INTRODUÇÃOMicose sistêmica endêmica de grande interesse para os países da América Latina, a paracoccidioidomicose (PCM) é causada pelo fungo termo-dimórfico Paracoccidioides brasiliensis. Apresenta distribuição heterogênea, havendo áreas de baixa e alta endemicidade. No adulto, a forma clínica predominante é a crônica, mas quando acomete crianças ou adolescentes apresenta-se na forma aguda ou subaguda. Quando não diagnosticada e tratada oportunamente, pode levar a formas disseminadas graves e letais, com rápido e progressivo envolvimento dos pulmões, tegumento, gânglios, baço, fígado e órgãos linfóides do tubo digestivo.De acordo com dados de inquéritos epidemiológicos realizados com paracoccidioidina no Brasil, Venezuela, Colômbia e Argentina, acredita-se que em torno de 50% dos habitantes de zonas endêmicas tenham sido expostos ao agente desta micose. Felizmente, apenas uma proporção muito pequena de indivíduos expostos a P. brasiliensis desenvolve alguma manifestação clínica da micose. Esta micose representa um importante problema de Saúde Pública devido ao seu alto potencial incapacitante e à quantidade de mortes prematuras que provoca, principalmente para segmentos sociais específicos, como os trabalhadores rurais, que além de tudo isso apresentam grandes deficiências de acesso e suporte da rede dos serviços de saúde favorecendo o diagnóstico tardio. A faixa etária mais acometida situa-se entre 30 e 50 anos de idade e mais de 90% dos casos são do sexo masculino. Os indivíduos acometidos pela micose, usualmente encontram-se na fase mais produtiva da vida, sendo que a doença leva a impacto social e econômico.Este documento tem como objetivo estabelecer as diretrizes para o consenso da abordagem clínica, diagnóstica e tratamento da PCM, visando subsidiar os profissionais da saúde no atendimento primário e secundário da doença.
ECOEPIDEMIOLOGIANa natureza, P. brasiliensis apresenta-se como estruturas filamentosas contendo propágulos infectantes chamados conídios. Uma vez inalados, os propágulos dão origem a formas leveduriformes do fungo que constituirão sua forma parasitária nos tecidos do hospedeiro. Até recentemente, os humanos eram tidos como os únicos hospedeiros naturalmente infectados por este fungo. Atualmente, alguns animais foram encontrados portadores da infecção, como o tatu.Ao longo das últimas décadas, têm sido observadas notáveis alterações na freqüência, nas características demográficas da população atingida e na distribuição geográfica da PCM. Dependendo da região, a incidência se alterou, sem que se possam justificar totalmente as suas causas. É possível que o aumento da urbanização e melhoria do diagnóstico expliquem, em parte, estas alterações. Além disto, fatores ambientais decorrentes da abertura de novas fronteiras agrícolas, com a derrubada de florestas, sobretudo nas regiões Centro-Oeste e Norte, atingindo marcadamente a Amazônia, também contribuíram para o atual panorama da micose.
Como é adquirida a infecção por P. brasiliensis?O grande fator de risco para aquisição da infecção são as...