Resumo O objetivo deste artigo é traçar um panorama das múltiplas possibilidades de intervenção do movimento cartonero, uma rede internacional formada por editoras independentes que utilizam o papelão reciclado para a confecção das capas de seus livros. A partir da apresentação do contexto histórico no qual surge a pioneira Eloísa Cartonera - uma editora artesanal que emprega catadores de papelão e indivíduos à margem da sociedade para editar obras de autores iniciantes ou de grandes nomes da literatura latino-americana - o texto traz uma reflexão sobre a potência criativa dos sujeitos alterizados e sobre os processos de assunção de voz dos subalternizados na periferia do capitalismo. Por meio de uma ampla coleta de dados em diferentes fontes (livros, catálogos, blogs, sites e entrevistas), buscou-se construir uma imagem mais complexa do universo das edições cartoneras e discutir o impacto da intervenção dessa rede cooperativa e solidária de editoras nos processos de reconfiguração do campo literário. Trata-se de um estudo descritivo que se baseou em diferentes experiências editoriais para tentar chegar a uma compreensão mais ampla da situação atual das disputas pelo domínio das máquinas expressivas da sociedade, em particular aquelas que tradicionalmente garantiram a produção e difusão de representações hegemônicas através do objeto livro.
A partir de um diálogo entre a Literatura Marginal ou Periférica e a produção discursivo-imagética do fotógrafo Bira Carvalho, morador da Favela da Maré, o presente estudo revela uma cena de produção simbólica onde o território da periferia enfeixa toda uma rede de representações a partir das quais se desconstroem preconceitos e estigmas, fortalecendo estratégias de pertencimento e processos identitários. Buscamos discutir mais particularmente o papel do recorte e a exploração do detalhe para a construção de um novo olhar na medida em que, nesse cenário de disputas simbólicas, o enquadramento da paisagem humana e social reflete figurações identitárias e o lócus do discurso. Tentamos ainda pensar em que medida uma obra bastante focada, com um recorte muito particular de um<br />mero detalhe do mundo da periferia, pode propiciar o surgimento de questionamentos das representações hegemônicas e dos preconceitos que orientam a forma de imaginar a favela.
En un momento en que continúan los operativos contra favelas y se realizan múltiples intervenciones urbanas en la ciudad de Río de Janeiro para albergar los Juegos Olímpicos y parte del Campeonato Mundial de Fútbol de 2014, destacándose la puesta en escena de una narrativa propia de un estado de guerra con unidades de élite de la Policía Militar, Policía Civil y efectivos del Ejército penetrando en comunidades apoyados por tanques y helicópteros de combate, parece importante intentar fugarse al encanto mediático y desplazar la mirada de la crítica a los discursos que representan la realidad desde el otro lado de la trinchera donde la ausencia del Estado y el domino del narco está generando otra forma de vida. Con una historia del proceso de formación y los cambios recientes de una de las más potentes manifestaciones culturales de las periferias latinoamericanas (el Funk Carioca) y el análisis de algunos aspectos destacados de un corpus formado por letras que incluyen los datos duros y sangrientos del mundo de la violencia armada, el ensayo, intenta dar cuenta de la importancia del Funk Prohibido o “Proibidão” para el estudio de la cultura popular contemporánea en Rio e intenta pensar, también, las metamorfosis por que pasa ese discurso en tiempos de “pacificación” de las barriadas populares cariocas donde las fuerzas del orden se comportan con los residentes a la manera de un ejército de ocupación. La articulación del discurso de lo “prohibido” y las crónicas de la ciudad con sus personajes criminales y simples habitantes de las regiones de exclusión y segregación permite pensar una textualidad nueva como lugar de escenificación de una ficción narrativa con poderoso papel para la sociabilidad de estos territorios. Leer estas músicas que cuentan las vivencias del mundo narco en la ciudad de Río de Janeiro (Brasil) aparece, así, como un intento de comprender el fenómeno no como un asunto policíaco, sino como elemento revelador de los procesos de representación desde abajo, desde los de abajo y sus propios balbuceos.
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