Este trabalho apresenta uma leitura da canção “Prezadíssimos ouvintes”, de Itamar Assumpção e Domingos Pellegrini, gravada originalmente em 1985, no disco Sampa midnight — isso não vai ficar assim, de Itamar Assumpção — um dos nomes mais representativos da “Vanguarda Paulista” — cena musical bastante irreverente e criativa, que despontou inicialmente nos limites do pequeno teatro Lira Paulistana — também um selo de música independente, no qual Itamar Assumpção gravou seu primeiro LP, o Beleléu leléu eu, em 1981. O objetivo deste estudo é mostrar que, entre as diferentes estratégias utilizadas por Itamar ao longo de sua carreira, está um modelo composicional que privilegia a multiplicidade de vozes e de gêneros, estabelecendo, assim, diálogos com sua memória cultural e/ou afetiva, como veremos na canção abordada. A análise tem como base, sobretudo, as noções de voz e oralidade, de Paul Zumthor (2010); de “vozes plurais”, de Adriana Cavarero (2011); e canção e entoação, de Luiz Tatit, (2002).
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