Apresentamos resultados de uma pesquisa da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). Realizamos um mapeamento da produção do conhecimento da última década (2009-2019) junto à Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD) e ao banco de teses e dissertações da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), o qual constitui objetivo geral do texto. Com base na aproximação das pesquisas localizadas, concluímos que se faz necessário aprimorar estudos sobre o letramento para além do âmbito escolar, ou seja, uma proposta de investigação, como que propomos, ao se estudar o conhecimento matemático mobilizado pelas famílias constitui-se inovadora e promissora ao campo da Educação Matemática. Retratar contextos culturais de aprendizagem matemática da criança é um tema pouco explorado nos trabalhos defendidos e publicados nos últimos anos, dado que sinaliza para a relevância de investimentos nesta área.
Analisamos dados produzidos no contexto de uma pesquisa que buscou analisar práticas de numeramento/letramento matemático mobilizadas por famílias, em um contexto de ensino remoto, durante o auxílio nas tarefas escolas propostas pelas professoras durante a pandemia. Para este fim, apoiamo-nos nos pressupostos da abordagem netnográfica, de natureza qualitativa, em um movimento de interação com um grupo de mães pelo WhatsApp. O referencial teórico apoiou-se na discussão sobre letramento, letramento matemático e da relação família-escola, a partir da contribuição de estudos anteriores. Em termos de resultados, diante do contato interativo virtual com mulheres-mães de crianças dos anos iniciais do Ensino Fundamental, autodeclaradas como responsáveis no apoio ao ensino em casa, é possível concluir que estas utilizam diferentes estratégias na intenção de auxiliar seus filhos, a saber: recorrem ao cálculo mental; incentivam a adoção de esquemas de ação para as operações matemáticas (como contar nos dedos); e à tecnologia, ao reconhecerem a relevância da calculadora em situações cujo o cálculo busca o pensamento inferencial (conclusão esta possível ao dialogar com os pesquisadores). A experiência em xeque possibilitou ainda reconhecer a necessidade de compreensão dos contextos culturais familiares de aprendizagem matemática das crianças, no sentido de partir da realidade delas para a produção de sentidos e significados matemáticos nas práticas de letramento escolar.
Atualmente vivenciamos um momento histórico no contexto da sociedade em geral onde, frente à pandemia decorrente de COVID-19, muitas ações precisaram ser revistas, aprimoradas e projetadas de forma não presencial. Neste contexto, o objetivo do presente artigo centra-se na possibildiade de diálogo com dados de uma investigação, financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), sobre práticas/estratégias de numeramento/letramento matemático adotadas por famílias quando do momento de auxílio em tarefas escolares nos anos iniciais, dada implementação do ensino remoto em escolas públicas, particularmente em São Carlos-SP. O referencial teórico abarca estudos do letramento, numeramento/letramento matemático e a necessidade de conhecer contextos específicos em que habilidades e competências matemáticas são recorridas. A metodologia é de natureza qualitativa, de caráter descritivo-analítico, cujos dados são produzidos virtualmente em acompanhamento com as famílias por meio de grupos de WhatsApp e entrevistas virtuais. Dadas possibilidades do trabalho realizado, é possível concluir que: 1) usualmente as famílias recorrem à estratégias de visualização e/ou experimentação informais (ex: palitos, dedos, etc.); 2) há amplo incentivo do cálculo mental com as crianças; e 3) acesso à redes sociais e aos recursos de jogos online para auxiliar na exploração de aspectos na interação criança-mãe.
Pretendemos analisar, neste paper, saberes matemáticos mobilizados em estratégias de ensino adotadas por mães quando do auxílio nas tarefas escolares, especificamente de seus filhos, matriculados em turmas do ciclo da alfabetização (1º ao 3º ano) de uma escola pública localizada em São Carlos-SP. Fruto de uma pesquisa institucional, em termos de justificativa, destacamos a importância do conhecimento informal dos sujeitos letrados, muitas vezes baseado em ações que permeiam a vida cotidiana. Os dados foram coligidos a partir da abordagem qualitativa, por meio de entrevistas semiestruturadas virtuais, devido ao distanciamento social. Os resultados demonstram que estas mulheres-mães, ao que tudo indica, para além do ato da coragem de assumirem mais um afazer, em meio a tantos que se responsabilizam em seus lares, conseguem driblar as dificuldades e recorrem a estratégias fundamentais para pensar matematicamente, mesmo não sendo convencionais. A exemplo da prática de contagem nos dedos (visualização), fazer cálculos "de cabeça" (cálculo mental) e exploração de jogos na internet (recurso à tecnologia), tendências que buscam desenvolver autonomia na aprendizagem. Em síntese, identificar, descrever e analisar qual é o contributo central deste auxílio em casa para a aprendizagem matemática das crianças representa, na leitura interpretativa que fazemos deste momento histórico vivenciado desde 2020, enxergar os espaços dos círculos das "culturas matemáticas" que permeiam os lares brasileiros.
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