Resumo: Nos últimos anos tem se acirrado o debate em torno dos agrotóxicos no Brasil. De um lado, tem-se a rede ligada ao agronegócio e de outro, diferentes entidades preocupadas com a segurança alimentar e a saúde pública. O artigo objetiva compreender as formas como estão estruturadas as relações entre os atores em cada uma dessas redes e entre elas, identificando essas estruturas e apontando para suas características e formas de atuação. Utilizou-se análise documental de leis e decretos, notícias de jornais e sites para traçar as narrativas e as trajetórias de atores em relação a essas políticas e entre si. Os resultados mostram que a rede do agronegócio é estável e típica de uma comunidade política bem integrada e estruturada. A rede oposta tem grande heterogeneidade de interesses e membros, mais frágil e menos estável, mas que ainda assim vem se utilizando da opinião pública para pautar sua agenda.
A política de desenvolvimento territorial no Brasil firmou-se, mais especificamente, a partir do lançamento do Programa Territórios da Cidadania, em 2008. Entretanto, essa perspectiva começa a dar seus primeiros passos ainda no final dos anos 1980, quando uma série de atoreschave e experiências se consolidavam no campo do desenvolvimento agrário internacional e nacional, buscando repensar o papel do desenvolvimento no meio rural.É importante destacar que esses atores no âmbito nacional, muitos deles influenciados por uma "militância múltipla" (MISCHE, 1997), começam a unir forças nos anos 1990 e nos anos 2000 começam a ocupar cargos na burocracia estatal, com a vitória de Luís Inácio Lula da Silva. As origens dessas ocupações são reflexo do vínculo entre vários militantes com o Partido dos Trabalhadores (PT), mesmo que não se restrinja somente a ele. Mas percebe-se nesse momento que o governo federal, através de sua Secretaria Nacional da Presidência da República, promove e/ou assume, com forte protagonismo, uma série de iniciativas no sentido de ampliação do diálogo com a sociedade civil e a definição da "participação" como política de Estado e "método de governo" (GOMES; MOURA; SILVA, 2016). O ponto de vista assumido é que esses atores se inserem em comunidades de políticas públicas (policy communities), uma vez que "se constituem a partir
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