Resumo Sylvia Molloy, ao ler a literatura latino-americana a partir do gênero autobiográfico, propõe que sua apropriação da cultura europeia se dê por meio de um saqueio voraz de seu arquivo. Perseguindo a ideia da crítica argentina, este artigo se propõe a ler esse procedimento de leitura voraz na obra do poeta nicaraguense Rubén Darío, enfocando um de seus poemas: “Caracol” em diálogo com outros poemas do autor, bem como busca compará-lo com trabalhos do cubano Julián del Casal, poeta coevo, com quem Darío partilha o interesse pela cultura francesa moderna. A partir da leitura dos poemas, mostra-se como o uso da tradição europeia funciona como estímulo para o encontro de uma literatura própria, em que a irreverência no uso do arquivo se impõe sobre a cópia.
Publicado em 1862, Mariluán, de Alberto Blest Gana, vem despertando o interesse da crítica literária desde o estudo de John Ballard, no qual a considerou como uma “novela olvidada” na trajetória do prolífico narrador chileno. Nosso artigo busca inserir-se no debate sobre o livro ao indagar os sentidos do romance em um duplo movimento comparativo: por um lado, consideramos as relações entre o romance e as polêmicas sobre as campanhas militares na região da Araucanía, no Sul do Chile; além disso, visamos aproximar o texto de romances contemporâneos à sua publicação que tratam da questão indígena e tiveram melhor acolhida em seus respectivos países. O movimento busca reavaliar o singular tratamento conferido por Blest Gana às complexas discussões sobre a assimilação dos indígenas à sociedade criolla, sem aderir aos termos com que o debate se colocava quando escreveu Mariluán, tendo lhe conferido o subtítulo de “crónica contemporánea”.
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