RESUMOOs anos 60, especialmente depois do golpe militar de 1964, marcam um momento de grande radicalização política nos discursos artísticos. Após uma década de considerável hegemonia do projeto construtivo, o ressurgimento da figuração, num primeiro momento, e a posterior influência das neovanguardas internacionais, levariam alguns artistas brasileiros a abrirem espaço, em suas produções, às efervescentes questões sociais e políticas nacionais. Assim sendo, e tendo em vista a inserção estético-ideológica das artes plásticas entre o golpe de 64 e o Ato Institucional número 5, este artigo propõe-se, em linhas gerais, a fazer um levantamento sumário de alguns dos aspectos estéticos, políticos e institucionais mais relevantes da história da arte no Brasil daqueles anos. Quanto aos aspectos institucionais, como se dirá, esse período corresponde a um momento inicial dentro do processo de reestruturação econômica e de fomento do mercado brasileiro de bens simbólicos, fenômeno este que terá seu auge, pouco depois, no "milagre brasileiro". No que toca aos aspectos políticos, a repressão e a censura presentes desde os primeiros governos militares acabam de certo modo por incentivar os mais diversos tipos de contestação dentro dos meios culturais em geral e do artístico em particular. E, finalmente, no que toca aos aspectos estéticos, um certo posicionamento ideológico -tanto frente à institucionalização da cultura quanto frente ao autoritarismo de um regime opressor -surge reelaborado poeticamente sob a forma de linguagem, criando uma espécie de fusão entre todos esses aspectos conjunturais, ao que sugiro a noção de religação, que aqui surge como viés de interpretação.Palavras-chave: arte e política; vanguarda; história da arte no Brasil.
Podem as manifestações visuais, e no limite a própria visualidade, participar crítica e reflexivamente dos grandes debates do espaço público? Em linhas gerais, é justamente a crença nesse poder de intervenção crítica que manteve acesa, no caso das artes plásticas, uma intensa atividade pública, contestatória e coletiva das vanguardas brasileiras durante o regime militar, sobretudo em seus primeiros anos de vigência. E é a partir desse contexto histórico que este artigo pretende analisar algumas implicações estéticas e ideológicas presentes na obra Movimento estudantil 68, serigrafia de Antonio Manuel premiada no Salão Paranaense de 1968. Produzida em plena efervescência política do movimento estudantil, mas exibida ao público nos primeiros dias de vigência do Ato Institucional nº 5, Movimento estudantil 68 será aqui entendida como uma trama discursiva em que se cruzam história e visualidade.
RESUMO Este artigo analisa a relação entre criminalidade e arte contemporânea a partir do realismo traumático mobilizado na obra do artista visual guatemalteco Aníbal López durante os anos 2000. Para tanto, considera-se a ideia-limite do “crime como obra de arte” como um dos modos de elaboração poética do trauma na cultura contemporânea. A hipótese de fundo consiste em ressaltar a dimensão institucional dessa elaboração, ali incluída a crítica aos sistemas de produção e circulação da arte. Como se verá, parte da potência discursiva das obras de Aníbal López advém do choque deliberado entre dois contextos díspares: de um lado, o ambiente traumático de violência, criminalidade e pobreza da Guatemala dos anos 1990 e 2000; de outro, o contexto institucional do mundo da arte contemporânea globalizada, com seus ritos sofisticados, sua fauna exótica e culta, seus lugares próprios de exposição e legitimação.
<p>Este texto é um ensaio de interpretação a respeito do caráter “múltiplo” e “projetual” de determinadas obras de vanguarda a partir da “teoria dos regimes de imanência” de Nelson Goodman e Gérard Genette. Por hipótese, suporemos que a aceitação do chamado “regime alográfico” no âmbito das artes visuais tenha sido responsável, no contexto histórico das vanguardas, pelo surgimento de obras de arte “projetuais”.</p>
RESUMOPartindo da relação conflituosa entre a temporalidade das artes performá-ticas e a espacialidade dos museus de arte, este artigo analisa o caráter ritualístico da obra Situações Mínimas, realizada por Artur Barrio, no Museu de Arte Contemporânea do Paraná, em 1972, em Curitiba, no contexto dos Encontros de Arte Moderna.Palavras-chave: Artur Barrio; Encontros de Arte Moderna; arte brasileira. ABSTRACTBy considering the relationship between performance art and art museums, this paper analyzes the work Situações Mínimas which was proposed by Artur Barrio at the Museu de Arte Contemporânea do Paraná, in 1972, in city of Curitiba, during the Encontros de Arte Moderna.
A proposta básica desta pesquisa foi esboçar uma definição possível de reperformance, cotejando-a com a problemática geral da relação entre presença e arquivo no campo das atividades performáticas. Para tanto, considerou-se a eclosão histórica das reperformances, típica dos anos 2000, a partir da exposição Seven Easy Pieces, de Marina Abramović, com ênfase na análise de um caso-exemplar – a obra Seedbed – e nas eventuais aproximações e diferenças que esta manteve com a performance de “origem”, de Vito Acconci. Como resultado, propôs-se a noção de “redução arquival” como uma categoria central para a definição de reperformance, considerando-se suas potencialidades dialógicas, de ordem trans-histórica.
O objeto de pesquisa é o NovoMuseu, fundado em 2002, que passa a se chamar Museu Oscar Niemeyer no ano seguinte. Este museu inicia suas atividades com um acervo já formado, constituído com mais de 1000 obras e o foco da pesquisa está na constituição deste conjunto de obras, pois reuniu acervos de outros locais já extintos, como o Museu de Arte do Paraná – MAP, e os trabalhos reunidos em Salões ou doações de clientes do banco Banestado. Afirma-se no decorrer do artigo que o museu é híbrido por várias vertentes, especialmente pelo processo de formação do acervo cuja investigação através da história da cultura e da instituição artística encontra-se neste texto. Adiante, é apresentado um exemplo com duas obras da coleção juntamente com considerações sobre o uso do acervo como tática. Finalmente, conclui-se que o caráter híbrido do Museu Oscar Niemeyer é fundado na formação do acervo e que é preciso, como público, fazer novos usos diante das suas exposições e de sua arquitetura.
Este artigo investiga a relação entre arte de vanguarda e resistência cultural durante os anos 1970 no Brasil. Com a vigência do Ato Institucional Número 5 (AI-5), a generalização da censura, a institucionalização da repressão e os efeitos sociais do dito “milagre brasileiro”, a produção artística assumiu muitas vezes uma retórica crítica, ainda que eventualmente alegórica, em relação ao contexto autoritário. Mediante esse contexto, defende-se aqui que parte considerável da arte brasileira dos anos 1970 reagiu às pressões de seu entorno por meio de três modos elementares de resistência: a “fúria significante”, a “forma-festa” e a “contracomunicação”, cada qual relacionado a três emoções básicas: a raiva, a alegria e a ironia.
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