O presente artigo tem como objetivo, a partir de uma revisão bibliográfica nas principais referências da área etnocêntrica e decolonial nas ciências no Brasil apontar caminhos para a educação em ciências naturais, abordando as relações étnico-raciais como eixo norteador. Neste sentido, revisamos a literatura das teorias decoloniais com o intuito de compreender do que se trata o processo de descolonização de saberes, bem como de compreendermos o que nos trouxe até este estágio epistêmico, cosmogônico e global eurocêntrico que reduziu nossas existências e produções intelectuais a um padrão de referência único e universalizado. Para tal, apresentamos produções científicas africanas pré-diaspóricas, bem como cientistas contemporâneos que destoam desses padrões socialmente impostos, visando ampliar a imagética acerca da noção de ciência e pautar a importância de se discutir representatividades diversas nos espaços de poder, dentre eles o de produção acadêmica. Ressalto que a escrita deste texto se dará em afro perspectiva por meio da proposição teórico-metodológica cunhada pela escritora Conceição Evaristo, denominada escrevivência. Por esta razão imprimo nestas palavras o que leio, penso e sinto. Realizo não só formulação e reformulações a partir de outros e outras, como também parto deste meu lugar de mulher negra brasileira nordestina que atua na área de Ensino de Química.
Este ensaio busca trazer reflexões sobre a construção do sistema de verdades no qual se fundamenta a Ciência Moderna e Contemporânea e, mais especificamente, como o ensino de ciências, que sempre foi pautado numa lógica científica branca que nega o conhecimento produzido por corpos negros, posiciona-se nessa discussão negacionista do “outro”. Argumentamos que, no que concerne à própria estruturação da argumentação científica e de seu status quo, a Ciência Hegemônica — eurocêntrica e branca — é, por si só, um estado de pós-verdade para pessoas negras e suas epistemologias. As atuais preocupações da comunidade branca de ensino e divulgação de ciências, em relação ao negacionismo científico e à construção de narrativas que negam as produções da ciência branca, desconsideram que esse sempre foi o comportamento que tiveram com as epistemologias negras e os conhecimentos "estrangeiros". Ao longo do texto, trazemos exemplos de conhecimentos que são tidos como fatos objetivos e, no entanto, são fatos produzidos por uma comunidade racista e segue sendo reproduzida na educação em ciências, contribuindo com a perpetuação do racismo antinegro em nossa sociedade.
Resumo: O presente artigo propõe um debate sobre as relações filosóficas - ontológicas e epistemológicas - e político-pedagógicas entre a Educação Ambiental, em sua vertente crítico-marxiana, e a Pedagogia histórico-crítica. Postula-se que, ao se embasar no materialismo histórico-dialético, a Educação Ambiental constitui-se em um aparato teórico e metodológico valoroso, especialmente por potencialmente desenvolver um ato pedagógico emancipador, transformador e crítico, além de apresentar relevante potencial heurístico no desvelamento dos aspectos ideológicos e político-ecológicos da crise socioambiental. A educação ambiental crítica alinhada à Pedagogia histórico-crítica poderia, portanto, desenvolver uma práxis desveladora de conflitos socioambientais, no contexto do ensino e da aprendizagem escolar. Busca-se argumentar sobre a relevância da Pedagogia histórico-crítica na proposição de uma práxis de ensino que utilize a mediação didática como via de ajuste de conhecimentos científicos à realidade da sala de aula e à realidade sociocultural do estudante, em especial no tocante à relação sociedade e ambiente.
O presente trabalho traz a trajetória de alguns cientistas negros e negras da área química que atuaram durante o Século XX, contrapondo as políticas separatistas de seus tempos. As atuações destes e destas cientistas serviram de exemplo de luta e resistência, além de contribuírem para a ampliação do legado afrodescendente no âmbito técnico e científico da humanidade. A análise das trajetórias desses cientistas foi feita sob a perspectiva do reflexo do racismo e racismo institucional no desenvolvimento de seus trabalhos e carreiras acadêmica e profissional. A partir deste estudo foi percebida a necessidade de reafirmar a imagem da população negra como uma população intelectualmente produtiva, redirecionando a centralidade da evolução e desenvolvimento tecnológico e científico de modo a mostrar a real face do desenvolvimento, plural, no que tange à etnia e gênero dos e das cientistas e produtores de tecnologias e conhecimentos pelo mundo. Palavras-chave: Racismo institucional. Cientistas negros e negras. Relações étnico-raciais nas ciências.
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