Troféus de guerra são uma categoria muito especifica de patrimônio, visto tratar-se de artefatos militares obtidos no campo de batalha e cujo valor cultural é aferido após sua apreensão. Prática recorrente desde a Antiguidade clássica, a obtenção e exibição de troféus de guerra nunca foi considerada ilícito internacional. Suas implicações para as relações internacionais, entretanto, podem ser significativas, consoante a valorização do artefato tornado troféu pelas narrativas historiográficas das sociedades que o perdem ou que o conquistam. Este artigo examina as singularidades do troféu de guerra como patrimônio cultural e sua relevância para as relações diplomáticas. A partir de três estudos de caso, aponta-se para possíveis paradigmas do uso desse tipo de patrimônio como recurso de política externa.
An analysis of Brazilian cultural diplomacy in the beginning of the military dictatorship (1964-1985) sheds light on the tensions that emerged between diverging interlocutors and different procedural currents on how the Brazilian State should project its message in the international system. Despite its efforts, the dictatorship was never able to pacify these conflicts, nor did it transform cultural diplomacy into regime propaganda. The coexistence of continuity and contradiction in cultural diplomacy suggests that it is a disruptive, inertial and erratic field.
Em 1853, o navio a vapor Pernambucana naufragou na costa de Santa Catarina com dezenas de tripulantes e passageiros a bordo. No calor da tragédia, um africano livre que trabalhava como carvoeiro na embarcação é responsável por um eloquente ato de heroismo. Simão Salvador, como passaria a ser conhecido, resgata a nado 13 vítimas do naufrágio, percorrendo incessantemente o trajeto entre a embarcação e a costa no meio da tempestade. Em pouco tempo, a saga do africano ganharia as páginas dos principais jornais do país, seria reconhecida por associações civis e pelo próprio Imperador, que o receberia em audiência formal no Palácio São Cristóvão. Este artigo examina a repercussão dos atos heróicos de um trabalhador negro livre no Brasil do século XIX e seus usos a favor e contra a campanha abolicionista da época.
A análise da diplomacia cultural brasileira nos anos iniciais da Ditadura Militar (1964-85) permite identificar tensões entre correntes defendendo procedimentos e interlocutores sobre como o Estado deveria projetar sua mensagem no sistema internacional. A despeito de seus esforços, a Ditadura não conseguiu pacificar completamente esses embates ou transformar a diplomacia cultural em mera propaganda do regime. A ocorrência de continuidades e contradições na área sugere ser a diplomacia cultural um campo disruptivo, inercial e errático.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.