Esta dissertação está de acordo com as seguintes normas, em vigor no momento desta publicação: Referências: adaptado de International Committee of Medical Journals Editors (Vancouver).
A Ejaculação Retardada (ER) é um quadro pouco frequente para o qual não há consenso em relação ao tratamento medicamentoso. É fundamental que etiologias orgânicas sejam devidamente diagnosticadas e tratadas, como é o caso do hipotireoidismo, da deficiência androgênica e dos retardos devido à ação de medicamentos, dentre os quais, vários antidepressivos. Porém, muitos pacientes apresentam retardo ejaculatório e anorgasmia devido apenas a razões psicogênicas. Assim, o diagnóstico psiquiátrico é muito importante para a escolha da melhor abordagem medicamentosa para cada indivíduo. No caso clínico apresentado, o paciente tem sintomas de Transtorno da Ansiedade Generalizada (TAG) além do quadro sexual de ER, Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) e antecedentes de Impulso Sexual Excessivo. Foram devidamente descartadas todas as possíveis causas orgânicas. Portanto, o tratamento medicamentoso exigia drogas que agissem na ansiedade generalizada e no TOC não piorando a ER e, se possível, melhorando-a. Como a ação da serotonina no receptor pós sináptico 5 HT2A tende a inibir o reflexo medular do orgasmo, foi escolhida a Mirtazapina (anti 5HT2A). Esta também ajudou a melhorar sua insônia pelo efeito anti-histamínico. A Buspirona foi acrescentada devido ao fato de ser um ansiolítico de efeito dopaminérgico, o qual pode melhorar tanto o desejo sexual eventualmente prejudicado pela Mirtazapina como a própria ER.
Diagnósticos biopsicossociais, incluindo mecanismos de medicações, são importantes para o tratamento das disfunções sexuais. Um homem de 23 anos referia ser muito tímido e exigente consigo mesmo. Às masturbações fazia estimulação anal e apresentava ejaculação precoce (EP). Só tentou ter a sua primeira relação sexual há nove meses, quando teve disfunção erétil (DE). Desde então teve poucas tentativas, sempre com DE e EP. Estava com varicocele e espermograma alterado. Tem pai idoso e com dificuldades para deambular. Os diagnósticos foram DE, EP, fobia social, fortes traços obsessivos de personalidade, reação depressiva e excitação por estimulação anal pela qual tinha sentimento de culpa. O tratamento incluiu psicoterapia, Sertralina 25 mg, Diazepam e Sildenafila se necessário, além de exercícios sexuais e avaliação urológica. Foi sugerida cirurgia para a varicocele, mas esta não justificava as disfunções sexuais. Relutou em iniciar o tratamento e manteve a DE e a EP. Quando usou Sildenafila, não teve DE mas apresentou EP. Quando iniciou a Sertralina conseguiu o retardo ejaculatório. A Sertralina trata a fobia social e retarda a ejaculação pelo efeito da serotonina, melhorando a EP. Foi usada em dose bem baixa, mesmo porque inibe a libido. O Diazepam também causa disfunções sexuais, por isso foi evitado. Assim, com essas medicações associadas à psicoterapia passou a ter relações normalmente. Pouco tempo depois, suspendeu as drogas sem prejuízo da função sexual. Continuou a psicoterapia na qual foram trabalhados os seguintes aspectos: o sentimento de culpa em relação às fantasias de estimulação anal; a baixa autoestima; o medo de ser criticado; as fantasias em relação à varicocele e à perda de mobilidade dos espermatozoides; a auto cobrança excessiva e o fraco pai interno. Com a melhora da autoestima e da autoconfiança, passou a ter uma vida sexual saudável.
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