Resumo O presente estudo objetivou conhecer a percepção de profissionais da saúde sobre o abandono e a entrega de crianças, assim como os motivos que levam uma mãe abandonar ou entregar o filho para adoção. Participaram desse estudo sete profissionais da saúde, com formação em técnico de enfermagem, enfermagem e medicina. O tempo de experiência das profissionais variou de cinco meses a 23 anos. Os dados foram obtidos através de uma entrevista semiestruturada, que abordou a opinião das participantes sobre o abandono e a entrega de bebês, bem como possíveis motivações para essa ação. As respostas foram analisadas qualitativamente, sendo obtidas três categorias: 1) Diferentes rumos: a entrega como abandono ou como cuidado; 2) Possíveis explicações para a decisão de entregar um filho para adoção e 3) Antes do abandono: fatores que permearam esse ato. Discute-se a influência de concepções sociais e de crenças pessoais sobre maternidade, a entrega e o abandono de crianças.
RESUMO -O presente estudo qualitativo objetivou compreender como profissionais da saúde de hospitais públicos manejam e conduzem os casos de mães que decidem entregar o filho para adoção. Entrevistas foram realizadas com sete profissionais da área de saúde. As profissionais relataram que a maioria das mulheres que entregaram seus filhos para adoção nessas instituições possuíam baixa condição socioeconômica e não tinham realizado um bom acompanhamento pré-natal durante a gestação. As entrevistas também demonstraram suas tentativas de convencer as mães a desistir de entregar seu filho, além de sua percepção de não possuírem preparo para lidar com esses casos. Dessa forma, torna-se necessário discutir esse tema junto às equipes de saúde, como também incluir na equipe profissionais da Psicologia e do Serviço Social que possam realizar o acompanhamento da gestante e da puérpera. ABSTRACT -This qualitative study aimed to understand how healthcare professionals of public hospitals deal with the case of mothers who decided to give their child up for adoption. Interviews were conducted with seven healthcare professionals. The professionals related that most of the women who gave their children up for adoption were from low-income conditions and they had not done a good prenatal care during pregnancy. The interviews also evidenced their attempts to convince mothers to renounce giving their children up for adoption, besides their perception that they do not have preparation to deal with such cases. Therefore, it is necessary to bring this theme into discussion in the health care teams, as well as including Psychology and Social Services professionals in the team, so that follow-up of the pregnant and puerperal women can be accomplished. Na realidade brasileira, existem muitos casos de mulheres que abandonam seus filhos em lugares perigosos e insalubres, expondo-os ao risco de morte (Motta, 2008). Se entregar o filho para adoção na maternidade é uma atitude prevista pela legislação brasileira, por que ainda há relatos de abandono dos filhos em lugares de risco? De fato, parece ser inaceitável socialmente o fato de uma mulher entregar seu filho. Essa ideia pode estar atrelada à existência de uma forte concepção de que as mulheres nascem com a tarefa da procriação e que não lhes cabe a decisão de exercer ou não a maternidade (Badinter, 1985). Todas essas concepções, estando as pessoas cientes delas ou não, permeiam os comportamentos, os valores e as decisões inclusive dos profissionais de saúde na sua atuação . Palavras KeywordsEstudos internacionais apresentam dados valiosos sobre os sentimentos das mães que entregam seus filhos para adoção e como elas percebem o sistema de assistência social que desenvolve o trabalho de atendê-las (Aloi, 2009;Condon, 1986;Najman, Morrison, Keeping, Andersen, & Williams, 1990). Muitos desses estudos apresentam o sofrimento vivenciado por elas em silêncio, pois esses sentimentos de luto e de perda não são acolhidos socialmente, tendo em vista que elas entregaram espontaneamente suas crianças....
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