O agronegócio da citricultura é um dos setores brasileiros mais competitivos. O Brasil detém 40% da produção mundial de laranja e 60% da produção de suco de laranja. São Paulo e Flórida dominam a oferta mundial, um caso raríssimo em se tratando de commodities agrícolas. O sistema agroindustrial citrícola movimenta R$ 9 bilhões por ano e gera mais de 400 mil empregos. O país exporta US$ 2,0 bilhões em suco de laranja, o que representa a fatia de 80% do mercado mundial (12).A primeira ocorrência do cancro cítrico (Xanthomonas citri subsp. citri) no Brasil foi em 1957, no município de Presidente Prudente, São Paulo (1, 5). Medidas de exclusão e erradicação foram adotadas nesse mesmo ano e foi iniciada uma campanha de erradicação do cancro cítrico, que permanece ativa até os dias atuais (11). Apesar dos esforços iniciais, a doença foi posteriormente encontrada nos estados de Mato Grosso do Sul e Paraná, em razão do comércio de mudas cítricas infectadas (1). Acredita-se que a introdução do cancro cítrico no Brasil tenha ocorrido alguns anos antes da primeira detecção, quando materiais propagativos foram importados da Ásia (14).Constantemente a campanha de erradicação do cancro cítrico é questionada por alguns setores governamentais, ou da própria citricultura, quanto à sua necessidade ou rigor. Como exemplo, argumenta-se contrariamente à campanha de erradicação adotada em São Paulo, que há outros métodos de controle efetivos e menos custosos que a erradicação de plantas doentes e das suspeitas de estarem infectadas. Embora representem uma minoria, os questionamentos são constantemente feitos a vários setores envolvidos direta ou indiretamente com a citricultura. Por isso, a presente carta objetiva demonstrar o sucesso e a necessidade da campanha de erradicação do cancro cítrico para o Estado de São Paulo.No Estado de São Paulo a legislação atualmente adotada concernente à erradicação do cancro cítrico data de setembro de 1999. A eliminação de todas as plantas dos talhões infestados é obrigatória quando a incidência de plantas doentes é superior a 0,5% (15). Para incidências iguais ou menores que 0,5%, as plantas doentes e as demais contidas num raio de trinta metros são eliminadas. Anteriormente a essa data, a metodologia de erradicação compreendia somente a aplicação do raio de trinta metros. Essa "nova" metodologia, válida somente para São Paulo, fez-se necessária em razão do incremento na incidência/ severidade do cancro cítrico após a introdução do minador dos citros (Phyllocnistis citrella Stainton -Lepdoptera: Gracillariidae: Phyllocnistinae) em São Paulo (13). Maiores detalhes podem ser obtidos em diferentes trabalhos de pesquisa recentemente publicados (3, 6, 7, 8, 10). Após a introdução dessa praga a adoção do referido raio de erradicação mostrou-se incapaz de conter a doença. A erradicação do cancro cítrico no novo patossistema Xanthomonas citri subsp.citri-citros-Phyllocnistis citrella é parcialmente possível, adotando-se o raio de trinta metros, quando da detecção de talhões recentemente infestados com a ...