O artigo aborda o valor do trabalho de invenção como forma de estabilização na clínica do autismo, a partir de um projeto de extensão universitária voltada a crianças em grave sofrimento psíquico, que tem a psicanálise como direção de trabalho e de tratamento. Durante esta vivência, podemos presenciar - a partir do acompanhamento do movimento dessas crianças - sujeitos que, por meio de suas manifestações particulares, buscavam produzir algo que estabilizasse sua desorganização psíquica. Assim, entende-se que o trabalho subjetivo implicado no ato da invenção - enquanto o ato que um sujeito realiza uma construção singular de elementos de sua história a partir de materiais já existentes - pode redundar numa estabilização e mediação com o campo do Outro por parte do sujeito, algo que foi possível observar nessa experiência clínica.
No abstract
A Associação de Travestis e Transexuais (ANTRA) indica que no Brasil há o maior número de mortes de pessoas transexuais, demonstrando que tal violência tem se agravado a cada ano e confirmando a necessidade de discussões com intuito de desconstruir os preconceitos em relação à transexualidade. Este artigo discute a transexualidade a partir da teoria psicanalítica e das teorias queer. Foi realizada uma análise documental da autobiografia do artista transexual Tarso Brant. Observou-se um diálogo profícuo entre os estudos queer e as produções psicanalíticas, principalmente nos debates sobre gênero e sexualidade na cultura. Esses aspectos permitiram aprofundarmos a noção de transexualidade e de gênero. Sustenta-se que a complexidade proveniente da história de Tarso abre possibilidades para a compreensão da vivência transexual, tendo em vista a aposta em dar visibilidade ao lugar de fala desse sujeito por meio de suas narrativas autobiográficas, o que aponta para o posicionamento político deste artigo. Abstract: The Association of Transvestites and Transsexuals (ANTRA) indicates that in Brazil there is the highest number of deaths of transsexual people, demonstrating that such violence is worsening and confirms the need each year in order to deconstruct prejudices in relation to transsexuality . This article discusses transsexuality from the point of view of psychoanalytic theory and queer theories. A documentary analysis of the autobiography of the transsexual artist Tarso Brant was carried out. A fruitful dialogue was observed between queer studies and psychoanalytic productions, especially in debates about gender and sexuality in culture. These aspects will make it possible to deepen the notion of transsexuality and gender. It is argued that the complexity of Tarso's story opens up possibilities for understanding the transsexual experience, in view of the bet on giving visibility to this subject's place of speech through his autobiographical narratives, which points to the political position of this article .Keywords: Transsexuality; Psychoanalysis; Gender; Queer Theory.
This paper is the result of observations made from children with autism during a university extension course performed between the Mental Health network and the Psychology Service. We investigated the Lalangue relationship with music and established its contributions to the autism clinic. To this end, studies on psychology and music were employed. We used some reports from professionals' experience and the work conducted with the extension group as material for investigation. The relationship of Lalangue with music is shown through the rhythmic games based on the presence or absence of sound during the time, bringing notable elements to the proper constitution of the participant, placing us before a diachrony, which is also present in Lalangue. Thus, we can say that studying this concept can help us understand the relationship of the primary participant with Another one, which is especially true in autism.
O trabalho articula psicanálise e música, buscando refletir como a dimensão da musicalidade está presente na constituição do sujeito. Considera-se que, primordialmente, a voz materna – através de uma construção sonora por meio de sua fala carregada de jogos fonéticos e ritmos – transmite ao Infans o convite para tornar-se sujeito e poder, assim, compor sua própria música singular. Para tanto, utilizaremos algumas contribuições teóricas do campo da música – que concebem esta última enquanto uma linguagem – visando pensar sobre as primeiras experiências sonoras vinculadas à musicalidade que existe desde os primeiros meses de vida. Estas nos servirão de subsídios para pensar como a musicalidade da voz materna transmite a linguagem que inicialmente se inscreve para além da significação, uma vez que o bebê antes de ter acesso à dimensão da significação capta e registra o que há de material na voz.
"Over the years, research has demonstrated that psychotherapy is an effective treatment in different psychopathological conditions. However, which are the mechanisms or processes involved in therapeutic change that could explain its efficacy are not yet clear. The Assimilation of Problematic Experiences Model describes change in therapy as a process that occurs through the gradual assimilation of problematic experiences in the self – higher levels of assimilation seem to be associated with a better outcome at the end of therapy. However, little is known about the contribution of this process to the maintenance of therapeutic gains after the end of therapy. In the current study we aimed to explore how the level of assimilation achieved throughout therapy is associated with relapse prevention after treatment. We analyzed two good outcome cases of Emotion-Focused Therapy, previously diagnosed with depression: one case that remained asymptomatic and another that relapsed one year and a half after the end of therapy. The Assimilation of Problematic Experiences (APES) was used to assess the assimilation levels achieved and the Beck Depression Inventory-II (BDI-II) was used to assess the intensity of depressive symptoms. Five therapeutic sessions and three follow-up sessions were rated using the APES. The results showed that higher APES levels were associated with lower intensity of symptoms at the end and after therapy termination, being associated with relapse prevention in depression. These results suggest that a complete assimilation of the problematic experiences may help clients to maintain therapeutic gains reducing the probability of relapsing in depression."
Esse artigo aborda a articulação entre os conceitos psicanalíticos de lalíngua e de voz, pensados a partir da clínica com sujeitos autistas. Com base nas vinhetas clínicas retiradas da literatura e da experiência de trabalho em serviços de Saúde Mental, busca-se investigar de que formas essas noções teóricas se apresentam primordialmente no ato de escuta e como estas podem indicar uma direção de tratamento no autismo a partir da música. A musicalidade da voz materna, por meio de uma ressonância que não se prende ao sentido, transmite uma invocação ao infans para que este advenha como sujeito, produzindo marcas a serem lidas. É necessário que tal invocação, para que possa ressoar no sujeito, ocorra primeiramente no campo do Outro, como forma de apelo. No autismo, no entanto, há impasses quanto à alienação aos significantes provenientes do Outro, sentidos como invasivos. Com isso, constatou-se que a introdução da musicalidade na clínica com esses sujeitos surge como possibilidade de deixar suas marcas, por se tratar de um elemento que permite mediação no âmbito da enunciação.
Segundo o Observatório de Pessoas Trans Assassinadas (TGEU, 2019), o Brasil é considerado o país com maior número de mortes contra sujeitos transexuais. Sabe-se que a permanência estrutural do preconceito direcionado a esse público possui o objetivo explícito de invalidar formas de viver justificado por argumentos de diversos tipos de intolerância, dentre elas, a religiosa, que tem ganhado cada vez mais espaço na representatividade parlamentar brasileira. A partir disso, pretende-se investigar os efeitos do preconceito proveniente da intolerância religiosa direcionada a sujeitos transexuais. Para tanto, foi realizada uma análise exploratória das políticas públicas direcionadas ao público LGBTQIA+ e uma reflexão crítica sobre as formas possíveis de resistência diante dessa problemática, apontando a arte como uma dessas possibilidades. Argumenta-se que a arte pode ser uma forma de resistência potente, tendo em vista que se trata de uma linguagem que permite o debate justo, igualitário e democrático no âmbito político, social e cultural, além de servir como forma de empoderamento de artistas LGBTQIA+, visando legitimar seus trabalhos e narrativas. Nesse sentido, aposta-se que o presente trabalho pode movimentar discussões importantes, capazes de deslocar práticas discursivas preconceituosas e construir formas de resistência que permitam reordenar racionalidades fixas e estáticas.
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