Resumo: O presente trabalho objetiva mostrar como a reforma agrária pode ser uma ferramenta de emancipação de trabalhadores rurais, diminuindo assim suas múltiplas vulnerabilidades que os tornam presas fáceis do trabalho escravo contemporâneo, que tem maior risco de ocorrer no meio rural. Para isso, será apresentado o caso do Projeto de Desenvolvimento Sustentável Nova Conquista II, localizado no município de Novo Mundo, em Mato Grosso. A terra que foi destinada para fins de reforma agrária já foi palco do trabalho escravo, tendo tido resgates naquele local. Hoje a mesma terra cumpre sua função social, acolhendo 96 famílias que dali tiram seu sustento por meio da produção de alimentos agroecológicos. É possível por meio deste artigo refletir sobre a relação do homem com a natureza, e em como o sistema capitalista no campo rompe com a possibilidade de uma relação harmônica. Já quando é possível que o acesso à terra se dê aos trabalhadores rurais vulneráveis a escravidão, estes a transformam em terra de trabalho e de produção da vida. Reflete-se ainda como a questão política e econômica do atual governo tem afetado a política de reforma agrária no Brasil.
Resumo Este artigo trata da manifestação do sofrimento social de trabalhadores no processo de reconhecimento/titulação de terras em assentamento para agricultura familiar em meio ao latifúndio e a monoculturas de soja e algodão, configurações hegemônicas do agronegócio no estado de Mato Grosso, Brasil. Na sociedade contemporânea, o sofrimento social emerge como uma categoria importante na vida das pessoas em razão da impossibilidade de acesso a bens e serviços por uma parcela da população. No mundo rural, o sofrimento pode estar relacionado à perda dos meios de produção, condicionada pela posse da terra. Este trabalho estruturou-se em busca de compreender como esse sofrimento manifesta-se em um grupo de trabalhadores rurais assentados no município de Campos de Júlio. Com esse objetivo, foram entrevistados oito trabalhadores que possuíam lotes no Assentamento Rural Nova Esperança. As reflexões apontam para disputas na ocupação e uma luta pela terra acarretadas pela configuração do agronegócio local, conflitos que repercutem na subjetividade dos trabalhadores da agricultura familiar. Por outro lado, a luta pela terra gerou união entre membros do grupo como forma de resistência às pressões externas ao assentamento. Mesmo imersos em um ambiente estrutural de opressão e de negação, lograram desenvolver estratégias de defesa frente ao sofrimento social, que fortaleceram o grupo de trabalhadores assentados.
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