico privilegiado, desconstruir esse conhecimento adquirido e produzido até aqui e iniciar a construção das bases de uma pesquisa que possa ser denominada interseccional e recolocar algumas perguntas para a criminologia com recorte feminista. Black bodies and the scenes i have not seen A paper on the voids of a situated criminological research Camilla de magalhães gomes Dossiê CrimiNologiA e FemiNismoPalavras-chave: feminismo; crítica; feminismo negro; criminologia. AbstractInspired by the critic performed by the north american author bell hooks to feminism and to the production of knowledge by the academic feminists, this paper means to be an attempt of self-criticism of the academic work produced by me in the fields of criminology and feminism. The proposal -which is done with prospective and retrospective eyes -is to, by assuming my position as a white privileged woman that produces knowledge in a privileged academic field, deconstruct this knowledge that I have built and produced so far and start building the foundations of a research that can be said intersectional.
Resumo: Os estudos decoloniais nos mostram que a colonialidade tem por dicotomia fundamental a divisão entre humanos e não humanos. Que processos, contudo, produzem ou preenchem essa oposição? No presente artigo buscamos discutir o sexo como produção discursiva que faz parte dos processos de distribuição de humanidade da colonialidade ocidental. Para isso, trabalha a noção de corpos falantes, como modo de romper com a ideia do corpo como tela em branco, natureza a que se imprime sentido por meio da cultura. Com isso, torna-se possível questionar o dimorfismo sexual e pensar na ampliação dos modos pelos quais atribuímos a linguagem do sexo e, assim, reconstruirmos a linguagem sobre os corpos para permitirmos mais, para podermos dizer que, apesar de só conhecermos os corpos por meio da linguagem, esses sempre a excedem.
Resumo Do que falam as/os Ministras/os do Supremo Tribunal Federal quando falam de gênero? A proposta deste artigo é analisar como o gênero aparece no discurso da jurisprudência da Corte Constitucional brasileira. A partir de um levantamento dos acórdãos que mencionam a palavra “gênero”, 24 decisões foram encontradas e seus votos foram examinados, à luz da teoria da performatividade, para tentar responder à pergunta. Três empregos principais foram destacados e os trechos foram separados e examinados de acordo com uma categorização desse uso (sexo e gênero; gênero masculino e feminino e identidade de gênero). Ao fim, uma análise sobre a produção normativa do gênero e a produção da relação entre ideal e cópia como produção da matriz heteronormativa de gênero é identificada no discurso examinado.
Resumo O propósito deste trabalho é pensar como as formas de teorizar sobre o corpo e o direito podem nos permitir fazer de outro modo o humano entrar no jurídico. Para essa operação, com a articulação performatividade-decolonialidade, dois termos da Constituição podem ser utilizados para realizar a (re)discussão dessa entrada do humano: no lugar de Estado, nação ou cidadania, o povo. No lugar de sujeito ou indivíduo, a dignidade da pessoa humana. Para esse artigo, foi escolhido trabalhar este último. Vale antes ter em mente que trabalhar o humano no jurídico é oscilar entre dois pontos: a universalidade e a individualidade. Em direitos humanos e fundamentais, especialmente, a teorização toma o humano como categoria universal sob consenso para estabelecer que direitos pertenceriam a esse. Toma o universal como parâmetro para lidar com individualidades. O que acontece quando confrontamos a noção de dignidade da pessoa humana dominante na teoria constitucional brasileira com a concepção dos processos de subjetivação como um processo corporificado nos marcos de raça e gênero? É essa a pergunta que nos trará uma releitura do referido fundamento da República.
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