Objetivamos neste estudo identificar os principais aspectos relacionados aos levantamentos etnobotânicos de plantas medicinais. Para o desenvolvimento da pesquisa foi realizada uma revisão integrativa com artigos científicos produzidos no Brasil, no período de 2010 a 2019. Foi verificado que entre os anos de 2014 e 2017 foram realizadas a maioria das investigações etnobotânicas (64,7%), e que estes trabalhos foram desenvolvidos predominantemente na região Nordeste (38,2%). Foi observado ainda, que o bioma mais estudado foi a Mata Atlântica (32%), seguido da Caatinga (26,5%) e as famílias de maior predominância foram, Asteraceae, Fabaceae e Lamiaceae. As folhas foram as partes das plantas mais usadas, e estas foram principalmente empregadas nos modos de preparo por infusão e decocção (16 e 13 citações, respectivamente). Os usos populares de plantas medicinais mais descritos estão relacionados aos tratamentos de afecções digestivas e respiratórias, seguidos de combates à inflamação e utilizadas como cicatrizantes. Estudos de revisão integrativa sobre levantamentos etnobotânicos de plantas medicinais são de grande valia para o resgate do conhecimento tradicional, para a bioprospecção racional da flora, e ainda, para ações de preservação ambiental nos diferentes biomas brasileiros.
A medicina popular é a soma do conhecimento, das habilidades e práticas de cura de diferentes culturas. Nesse contexto, este estudo visou identificar os benzedores que utilizam plantas medicinais em suas práticas, bem como, realizar um levantamento socioeconômico destes agentes populares de cura, no município de Guatambu (SC). A pesquisa foi realizada no perímetro rural e urbano, utilizando a técnica de snowball sampling (bola de neve), associada a um questionário semiestruturado. Como resultados, os agentes populares de cura são em sua maioria mulheres (72%), com atividades na agricultura (47%) e com idade de 60 a 71 anos (51%). A escolaridade apontou para o ensino fundamental (53%) e a constituição familiar com o cônjuge (75%). Foi observada a importância da religiosidade nestas atividades, destacada principalmente pela fé entre quem pratica, e quem recebe o benzimento. A prática do benzimento na maioria das vezes é aplicada para o tratamento de rendiduras/machucaduras (dores musculares) sendo aplicados geralmente, de forma gratuita. Os preparados à base de plantas medicinais são comumente produzidos por decocção, infusão ou xaropes, e podem auxiliam na renda familiar. Foi verificado ainda, a preocupação dos agentes em não ter a quem transmitir seus ensinamentos ao final da vida, devido ao desinteresse dos mais jovens. Esta investigação, contribui na valorização da cultura imaterial e do saber popular do município, bem como, na compreensão da relação dos indivíduos com o meio ambiente e sua importância na conservação da biodiversidade.
Este estudo objetivou realizar um levantamento etnobotânico de plantas medicinais utilizadas por agentes populares de cura (benzedores), no município de Guatambu (SC). A investigação foi realizada no perímetro urbano e rural, e foi desenvolvida utilizando a técnica de snowball sampling (bola de neve). A pesquisa revelou um quantitativo de 139 espécies de plantas, agrupadas em 57 famílias botânicas, com 298 indicações terapêuticas. A parte da planta de maior uso foi a folha (51%) e a planta com maior índice de concordância comum entre os agentes foi a raiz de Petroselinum crispum (Mill.) Fuss., (salsa), com 12 indicações (CUP de 75%). Na categorização farmacológica, as doenças imunológicas ganharam destaque (62 indicações de plantas), sendo acompanhadas pelo combate ao “amarelão” (43 plantas com FCE 0,69). Este estudo contribui para prospecção de produtos naturais, para a valorização da cultura imaterial e do saber popular, assim como, na compreensão da relação dos indivíduos com a biodiversidade.
A utilização de plantas com fins medicinais, para o tratamento, a cura e a prevenção de doenças, é uma das mais antigas formas terapêuticas da humanidade[1]. Como consequência, nas últimas décadas tem se observado um aumento significativo de pesquisas sobre as relações das comunidades com os recursos biológicos. Estes estudos têm contribuído para a recuperação de saberes, práticas e, também, servido para avançar no autoconhecimento sociocultural dessas populações. Abordagens científicas nessa direção, têm buscado compreender, dentre outros aspectos, como são utilizadas as plantas medicinais por comunidades que incluem, nessa vertente, as pesquisas etnobotânicas[2,3]. A etnobotânica tem sido definida como um estudo capaz de compreender as interrelações entre o homem e as plantas e, o modo como as plantas são utilizadas para os mais diversos recursos[1]. Permite um melhor entendimento das formas pelas quais as pessoas pensam, classificam, controlam, manipulam e utilizam espécies de plantas nas comunidades [4,5]. Trata de mostrar que existem práticas alternativas capazes de se tornar parte de um processo renovado e complementar para promover saúde. Meios, por vezes, não lucrativos e menos onerosos de cuidar do ser humano em sua totalidade[6]. Assim, a manutenção desse conhecimento por meio de gerações sucessivas, pode ser utilizada como uma ferramenta importante para os futuros estudos fitoquímicos, farmacológicos e toxicológicos bem como, para a conservação histórica e cultural[5]. No entanto, apesar da variedade de biomas que refletem a enorme flora brasileira, aliada uma miscigenação de etnias e enorme diversidade cultural, um número reduzido de comunidades tem desenvolvido pesquisas etnobotânicas, e são escassos os estudos que realizaram investigações acerca das práticas populares de cura. Nessa perspectiva, este trabalho objetivou realizar um levantamento etnobotânico de plantas medicinais no município de Guatambu (SC), com foco na relevância para as futuras pesquisas de bioprospecção nesta região de imigrantes inserida na Mata Atlântida.
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