O século XX foi marcado pela ascensão do cientificismo nas esferas política, econômica e social. O Brasil havia acabado de se tornar República, e grupos disputavam a importante missão de construir uma nova identidade nacional. Munidos das novas produções mundiais, escritores como Monteiro Lobato estabeleceram contato com relevantes cientistas. Este artigo procura discutir questões relativas à figura do Jeca Tatu como peça fundamental no processo de criação de uma identidade nacional brasileira que faz saltar aos olhos uma cultura rural que se esmaecia com a fúria da ciência e do progresso almejado pelo novo regime político. Para tanto, tratamos das representações do caipira brasileiro feitas pelo autor, principalmente nas páginas de “Urupês” (1914) e “Problema vital” (1918). A análise das fontes revela que o escritor paulista se apropriou das discussões científicas em torno do homem e da natureza brasileira para construir seus projetos de identidade nacional.
Em muitos países é possível optar pelo aborto em caso de diagnóstico de anomalias fetais. Alguns intelectuais, como Peter Singer, Francesca Minerva e Alberto Giubilini, entendem e defendem, com base em uma visão ética utilitarista, que sob a mesma justificativa o infanticídio se torna moralmente correto. Tais filósofos são claros em suas conclusões, e é nesse contexto que o presente artigo propõe discutir algumas das consequências dessa visão de mundo. Utilizando o método bibliográfico, procuramos dar forma à discussão, apresentando o caso da Síndrome de Down. Aludindo à impossibilidade, sob a justificativa utilitarista, de defender o aborto e rejeitar o infanticídio, como proposto por Henrik Friberg-Fernros, apresentamos a perspectiva humanista, em diálogo com Jürgen Habermas e Hannah Arendt, como contraposição ao relativismo ético. Os autores deste artigo concluem que, se moralmente aceito, como forma de eliminação do sofrimento e garantia da qualidade de vida, o aborto seletivo abre caminho para a viabilidade moral do infanticídio.
Este artigo procura discutir algumas das passagens dispostas nos escritos de Monteiro Lobato que dialogam com posturas eugenistas. Para tanto, observamos mais de perto dois de seus textos: “O presidente negro” (1926) e “América” (1932). Veem-se reflexos dessas posições em cartas trocadas com Renato Kehl e Artur Neiva. As análises indicam a presença de concepções eugenistas ora associadas a uma perspectiva mais radical, ora mais próximas das práticas sanitaristas, à época em voga no Brasil. Em sua busca por levar o país ao progresso, o autor articulou perspectivas cientificistas comuns em seu tempo. É nesse sentido que procuramos fazer uma reflexão crítica sobre a circulação de ideias eugenistas e a construção do projeto de identidade nacional lobatiano.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
hi@scite.ai
10624 S. Eastern Ave., Ste. A-614
Henderson, NV 89052, USA
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.