RESUMO: De uma perspectiva bakhtiniana, pretende-se mapear diferentes questões suscitadas pela aproximação entre literatura e morte. Constrói-se, assim, uma tanatografia do personagem que volta para existir, recordação de si para o outro e/ou na memória coletiva: Odisseia, Sátira Menipeia, Hamlet, Bobók e Memórias póstumas de Brás Cubas etc. Analisa-se uma imagem do cânone ocidental na perspectiva comparativista dialógica e, com isto, traça-se uma arquitetônica literária que extrapola os campos da citação e permite estudar variadas realizações discursivas da morte. PALAVRAS-CHAVE: tanatografia, literatura comparada, morte, dialogismo.ABSTRACT:This paper aims to map different issues raised by the approachement between literature and death from a Bakhtinian perspective. It forms a tanatography of the character who comes back from the dead, recalling himself to another and/or in collective memory: the Odyssey, Menipean Satire, Hamlet, Bobok and Posthumous Memoirs of Bras Cubas. It analyzes an image of Occidental canon in a dialogical comparativist perspective and thus draw a literary architecture that goes beyond the fields of quotation and that allows us to study various discursive achievements of death.
Resumo: Este trabalho assenta-se em conceitos fundamentais explorados pelo teórico da linguagem e crítico literário Mikhail Bakhtin, tais como dialogismo, polifonia, alteridade, carnavalização e liberdade. Dialogando amplamente com Bakhtin, além de seus intérpretes e pensadores, pretende-se estabelecer as bases teóricas para uma crítica polifônica da linguagem literária que teorize e problematize as incursões valiosas do autor russo para o pensamento do discurso romanesco e suas reverberações na Teoria Literária hoje. Congregando linguagem, literatura, antropologia e filosofia, os estudos bakhtinianos entenderam que a última palavra (felizmente) ainda não foi dita. Aqui, preconiza-se que a palavra romanesca tem suas origens no cinismo e nos gêneros dialogais da Antiguidade Greco-romana, estendendo-se para o gênero da prosificação do mundo e permanecendo inacabada no grande tempo da cultura. Esse sistema polifônico de crítica procura ler, na própria poética literária, caminhos para a construção do exercício crítico literário autônomo e respondível, conforme estilizado e realizado na literatura, bem como na práxis da vida humana. Palavras-chave: Dialogismo. Polifonia. Romance. Crítica Polifônica.
O presente trabalho se dedica às composições O Crocodilo (1864), Memórias do subsolo (1864) e Bobók (1873), de Fiódor Dostoiévski. A escolha dos títulos decorre do mapeamento de um escritor em formação e a sua utilização do riso e da tradição do diálogo dos mortos para consolidar sua prosa de deformação. A partir da ideia de catábase – cunhada na Antiguidade – abordamos os preceitos sobre catábases, estudados como “viagens aos infernos”, pelo helenista Eudoro de Sousa (2013) e a teoria da Tanatografia, referente à “escrita de morte” (SILVA JUNIOR, 2008; 2009), para que se examine essa prosaística do subsolo tecida pelo autor de Os Demônios em uma década crítica para a política e economia russa. Tendo em vista a linhagem sério-cômica, renovada por Mikhail Bakhtin (2002b), extraímos o fenômeno catabático localizado em gêneros sérios da antiguidade e apontamos suas repercussões semântico-estilísticas nos diálogos dos mortos em prosa. Na modernidade, desde as excursões pantagruélicas, os volteios shandyanos, até a consolidação da polifonia dostoievskiana no século XIX, a decomposição biográfica surge neste panorama como modus operandi do fenômeno que leva à autoconsciência narrativa (self-consciousness genre). Guiados por esses cruzamentos, traçamos um paralelo entre a tradição catabática e as obras tanatográficas de Dostoiévski para compreendermos, finalmente, de que modo o ser subterrâneo, em tais narrativas, empreende transposições liminares em linguagem carregada de humor e de cinismo-filosófico, tão característicos da prosa de deformação.Palavras-chave: Catábase. Decomposição biográfica. Tanatografia
A fusão da gargalhada desfigurante com uma negatividade cética discute o
que há de mais significativo para o homem: a existência. A morte romanceada
dialoga com a catábase homérica, com a sátira menipeica, com o banquete nos
velórios medievais, com a alegria abundante em Rabelais, com manifestações
da modernidade, incluindo o conto “Bobók”, de Dostoiévski. Ao convergir
liminarmente fantasia e realidade, Memórias póstumas de Brás Cubas rompe
com os limites do romance usual e anuncia uma linguagem galhofeira e
melancólica que decompõe as eternas contradi ções humanas
<span>Nesse artigo objetiva-se discorrer sobre as identidades territoriais Kalunga, da Comunidade Quilombola Rural Mimoso em Tocantins. Amparados pela geografia cultural, realizamos observações em pesquisas de campo, estudo bibliográfico e análise de narrativas. Utilizamos de metodologias qualitativas e tecemos reflexões acerca das relações dos Kalunga com o espaço social produzido. Acreditamos que as narrativas orais, advindas da tradição oral e compartilhada entre as gerações por meio da memória, formam o vínculo temporal com o passado e com o local onde os sujeitos Kalunga vivem. Portanto, entendemos que os aspectos imateriais, com base nas narrativas orais, são elementos relevantes para a configuração das identidades territorial, da comunidade em questão.</span>
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