As mobilizações pelo direito à terra e a resistência dos Xukuru do Ororubá parte da invocação das memórias desse povo evidenciada pelo historiador Edson Silva no livro “Xukuru: memórias e História dos índios da Serra do Ororubá (Pesqueira/PE)”, publicado originalmente uma Tese de Doutorado em História Na UNICAMP (SP). O ponto de partida do pesquisador foi discutir as reivindicações dos Xukuru do Ororubá pelas terras com base nas memórias indígenas sobre a participação de indígenas na Guerra do Paraguai como voluntários ou recrutados compulsoriamente, o que garantiu, pelo Governo Imperial, o direito sobre as terras, como recompensa para ex-combatentes. No texto, desse ponto em diante foi estabelecido com uma conexão temporal vinculando a mobilização pelo reconhecimento como povo indígena, conquistado em 1950, com a instalação de um posto do Serviço de Proteção ao Indígena (SPI) na Serra do Ororubá, e o reconhecimento oficial sob a posse das terras com a promulgação da Constituição Federal em 1988.
Entre os anos finais da década de 1950 e início dos anos 1960, os trabalhadores rurais foram protagonistas de um tempo de grande convulsão social. Atuando nas Ligas Camponesas ou nos sindicatos rurais, os trabalhadores mobilizaram lutas que tinham como finalidade a conquista de direitos, alcançando melhores condições de vida e trabalho. Essas experiências foram registradas cuidadosamente pelas autoridades policiais do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS), que enxergavam nas mobilizações o desenvolvimento da ameaça comunista em Pernambuco. Dos registros policiais foi possível identificar a mobilização dos trabalhadores em Goiana, município da Zona da Mata Norte de Pernambuco. A partir da denúncia de incêndios nos canaviais das usinas pertencentes à Companhia Açucareira de Goiana, os investigadores policiais descreviam em seus relatórios a presença de “elementos perigosos” que contribuía para a “desestabilização da ordem” naquele município. Ao mesmo tempo, a análise dos registros policiais trouxe à luz a participação de protestantes nessas mobilizações sociais que, segundo a interpretação dos investigadores, promoviam uma nova modalidade de “infiltração comunista no campo”. Portanto, nosso objetivo repousa sobre a investigação da participação protestante nas mobilizações rurais em Goiana, enfatizando o papel dessas lideranças e sua aproximação com o debate sobre o Evangelho Social.
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