Nossa experiência e diálogo no interior do Programa de Pós-Graduação em Direito Agrário da UFG, entre 2014 e 2015, proporcionou considerações interessantes acerca dos problemas do medievalista e do pesquisador jurista ao lidar com fenômenos de posse e propriedade. Notadamente, observamos que ambos partilham a inquietação de lidar com os limites das ferramentas contemporâneas para construir uma compreensão das experiências dos sujeitos históricos, seja nos senhorios da Provença do Século XIII ou nas comunidades tradicionais do Brasil do Século XXI. A partir dessa inquietação, o presente artigo se propõe a delinear algumas possibilidades para se pensar aquelas experiências. Elas alicerçam-se na compreensão de conceitos como o de sentido social da propriedade e de agrariedade. Eles se revelariam fundamentais para superar a redução da diversidade dos fenômenos e das experiências de posse e propriedade às perspectivas e modelos da modernidade ocidental.
A comendadoria de Manosque, na Alta Provença, se constituiu para a Ordem do Hospital de São João de Jerusalém como uma casa de primeira importância. Nos decênios centrais do século XII, muitas doações dos condes de Forcalquier instalaram os Hospitalários à frente de um senhorio considerável, compreendendo, notadamente, a vila de Manosque e a plena jurisdição sobre a população. O manuscrito editado, um registro em papel de 135 fólios, é desconhecido dos especialistas tanto das ordens militares quanto da Provença medieval, pois foi reencontrado recentemente na biblioteca da ordem de Malta em Praga. Diferentemente das contabilidades conservadas, o mais frequentemente fragmentadas e tardias, ele apresenta, de modo contínuo, as contas semanais desta comendadoria entre julho de 1283 e maio de 1290. A edição propriamente dita é precedida de uma densa apresentação (considerações, história do manuscrito e estudo linguístico) e um glossário detalha os nomes comuns em latim e em vernáculo. Um exemplar notável para o estudo das contabilidades medievais
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